segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

 
                                    O Múltiplo
 
 

 

   

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O que pode um Artista!


Houvesse uma pesquisa, a fim de eleger a canção da MPB – Música Popular Brasileira, que melhor traduziu a grandeza da Língua Portuguesa, provavelmente, Língua, de Caetano Veloso, seria imbatível entre suas concorrentes.

Ao longo da letra da música, Caetano estabelece inúmeros diálogos  com as áreas da Música, da Filosofia, da Etimologia, da Literatura e da História para exaltar a nossa língua. Aqui, apresentamos como esses diálogos acontecem, ao mesmo tempo em que celebramos a genialidade de um grande mestre da MPB, hoje, 5 de maio, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura entre os países de Língua Portuguesa.

Sugerimos, à medida que você fizer a leitura da letra, a audição da música. Você pode acessar, por exemplo, o endereço http://www.youtube.com/watch?v=n2KttEYpURI.
É impressionante o que Caetano consegue fazer nesta obra-prima da MPB!


Gosto de sentir a minha língua roçar
a língua de Luís de Camões = aproximar o português brasileiro do português de Portugal.
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia = parte da gramática tradicional que se dedica às características da emissão dos sons da fala, como o acento e a entoação.
E uma profusão de paródias = um tipo de intertextualidade
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa = Fernando Pessoa, poeta português do séc. XX
Da rosa no Rosa = Guimarães Rosa / Noel Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior? = a amizade é superior ao amor, porque este já se encontra dentro daquela.
E deixe os Portugais morrerem à míngua = a Língua Portuguesa em vários países.
"Minha pátria é minha língua" = “Minha pátria é a língua portuguesa”, verso de Fernando Pessoa
Fala Mangueira! Fala! = escola de samba do Rio de Janeiro


  Flor do Lácio Sambódromo = “A última flor do Lácio”, poema de Olavo Bilac. Sambódromo é um hibridismo.
Lusamérica latim em pó = O português desaparecendo no Brasil.
O que quer
O que pode esta língua? = exaltação à Língua Portuguesa
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô (sugestão de Moreno, filho de Caetano, para o nome do disco) da dicção choo-choo de Carmem Miranda = cantora, dançarina e atriz
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate = escritor, cantor e compositor
E – xeque-mate – explique-nos Luanda = capital de Angola e a mais populosa capital lusófona do mundo.
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo = segundo Caetano, uma mania de certos repórteres da emissora terminarem as frases com “dele” e suas variantes.
Sejamos o lobo do lobo do homem = “O homem é o lobo do homem”, frase de Thomas Hobbes (1588 - 1679)
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, = (jornalista, ex-mulher de Lulu Santos) Glauco Mattoso (poeta marginal) e Arrigo Barnabé (cantor e compositor) e Maria da Fé (cantora de fado portuguesa, considerada expoente neste gênero musical)  


Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível 
Filosofar em alemão = afirmação atribuída a Heidegger, filósofo alemão (1889 – 1976)
Blitz quer dizer corisco = sinônimos de relâmpago
Hollywood quer dizer azevedo = holly (sagrado) + (wood) madeira; azevedo  (de "azevinho", esta madeira sagrada da África)
A língua é minha pátria = pai
E eu não tenho pátria, tenho mátria = um neologismo para a "mãe".
E quero frátria = irmão. Etimologicamente, subdivisão de uma tribo em Atenas e Esparta, confraria ou associação de cidadãos.
Poesia concreta, prosa caótica = Poesia vanguardista, de caráter experimental e basicamente visual.
Ótica futura
Samba-rap, chic-left (a esquerda elitizada) com banana
– Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô (gíria = tô cheio)
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique (primeiro verso da música “Mozambique”, de Bob Dylan – “Eu gosto de gastar um tempo em Moçambique”, que tem o português como língua oficial)
– Arigatô, arigatô!) = palavra japonesa erroneamente tida como de origem portuguesa.
Nós canto-falamos como quem inveja negros = a música é um canto-falado.
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem = bairro de Nova Iorque e grande centro comercial e cultural dos afro-descendentes.
Livros, discos, vídeos à mancheia = “Bem aventurados os que semeiam livros / livros à mão cheia e manda o povo pensar”, versos de Castro Alves.
E deixa que digam, que pensem, que falem = verso da música “Deixa isso pra lá”, sucesso de Jair Rodrigues, na década de 60.

