sábado, 22 de janeiro de 2022

Exposição de Motivos

 

A Exposição de Motivos é um gênero textual no qual são apresentadas as justificativas para criação, alteração, modificação ou extinção de um determinado fato, experiência, invenção, lei dentre outros de caráter educativo, jurídico ou científico, de modo a indicar as idéias do remetente ou de um determinado grupo social. Tempos atrás, este documento transitava, exclusivamente, na esfera pública federal, no entanto ele já se mostra usual em diversas esferas da sociedade.

A seguir, apresentamos um exemplo de Exposição de Motivos; aliás, antes de expor os motivos, faz-se necessário um texto de apresentação.

Veja:

 

Salvador, 17 de dezembro de 2018.

 

Ilmo. Sr. Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto

 

Morador há quase quinze anos do Largo 2 de Julho, centro da cidade do Salvador, venho, através desta, expor alguns aspectos que, na minha opinião, precisam ser observados pelo novo gestor desta capital, no que se refere ao processo de recuperação e revitalização do nosso centro histórico.

A minha decisão em escrever esta exposição de motivos deve-se ao fato de ser morador da capital em que nasci e de morador do bairro que escolhi para morar.

Espero que minhas sugestões sejam analisadas pelo gestor desta cidade tão degradada e, ao mesmo tempo, desejar-lhe votos de uma gestão recuperadora e humanista, porque esta cidade e seus habitantes assim anseiam e merecem.

 

Exposição de Motivos

 

1) Moradores e comerciantes – principalmente estes! – depositam, a qualquer hora do dia e da noite, lixo na frente de restaurantes, lojas e edifícios e, também, em esquinas de ruas e próximas a sinaleiras.

2) Caminhões-baú de cervejarias e produtos alimentícios descarregam seu material, ao longo da manhã e da tarde, provocando engarrafamentos no local.

3) Os jardins da praça estão completamente degradados.

4) O coreto da praça necessita de ampla e urgente reforma.

5) As barracas de venda de diversos produtos – acarajé, plantas, cigarros dentre outros – estão sujas e rasgadas.

6) Parte do jardim do Largo 2 de Julho está coberto por um equipamento de ferro que exige substituição.

7) A iluminação pública está funcionando parcialmente.

 

Atenciosamente,

 

Paulo Jorge de Jesus

 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Ao Leitor Atento

De maneira ampla, leitura é um ato social praticado pelo indivíduo de interpretar a si próprio e o mundo, dentro de um contexto histórico, a partir de um ponto de vista. Condição essa essencial ao homem, pois suas leituras determinam a sua condição de “ser” e “estar” no mundo e que nos chegam assim que chegamos ao mundo.

Na postagem desta e da próxima semana, teste, Leitor (a), a sua competência leitora, ao tentar descobrir qual fato inusitado, raríssimo na Língua Portuguesa ocorreu nesta produção textual

A resposta se encontra no final do texto.

Sem "pesca", hein?!



 Como é que é?!*

Sem nenhum tropeço, posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo permitindo, mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, como se isto fosse mero ovo de Colombo.

Desde que se tente sem se pôr inibido, pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento.

Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo, esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo, sem o "P", "R" ou "F", ou o que quiser escolher. Podemos, em estilo corrente, repetir sempre um som ou mesmo escrever sem verbos.

Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?

Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.

Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.

(Texto de livre circulação e sem autoria.)

Abraços Fraternos,

Paulo Jorge

* Título criado pelo blogueiro.

 

Resp.: O texto não possui a letra "A".