Acolhimento necessário
Não é mais possível à
comunidade internacional fechar os olhos ao drama humanitário dos cidadãos
obrigados a deixar seus lares, sem a eles poder retornar, em busca de segurança
e vida digna em outros lugares. É preciso sensibilidade para se encarar um
problema que tem gerado situações extremas e que atingem cada vez maiores
dimensões.
Agora mesmo, em decorrência da passagem
do Dia Mundial do Refugiado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados (ACNUR) divulgou relatório apontando que uma em cada 113 pessoas no
mundo é refugiada, requerente de asilo ou deslocada interna – aquela forçada a
fugir de casa, mas que permanece em seu país de origem.
O número de obrigados a abandonar
suas casas já chega a 65,3 milhões, quantidade equivalente à população do Reino
Unido ou da França. O mais grave: metade delas é de crianças. É a primeira vez
na história humana que o patamar de 60 milhões foi ultrapassado.
São pessoas tentando escapar de
guerras, de opressão política, detenções arbitrárias, perseguições religiosas
ou simplesmente de vidas difíceis em países pobres e afetados pela pobreza. Em
desespero, muitas acabam recorrendo a traficantes de gente para transpor
fronteiras internacionais, em viagens perigosas e freqüentemente mortíferas.
Fechar fronteiras aos migrantes
não é solução para um problema humanitário de tamanha proporção. Até aqui a
comunidade global vem gerindo mal o inevitável movimento massivo de pessoas em
um mundo assolado por conflitos cada vez mais freqüentes e marcado por grandes
disparidades econômicas.
É
preciso buscar novos acordos mundiais para proteger os direitos dos refugiados
e dos migrantes. Como bem disse Filippo Grandi, o Alto Comissário da ONU para
Refugiados, tem de haver uma solução partilhada para um problema partilhado,
sendo a cooperação internacional o único caminho possível para se acabar com a
rejeição a pessoas que estão em perigo.
Jornal A TARDE.
Editorial. 25/06/2017