Abraços Fraternos!

Paulo Jorge

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

As relações humanas são mediadas pelo ato de comunicação que envolve seus interlocutores em um contexto social específico e em determinado tempo histórico. Nessas relações, as pessoas se utilizam de recursos oferecidos pela língua para se fazerem compreender, enriquecerem seus discursos, vencerem seus oponentes, compartilharem suas emoções.

O pressuposto e o subentendido estão entre esses recursos linguísticos e são dois dos mais utilizados em nossa comunicação diária.  O pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre da presença de uma palavra, expressão ou frase (ou oração) no enunciado, seja ele falado ou escrito. Veja:

Ex. As chuvas continuam a atormentar a vida dos habitantes de Salvador.
De repente, os alunos entenderam os assuntos meio ambiente e vida saudável.
O jovem que se esforça progride.

Observe que no primeiro exemplo, a palavra “continuam” enuncia que os habitantes de Salvador passam por um transtorno que já vem ocorrendo há certo tempo. No segundo, a expressão “De repente” afirma que o entendimento dos alunos sobre meio ambiente e vida saudável se deu de forma rápida. Já a oração “... que se esforça...” informa que apenas jovens com essa característica terão sucesso na vida.

Já o subentendido é uma informação implícita, presente nas entrelinhas do texto, e precisa da participação do ouvinte ou do leitor para sua compreensão. No entanto, o autor do subentendido poderá ater-se ao sentido literal das palavras e negar que tinha tido a intenção de dizer aquilo que o ouvinte inferiu. Observe:

Ex. Fala do ex-presidente do Esporte Clube Vitória proferida alguns anos atrás em uma emissora de rádio de Salvador, Bahia: “O Vitória não é time refém de treinador.”

Ao enunciar que seu clube “não é refém de treinador”, o ex-presidente sugere que outro time é refém de treinador, uma vez que afirmação para essa negação é "Algum time é refém de treinador." Nesse caso, o ouvinte irá buscar, em seu repertório cultural, a resposta para a proposição. Chega, então, à conclusão que é o Esporte Clube Bahia o detentor de tamanha desventura, haja vista a rivalidade existente entre os dois clubes e não fazer sentido o sr. Paulo Carneiro se referir a outro clube de futebol.

Analisemos, agora, o texto sobre o lançamento de um CD, de Djavan, publicado no jornal A Tarde, em agosto de 2010: “Em última análise, o disco é um passeio emocional por um recorte específico e pessoal de suas memórias musicais. Imperdível. Para os fãs.”

O enunciado possui três períodos, e os dois últimos fazem despertar a atenção do leitor. Caso estivessem estruturados em um único período, a compreensão seria que os fãs se encantariam com o novo trabalho do cantor alagoano. E só, haja vista que a palavra "Imperdível" estaria diretamente ligada a "Para os fãs."  Mas, ao criar dois períodos para a informação final, o jornalista elimina a ligação com a frase final e  sugere – afirma! – que somente os fãs irão gostar do novo CD de Djavan. Mais ninguém. Inclusive ele!

Abraços,

Paulo Jorge de Jesus

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A Criatividade
 

 www.pensador.uol.com.br

Diz que, em 17 de novembro, celebra-se o Dia da Criatividade. Particularmente, não sabia que havia um dia dedicado a esta característica rara entre os mortais. E dentre as definições para a palavra “criar” que o dicionário Houaiss traz, a que mais gosto é “conceber, tirar aparentemente do nada, dar existência a,”. Como exemplo, o dicionário traz “Segundo o Gênese, Deus criou o homem e depois a mulher.”; enunciado não recomendável como argumentação para os tempos atuais.

