sexta-feira, 27 de julho de 2018

Como não empobrecer o seu texto



 Algumas expressões não reconhecidas pela Gramática Normativa surgem (a mídia é uma das fontes) e são empregadas com frequência tamanha que acabam caindo nas graças dos falantes. E quando surgem na boca ou pelas mãos de jornalistas ou apresentadores de TV, os leitores/espectadores ficam com a certeza de que são adequadas, afinal, onde já se viu a TV errar?

Selecionamos aqui algumas expressões que “estão na moda”, mas que apenas empobrecem o texto, já que são absolutamente inexpressivas e desnecessárias:

1) A nível de

Embora muito empregada, a expressão não tem significado e geralmente é utilizada para preencher vazios vocabulares, passando assim a impressão de certo nível de erudição na fala. Podemos empregar em nível (= na esfera, no âmbito), como em Em nível estadual, não existe legislação sobre esse assunto. Ou ainda, ao nível (= na mesma altura), como em Aquela rua está ao nível do mar.

2) Colocar

Colocar é sinônimo de pôr. Para indicar que se vai apresentar uma ideia, estão disponíveis no idioma expor, propor, explanar, argumentar, esclarecer entre outros.

3) Gerúndio inadequado

É comum ligarmos para uma empresa para resolver um problema e ouvir um “estaremos resolvendo seu problema” ou “vou estar transferindo sua ligação”. Muitas pessoas empregam essa forma verbal que desloca o gerúndio para um tempo futuro, mas que é admitido apenas na língua inglesa, mas em português não é adequada, pois há um excesso de verbos auxiliares e o ideal é buscar a concisão.

4) Por conta = por causa

O modismo dessa expressão atinge o emprego de preposições simples e curtas – como com, contra, por e de – resultando no que um cronista chamou de “enrolação palavrosa” ou no popular neologismo embromation. Veja alguns casos em que a linguagem deveria se pautar pelo simples:

Fulana está deprimida por conta de separação (com);
Moradores protestam por conta da situação das ruas do bairro (contra);
O escritor foi processado por conta de plágio. (por);
Ele morreu por conta de câncer (de).

Nos casos acima, as construções ficariam mais claras, concisas e objetivas, se tivessem sido empregadas as preposições dos parênteses.


Acesso em: 27 de julho de 2018, às 20h17
 


sexta-feira, 20 de julho de 2018

Dicas de Redação




1) Não utilize todas as palavras do enunciado na sua introdução;

2) Não faça digressões: vá direto ao assunto;

3) Preferencialmente, utilize períodos e orações curtos;

4) Elimine as palavras supérfluas;

5) Use um tom impessoal na redação e um estilo culto, mas sem pedantismo;

6) Atente para a correta acentuação das palavras;

7) Utilize com correção os sinais de pontuação;

8) Evite sempre a fácil adjetivação, isto empobrece o texto;

9) Esqueça as expressões orais, os chavões, gírias ao produzir o texto;

10) Alterne os tempos da oração: isto enriquece a redação;

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Como concluir uma redação...



Fechando a nossa trilogia textual, vamos hoje refletir sobre o último passo da construção do texto dissertativo-argumentativo: a Conclusão, que representa o fechamento da redação, a síntese do ponto de vista do autor sobre o tema, – ou uma Proposta de Intervenção, caso do ENEM –, depois de ele ter exposto seus argumentos ao leitor de forma clara e consistente.

Se o ponto de vista – a tese – do produtor textual já aparece na introdução e de maneira implícita no desenvolvimento, na Conclusão que ele pode reaparecer como Reafirmação do Ponto de Vista, ou seja, utilizando-se de outras palavras, o autor irá asseverar o seu posicionamento frente ao tema.

Veja, por exemplo, a Introdução de um texto cujo tema é Os acidentes de trânsito no Brasil:

“A população brasileira vem convivendo atualmente com uma situação somente comparável a uma enorme tragédia: a impressionante estatística de acidentes ocorridos no trânsito. Números recentes, informados diariamente pela mídia, nos dão conta que nunca se matou tanto no Brasil como nos tempos atuais. Faz-se necessário que a sociedade brasileira tome uma séria e urgente providência com relação a este assunto.”

E a Conclusão desse mesmo texto em forma de Reafirmação do Ponto de Vista:

“Um país sério, uma sociedade responsável, órgãos de trânsito que se dizem competentes não podem conviver com essa situação. É imprescindível uma tomada de posição para que essa guerra não declarada chegue logo ao seu final.”

No entanto, alguns exames de avaliação ultimamente vêm exigindo dos candidatos uma Proposta de Intervenção para o tema que, tradicionalmente, se refere a um problema social.

E, a seguir, uma Proposta de Intervenção considerada excelente apresentada por um candidato para o ENEM, de 2011: “Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado

“... é essencial que nessa nova era do mundo virtual, os usuários da rede tenham plena consciência de que tornar pública determinadas informações requer cuidado e, acima de tudo, bom senso, para que nem a própria imagem, nem a do próximo possa ser prejudicada. Isso poderia ser feito pelos próprios governos de cada país, e pelas próprias comunidades virtuais através das redes sociais, afinal, se essas revelaram sua eficiência e sucesso como objeto da comunicação, serão, certamente, o melhor meio para alertar os usuários a respeito dos riscos de seu uso e os cuidados necessários para tal.”

Alguns professores e analistas textuais sinalizam para a necessidade de o produtor textual usar a "criatividade" ao apresentar uma proposta de intervenção... Convenhamos: em um ambiente normalmente tenso, no qual o candidato não sabe qual será o tema proposto, sugerir uso de criatividade, parece um pouco nonsense.

Seja qual for sua escolha para concluir a sua produção, atente para o fato de ela estar em sintonia com a progressão textual, no que se refere às ideias defendidas por você ao longo do texto.