quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

A Arte de Descrever

 DESCRIÇÃO SUBJETIVA E OBJETIVA - ppt carregar

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De maneira general, descrever significa apresentar as características de seres materiais ou imateriais, humanos ou inanimados, de modo objetivo ou subjetivo.

De forma objetiva, utilizamos predominantemente substantivos concretos e com adjetivos pospostos, uma linguagem denotativa ou referencial, frases curtas, em ordem direta e visão imparcial sobre o ser descrito.

Observe:

“Tenho 14 anos. Sou morena, de olhos pretos e cabelos castanhos e encaracolados. Tenho 1,57m de altura e peso 54kg. Estudo no CEEP Isaías Alves, no turno matutino.”

Já subjetivamente, utilizamos essencialmente substantivos abstratos com adjetivos antepostos, uma linguagem conotativa com a presença da função poética da linguagem e uma visão parcial do ser analisado.

Veja:

 

“Eu não tinha esse rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim amargo,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo...”

Agora, observe um exercício de descrição proposto por um material de Leitura, Interpretação e Produção Textual, veiculado pelo Correio da Bahia, anos atrás:

“Escolhe-se um objeto qualquer, para descrevê-lo de forma mais sensorial possível, sem dizer de que objeto se trata. Utilizando a visão, o tato, a audição, o paladar e o olfato, a gente dá pistas ao leitor sutilmente, conseguindo, assim, treinar nossa capacidade descritiva e desalienar as automatizações que decorrem de substituirmos as características das coisas, dos objetos, pelos nomes que possuem. Os nomes classificam, organizam, traduzem o mundo, mas, ao mesmo tempo, podem torná-lo excessivamente rotulado, pronto, destituído de personalidade, de singularidade na maneira única e intransferível com que cada um de nós o percebe.”

O exercício, aqui, é você tentar descobrir qual ser ou objeto está sendo descrito. A resposta correta você encontrará no final deste texto.

Não vale a “pesca”, hein?!

Ex. 1

“Sou um material maleável, dobrável, que você pode levar para qualquer, lugar, usar no ônibus, no banheiro, deitado no sofá. Pode conter notícias, artigos e imagens, por exemplo.”       

Ex. 2

“Basicamente este objeto é um nariz, não muito pontudo. Pode assumir lugares variados, mas sempre estratégicos. Este objeto é uma janela por onde não se vê nada, uma janela que esconde os mistérios das estruturas. Um nariz tem dois buracos, mas este pode ter quatro ou até mais, depende do uso. A distância entre as narinas é padronizada. É a chegada de um intrincado caminho por onde transita o ar do homem moderno. É o sexo das paredes.”      

Ex. 3

“Este objeto pode ter vários cheiros, cheiros artificiais, químicos, novos, ou então do que mais gosto: aromas mágicos, assim como bolor, poeira, uma poeira de ideias, poeira fina que é gostosa de se tirar com os dedos, vendo a cor aparecer aos poucos, nítida, convidativa. Pra se apreciar esse objeto é preciso tempo, abri-lo devagar, ir consumindo lenta e preguiçosamente, até que o apetite se torne voraz e seja impossível largá-lo. Quando é consumido até o fim, ele se “renova” e ganha uma conotação saudosa, de tesouro bem guardado, do qual a gente às vezes se lembra e corre pra ver se está no mesmo lugar, se nos diz a mesma coisa.” 

 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

 

Resposta: Pela sequência, papel, tomada e livro.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Para escrever com coerência

 A coerência textual é um elemento essencial para a redação.

A Coerência é um dos aspectos fundamentais para a produção de textos competentes que consigam atender às intenções do autor ao produzir o texto e as do leitor ao buscar a leitura da produção textual, desta interação surge o significado do enunciado.

Segundo Ingidore Kock, "... a coerência como princípio de interpretabilidade, depende da capacidade dos usuários de recuperar os sentido do texto pelo qual interagem, capacidade essa que pode ter limite variáveis para o mesmo usuário depende da situação e para usuários diversos depende de vários fatores."

Para que você possa ampliar sua competência textual, no momento de escrever, siga algumas orientações que listamos, a seguir. Elas podem contribuir para eliminar - ou mitigar - a tensão que muitos autores sentem no momento de escrever e, ao mesmo tempo, estabelecer uma sequência textual, um caminho a ser seguido, para atingir sua intenção ao escrever o texto.

Vamos a elas!  

1) Manter a ordem cronológica: não se deve relatar antes o que ocorre depois, a não ser que se pretenda criar um clima de suspense ou tensão (mas nunca esquecendo que, no final, a tensão deve ser resolvida).

2) Seguir uma ordem descritiva: isto é, seguir a ordem em que a cena, o objeto, o fato são observados dos detalhes mais próximos para os mais distantes, ou vice-versa; de dentro para fora; da direita para a esquerda etc.

3) Uma informação nova deve se ligar a outra, já enunciada: à medida que o texto avança, as novas ideias devem se relacionar às antigas, de maneira que todas permaneçam interligadas.

4) Evitar repetições: uma ideia já enunciada pode ser repetida - e, em alguns casos, é imprescindível que isso ocorra -, mas desde que acrescentemos uma informação nova ao raciocínio, um novo elemento, capaz de aclarar ainda mais o assunto de que estamos tratando. Ou seja, devemos evitar redundâncias: à medida que escrevemos, o texto se amplia graças à agregação de novas ideias, e não porque insistimos no que já foi tratado ou usamos um excesso de palavras.

5) Não se contradizer: uma tese exposta e defendida no início não pode ser atacada no final do texto. Se o objetivo do autor é discutir sobre diferentes argumentações em torno de um mesmo tema, deve deixar claro quem defende qual ideia. Nesses casos, todo cuidado é pouco: a contradição não deve ser assumida pelo autor, mas, sim, surgir da diversidade de opiniões.

6) Não escamotear a realidade: um dado concreto, real, só pode ser contestado com base em investigações científicas. Um fato de conhecimento público pode ter novas versões, mas com base em depoimentos fidedignos. Encobrir a realidade com rodeios ou subterfúgios, apenas para dar maior veracidade a uma ideia, acaba sempre comprometendo a qualidade do texto - e, às vezes, abalando a reputação do autor.

7) Evitar generalizações: afirmar, de forma infundada ou não, que algo é verdadeiro em grande parte das situações, ou para a maioria das pessoas, demonstra falta de argumentos ou preconceito do autor.

 Comunicação em prosa moderna, Othon M. Garcia

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa