terça-feira, 28 de setembro de 2021

Análise das Melhores Redações / ENEM 2017

 Enem 2017 - IFSULDEMINAS

Justiça de Saia » Tema da redação do Enem 2017 fala sobre a educação de  surdos no Brasil

 

EXEMPLO DE REDAÇÃO NOTA 1.000

(sem título)

A formação educacional de surdos encontra, no Brasil, uma série de empecilhos. Essa tese pode ser comprovada por meio de dados divulgados pelo Inep, os quais apontam que o número de surdos matriculados em instituições de educação básica tem diminuído ao longo dos últimos anos. Nesse sentido, algo deve ser feito para alterar essa situação, uma vez que milhares de surdos de todo o país têm o seu direito à educação vilipendiado, confrontando, portanto, a Constituição Cidadã de 1988, que assegura a educação como um direito social de todo o cidadão brasileiro.

Em primeira análise, o descaso estatal com a formação educacional de deficientes auditivos mostra-se como um dos desafios à consolidação dessa formação. Isso porque poucos recursos são destinados pelo Estado à construção de escolas especializadas na educação de pessoas surdas, bem como à capacitação de profissionais para atenderem às necessidades especiais desses alunos. Ademais, poucas escolas são adeptas do uso de libras, segunda língua oficial do Brasil, a qual é primordial para a inclusão de alunos surdos em instituições de ensino. Dessa forma, a negligência do Estado, ao investir minimamente na educação de pessoas especiais, dificulta a universalização desse direito social tão importante.

Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se como outro fator preponderante para a dificuldade na efetivação da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito não é algo recente na história da humanidade: ainda no Império Romano, crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo jogadas de penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto, reverbera na sociedade atual, calcada na ética dilitarista, que considera inútil pessoas que, aparentemente menos capacitadas, têm pouca serventia à comunidade, como é caso de surdos. Os deficientes auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas de menor capacidade intelectual, sendo excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso à educação, mas também à posterior entrada no mercado de trabalho.

Nesse sentido, urge que o Estado, por meio de envio de recursos ao Ministério da Educação, promova a construção de escolas especializadas em deficientes auditivos e a capacitação de profissionais para atuarem não apenas nessas escolas, mas em instituições de ensino comuns também, objetivando a ampliação do acesso à educação aos surdos, assegurando a estes, por fim, o acesso a um direito garantido constitucionalmente. Outrossim, ONGs devem promover, através da mídia, campanhas que conscientizem a população acerca da importância do deficiente auditivo para a sociedade, enfatizando em mostrar a capacidade cognitiva e intelectual do surdo, o qual seria capaz de participar da população economicamente ativa (PEA), como fosse concedido a este o direito à educação e à equidade de tratamento, por meio da difusão do uso de libras. Dessa forma, o Brasil poderia superar os desafios à consolidação da formação educacional de surdos.

Yasmin Lima Rocha / PI

 

ANÁLISE DA REDAÇÃO

introdução da dissertação-argumentativa é, basicamente, um resumo de todo o texto. Logo na primeira linha, a autora apresenta a tese, de maneira clara e simples: a formação educacional de surdos, no Brasil, encontra uma série de empecilhos. Ideia principal sucinta, objetiva e incontestável. Em seguida, Yasmin já sustenta sua tese no argumento principal: quem mostra essa triste realidade são dados do Inep que apontam que o número de matrículas de deficientes auditivos nas escolas brasileiras tem diminuído ao longo dos últimos anos.

Este argumento principal foi retirado da coletânea de textos motivadores da forma como pressupõe a grade de correção do Enem: já que é proibido copiar trechos da coletânea, o participante pode e deve reescrevê-los com suas próprias palavras, ou seja, deve fazer paráfrases. Após expor seu argumento principal, a autora indica que algo precisa ser feito (introdução e resumo da proposta de intervenção social exigida na quinta competência da grade de correção do Enem), já que a Constituição de 1988 assegura o ensino inclusivo.