Para reverenciar este dia, trazemos a adaptação altamente criativa de A cigarra e a formiga feita por Pedro Bandeira para o texto do escritor português Antônio A. Batista e cuja autoria atribui-se a Esopo.

Ótima Leitura!

www.imagick.com.br


Contrafábula da cigarra e da formiga

A formiga passava a vida naquela formigação, aumentando o rendimento da sua “capita” e dizendo que estava contribuindo para o crescimento do Produto Nacional Bruto. Na trabalheira do investimento, sempre consultando as cotações da bolsa, vendendo na alta e comprando na baixa, sempre atenta aos rateios e às subscrições. Fechava contratos em Londres já com o pé no Boeing para Frankfurt ou Genebra, para verificar os dividendos das suas contas numeradas.

Mas vivia também roendo-se por dentro ao ver a cigarra, com quem estudara no ginásio,  metida em shows e boates, sempre acompanhada de clientes libidinosos do Mercado Comum.

E a formiga vivia a dizer por dentro:

– Ah, ah! No inverno, você há de aparecer por aqui a mendigar o que não poupou no verão! E vai cair dura com a resposta que tenho preparada para você!

Ruminando sua terrível vingança, voltava a formiga a tesourar e entesourar investimentos e lucros, incutindo nos filhos hábitos de poupança, consultando advogados e tomando vasodilatadores.

Um dia, quando voltava de um almoço no La Tambouille com os japoneses da informática, encontrou a Cigarra no shopping Iguatemi, cantarolando como de costume.

“Lá vem ela dar a sua facada!”, pensou a formiga. “Ah, ah, chegou a minha vez!”

Mas a cigarra aproximou-se  só querendo saber como estava ela e como estavam todos no formigueiro

A formiga, remordida, preparando o terreno para a sua vingança, comentou:

– A senhora andou cantando na tevê todo este verão, não foi, dona Cigarra?

– É claro!– disse a cigarra– Tenho um programa semanal.

– Agora no inverno é que vai ser mau... – continuou a formiga com toda a maldade na voz. – A senhora não depositou nada no banco, não é?

– Não faz mal. Os meus discos não saem das paradas.  E acabei de fechar um contrato com o Olympia  de Paris por duzentos mil dólares…

– O quê?!– exclamou a formiga – A senhora vai ganhar duzentos mil dólares no inverno?

– Não. Isso só em Paris. Depois tem a excursão em Nova York, depois Londres, depois Amsterdam…
Aí a formiga pensou no seu trabalho, nas suas azias, na sua vida terrivelmente cansativa e nas suas ameaças de infarte, enquanto aquela inútil cigarra ganhava tanto cantando e se divertindo! E perguntou:

– Quando a senhora embarca para Paris?

– Na semana que vem…

– E pode me fazer um favor? Quando chegar a Paris, procure por um tal La Fontaine. E diga-lhe que eu quero que ele vá para o raio que o parta!

http://portaldoprofessor.mec.gov.br Acesso em: 14 de novembro de 2015, às 15h57.

Abraços Fraternos,

Paulo Jorge

domingo, 13 de dezembro de 2015


Como elaborar resumos

 www.brasilescola.uol.com.br

O resumo tem por objetivo apresentar com fidelidade ideias ou fatos essenciais contidos num texto. Sua elaboração é bastante complexa, já que envolve habilidades como leitura competente, análise detalhada das ideias do autor, discriminação e hierarquização dessas ideias e redação clara e objetiva do texto final. Em contrapartida, dominar a técnica de fazer resumos é de grande utilidade para qualquer atividade intelectual que envolva seleção e apresentação de fatos, processos, ideias, etc.

O resumo pode se apresentar de várias formas, conforme o objetivo a que se destina. No sentido estrito, padrão, deve reproduzir as opiniões do autor do texto original, a ordem como essas são apresentadas e as articulações lógicas do texto, sem emitir comentários ou juízos de valor. Dito de outro modo, trata-se de reduzir o texto a uma fração da extensão original, mantendo sua estrutura e seus pontos essenciais.

