Adélia Prado nasceu em Divinópolis, Minas Gerais,
em 13 de dezembro de 1935, e lá vive até hoje; em razão disso, os temas
recorrentes em sua poesia são a mulher e a casa , a missa diária, o cheiro do
mato, os vizinhos, ou seja, a vida cotidiana que se repete, mas, sob o olhar de
D. Adélia - como carinhosamente gostam de lhe chamar seus admiradores -, é
sempre nova.
No entanto, seus norteadores são a fé cristã e a
condição da mulher, pois permeiam toda sua obra.
Ótima Leitura!
Antes do
Nome
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o «de», o «aliás»,
o «o», o «porém» e o «que», esta incompreensível
muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o «de», o «aliás»,
o «o», o «porém» e o «que», esta incompreensível
muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.