No segundo parágrafo, iniciando o desenvolvimento da dissertação-argumentativa, Yasmin afirma que há um descaso por parte do Estado e que isso é o primeiro dos entraves à formação educacional dos surdos no país. Ela sustenta seu argumento secundário utilizando um exemplo como estratégia argumentativa: poucos recursos são destinados às escolas especializadas e poucas são as instituições escolares que adotam a Libras. Neste ponto, a participante enfatiza que a Libras é a segunda língua oficial do Brasil e que ele é fundamental para a inclusão dos surdos nas salas de aula.

Já no terceiro parágrafo, Yasmin dá início a uma segunda análise (muito bem sinalizada, por sinal): a do preconceito. Para fundamentar sua argumentação de que existe preconceito contra os surdos e, de quebra, cumprir a segunda competência no que concerne a relação de várias áreas de conhecimento ao tema da redação, a participante relembra o leitor que, no antigo Império Romano, crianças deficientes eram mortas. De acordo com Yasmin, os deficientes auditivos enfrentam uma sociedade preconceituosa que pressupõe que eles são menos capazes ou até inúteis, o que gera exclusão tanto na escola quanto no mercado de trabalho.

Por fim, no quarto e último parágrafo, o da conclusão, a autora reforça a necessidade de uma proposta de intervenção social, por meio de recursos oriundos do MEC, a fim de que escolas especializadas sejam construídas e que professores capacitados sejam formados para trabalharem nestas instituições. Por outro lado, ela também sugere que organizações não-governamentais (ONGs) e a mídia em geral promovam campanhas de conscientização.

Além de tudo que escrevemos anteriormente ao texto de Yasmin, trata-se de uma redação escrita de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa, com coesão, coerência e progressão temática com a máxima da simplicidade e da objetividade.

 https://infoenem.com.br/

Acesso em: 7 de novembro de 2020, às 14h38

Prof. Paulo Jorge

sábado, 18 de setembro de 2021

Análise das Melhores Redações / ENEM 2016

  Provas e Gabaritos do ENEM 2016 (Oficiais) – vocênoenem

 Comentário da Redação do Enem 2016 - Brasil Escola

O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) liberou para os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) o acesso aos espelhos dos textos da prova de redação das duas edições do ano de 2016, já que devido às ocupações de várias escolas públicas por todo o país, houve uma segunda aplicação do exame.

No mesmo dia, o portal G1 divulgou algumas das setenta e sete redações que obtiveram a nota máxima da correção da redação do ENEM e, neste texto, iremos analisar um desses textos, cuja autoria é de Larissa Cristine Ferreira, de 20 anos.

REDAÇÃO

Orgulho Machadiano

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.

É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que, embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes.

Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de discriminação, destacando-se o preconceito religioso como o principal impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o problema no Brasil.

Infere-se, portanto, que a intolerância religiosa é um mal para a sociedade brasileira. Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias especializadas em crimes de ódio contra religião, a fim de atenuar a prática do preconceito na sociedade, além de aumentar a pena para quem o praticar. Ainda cabe à escola criar palestras sobre as religiões e suas histórias, visando a informar crianças e jovens sobre as diferenças religiosas no país, diminuindo, assim, o preconceito religioso. Ademais, a sociedade deve se mobilizar em redes sociais, com o intuito de conscientizar a população sobre os males da intolerância religiosa. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar.

ANÁLISE

Podemos perceber que se trata de uma dissertação-argumentativa com a estrutura composicional adequada e clássica: divisão em quatro parágrafos, sendo o primeiro o parágrafo introdutório, o segundo e o terceiro os de desenvolvimento e o quarto e último o da conclusão. Além disso, é um texto escrito da maneira correta em relação ao estilo: linguagem impessoal, objetiva e formal, seguindo a norma culta da Língua Portuguesa escrita e que atende ao tema da proposta de redação da primeira edição do ENEM 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil.

Já na primeira oração do texto, a candidata relaciona a intolerância e o preconceito religioso com a frase final do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, um dos maiores clássicos da literatura brasileira, de Machado de Assis: “não tive filhos; não deixei para ninguém o legado da nossa miséria”. Como avaliadora, não penso que a autora estabeleceu tal relação com consistência; não acredito que esta passagem literária seja a melhor opção para dialogar com o tema da proposta, mas, mesmo assim, avaliadora não deve gostar do texto e sim corrigi-lo dentro da grande de correção e, pensando neste ponto, a candidata pontuou na segunda competência, quando relaciona o tema com outras disciplinas, assim como fez ao citar Aristóteles e Durkein, este por sua vez, muito melhor inserido do que Machado de Assis.