Quando não há a exigência de um resumo formal, o texto pode igualmente ser sintetizado de forma mais livre, com variantes na estrutura. Uma maneira é iniciar com uma frase do tipo: “No texto ….., de ……, publicado em……., o autor apresenta/ discute/ analisa/ critica/ questiona ……. tal tema, posicionando-se …..”. Esta forma tem a vantagem de dar ao leitor uma visão prévia e geral, orientando, assim, a compreensão de que segue. Este tipo de síntese pode, se for pertinente, vir acompanhada de comentários e julgamentos sobre a posição do autor do texto e até sobre o tema desenvolvido.1

Em qualquer tipo de resumo, entretanto, dois cuidados são indispensáveis: buscar a essência do texto e manter-se fiel às ideias do autor. Copiar partes do texto e fazer uma “colagem”, sob a alegação de buscar fidelidade às ideias do autor não é permitido, pois o resumo deve ser o resultado de um processo de “filtragem”, uma (re)elaboração de quem resume. Se for conveniente utilizar excertos do original (para reforçar algum ponto de vista, por exemplo), esses devem ser breves e estar identificados (autor e página).

www.passoapasso.com.br

Uma sequência de passos eficiente para fazer um bom resumo é a seguinte:

a) ler atentamente o texto a ser resumido, assinalando nele as ideias que forem parecendo significativas à primeira leitura;

b) identificar o gênero a que pertence o texto (uma narrativa, um texto opinativo, uma receita, um discurso político, um relato cômico, um diálogo, etc.)

c) identificar a ideia principal (às vezes, essa identificação demanda seleções sucessivas, como nos concursos de beleza…);

d) identificar a organização – articulações e movimento – do texto (o modo como as ideias
secundárias se ligam logicamente à principal);

e) identificar as ideias secundárias e agrupá-las em subconjuntos (por exemplo: segundo sua ligação com a principal, quando houver diferentes níveis de importância; segundo pontos em comum, quando se perceberem subtemas);

f) identificar os principais recursos utilizados (exemplos, comparações e outras vozes que ajudam a entender o texto, mas que não devem constar no resumo formal, apenas no livre, quando necessário);

g) esquematizar o resultado desse processamento;

h) redigir o texto.

Evidentemente, alguns resumos são mais fáceis de fazer do que outros, dependendo especialmente da organização e da extensão do texto original. Assim, um texto não muito longo e cuja estrutura seja perceptível à primeira leitura, apresentará poucas dificuldades a quem resume. De todo modo, quem domina a técnica – e esse domínio só se adquire na prática – não encontrará obstáculos na tarefa de resumir, qualquer que seja o tipo de texto.

1Resumos são, igualmente, ferramentas úteis ao estudo e à memorização de textos escritos. Além disso, textos falados também são passíveis de resumir. Anotações de ideias significativas ouvidas no decorrer de uma palestra, por exemplo, podem vir a constituir uma versão resumida de um texto oral.

http://www.pucrs.br/manualred/resumos.php
Acesso em: 9 de dezembro de 2015, às 19h44.

Abraços Fraternos!

Paulo Jorge
 Assaltantes!

www.escolakids.uol.com.br  

Um mosaico linguístico. É assim que podemos analisar e compreender a Língua Portuguesa, no Brasil, haja vista que as suas diferenças ocorrem devido a fatores específicos como região, sexo, idade, grau de escolaridade, categoria profissional dentre outros, que influenciam a dinâmica do Português Brasileiro; obviamente, além do seu aspecto histórico.

De forma humorística, o texto, a seguir, trata dos falares regionais da Língua Portuguesa, em nosso País. Aqui, o mais importante é compreender que essas formas linguísticas não devem ser vistas como erros, e sim variações, modos de falar que são tão legítimos quanto à forma Padrão do Português Brasileiro. Afinal, o que determina a escolha do modo de dizer, na oralidade, é o contexto social em que estão inseridos os seus interlocutores.

Boa diversão!

www.variacaolinguistica.wordpress.com
 
ASSALTANTE BAIANO

Ô meu rei… (pausa)
Isso é um assalto… (longa pausa)
Levanta os braços, mas não se avexe não… (outra pausa)
Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado.
Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa)
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado.
Não esquenta, meu irmãozinho, (pausa)
Vou deixar teus documentos na encruzilhada.

ASSALTANTE CARIOCA
Aí, perdeu, mermão
Seguiiiinnte, bicho
Tu te fu. Isso é um assalto
Passa a grana e levanta os braços rapá.
Não fica de caô que eu te passo o cerol…
Vai andando e se olhar pra trás vira presunto

ASSALTANTE GAÚCHO
O gurí, ficas atento
Báh, isso é um assalto
Levanta os braços e te aquieta, tchê!
Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê.
Passa as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.

ASSALTANTE MINEIRO
Ô sô, prestenção
issé um assarto, uai.
Levantus braço e fica ketin quié mió procê.
Esse trem na minha mão tá chein de bala…
Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje.
Vai andando, uai ! Tá esperando o quê, sô?!

ASSALTANTE PAULISTA
Ôrra, meu …
Isso é um assalto, meu
Alevanta os braços, meu .
Passa a grana logo, meu
Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra
Comprar o ingresso do jogo do Curintiá, meu . Pô, se manda, meu

ASSALTANTE DE BRASÍLIA

Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que no final do mês, aumentaremos as seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, Passagem de ônibus, Imposto de renda, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório, Gasolina, Álcool, IPTU, IPVA, IPI, ICMS, PIS, COFINS…

Abraços Fraternos!

Paulo Jorge

sábado, 17 de janeiro de 2015

                                                Um verso imortal!

Luiz Costa Pereira Junior, editor da revista Língua Portuguesa, conta, na edição de dezembro do ano que findou, a origem do texto Lacraia, de Manoel de Barros. Veja:

Em 2005, pedi a Manoel que me enviasse um texto sobre a sua relação com a palavra. Recusou-se a remeter o escrito via internet, que não era homem de lidar com essas coisas. Mandou, pelo correio mesmo, uma folha de papel almaço, ordenadamente datilografada e assinada, coberta pela tinta gasta da máquina, seus repuxos e saltitos de letra, o estilo refinado pela crueza de menino do mato.

Na capa da revista, há uma chamada: “Manoel de Barros Em texto exclusivo, poeta conta como criou um verso imortal.

Ótima Leitura!
Lacraia

Um trem de ferro com vinte vagões quando descarrila, ele sozinho não se recompõe. A cabeça do trem ou seja a máquina, sendo de ferro não age. Ela fica no lugar. Porque a máquina é uma geringonça fabricada pelo homem. E não tem ser. Não tem destinação de Deus. Ela não tem alma. É máquina. Mas isso não acontece com a lacraia. Eu tive na infância uma experiência que comprova o que falo. Em criança a lacraia sempre me pareceu um trem. A lacraia parece que puxava vagões. E todos os vagões da lacraia se mexiam como os vagões do trem. E ondulavam e faziam curvas como os vagões do trem. Um dia a gente teve a má ideia de descarrilar a lacraia. E fizemos essa malvadeza. Essa peraltagem. Cortamos todos os gomos da lacraia e os deixamos no terreiro. Os gomos separados como os vagões da máquina. E os gomos da lacraia começaram a se mexer. O que é a natureza! Eu não estava preparado pra assistir aquela coisa estranha. Os gomos da lacraia começaram a se mexer e se encostar um no outro para se emendarem. A gente, nós , os meninos, não estávamos preparados para assistir aquela coisa estranha. Pois a lacraia estava se recompondo. Um gomo da lacraia procurava o seu parceiro parece que pelo cheiro. A gente como que reconhecia a força de Deus. A cabeça da lacraia estava na frente e esperava os outros vagões se emendarem. Depois, bem mais tarde eu escrevi este verso: Com pedaços de mim eu monto um ser atônito. Agora me indago se esse verso não veio da peraltagem do menino. Agora quem está atônito sou eu.

Manoel de Barros
Abraços Fraternos!

Paulo Jorge