Por meio de adjetivos como “perversas”, Larissa coloca sua opinião, repudiando a intolerância religiosa e argumentando que a isonomia constitucional não é, na prática, realizada, já que pessoas são excluídas por causa da sua religião. A autora também cita “minorias religiosas”, mas não explica ao leitor quais religiões e/ou crenças são consideradas minorias em um país cuja população é, em sua maioria, cristã, dividida em, basicamente, duas grandes frentes: católicos e evangélicos.

No terceiro parágrafo, a candidata refere-se, por meio do discurso indireto, à coletânea de textos motivadores, quando escreve que, segundo pesquisas, as religiões afro-brasileiras são as principais vítimas de preconceito, mas não cita nenhum exemplo. No mesmo trecho, Larissa explica que grande parte deste problema advém da criação de crianças por famílias preconceituosas.

Na conclusão, a autora cita três propostas de intervenção social, cada uma dirigida a uma instância da sociedade. Ao Governo Federal, caberia a criação de delegacias especializadas em crimes de ódio, especialmente no que concerne a intolerância religiosa; às escolas ficaria a realização de palestras e a sociedade deve se mobilizar contra este tipo de discriminação, principalmente nas redes sociais.

Este texto, portanto, nos mostra que uma dissertação-argumentativa clássica e simples pode alcançar a nota máxima no ENEM.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Análise das Melhores Redações / ENEM 2015

 

Como baixar e estudar com Provas do Enem 2015 | vocênoenem

Redação Enem 2015 | EducaBras 

          É inegável o fato de que, na sociedade brasileira contemporânea, a igualdade de gêneros é a logo que existe apenas na teoria. Medidas como a criação da Lei Maria da Penha e da Delegacia da Mulher, apesar de auxiliarem na fiscalização contra a violência ao sexo feminino e na proteção das vítimas, são insuficientes e pouco eficazes, algo comprovado através da alta taxa de feminicídios ocorridos no país, além dos enormes índices de relatos de vítimas de violência.

         O aumento notório de crimes contra a mulher realizados na última década deve-se a inúmeros fatores. A completa burocracia presente nos processos de atendimento às vítimas de estupro, por exemplo, refuta mulheres que apresentam traumas e não recebem acompanhamento psicológico adequado, sendo orientadas a realizar o exame de corpo de delito, procedimento, por vezes, invasivo. Além disso, é comum que o relato da vítima tenha sua veracidade questionada, não recebendo a atenção necessária. Com o afastamento de possíveis denúncias, não há redução no número de assassinatos e de episódios violentos.

     A cultura machista em que estamos inseridos dissemina valores como a culpabilização da vitima: muitas vezes, a mulher se cala porque pensa que é a culpada pela violência que sofre. Acredita-se, também, que apenas a violência física e sexual deve ser denunciada, ou que a opressão moral é algo comum. A passividade diante de tais situações cede espaço para o crescimento de comportamentos violentos dentro da sociedade.

        Tendo em vista as causas dos altos índices de violência contra a mulher no Brasil, é necessário que haja intervenção governamental (QUEM) para aprimorar os órgãos de defesa contra tais crimes, de modo a tornar o atendimento mais rápido e atencioso. (DETALHAMENTO 1) O mais importante, no entanto, é atingir a origem do problema (DETALHAMENTO 2) e instituir em escolas aulas obrigatórias sobre igualdade de gênero, (O QUE) apresentando de forma mais simples conceitos desenvolvidos, por exemplo, por Simone de Beauvoir, (COMO) de modo a desconstruir desde cedo ideias preconceituosas que são potenciais estimulantes para futuros comportamentos violentos”. (PARA QUE)

 

Sofia Dolabela Cunha 

https://www.redacaoperfeita.com

Acesso em: 8 de março de 2020, às 15h34.