segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

As Orações Coordenadas

 
https://carpintariadaspalavras.blogspot.com


A frase constante na tirinha traz três orações estruturadas de forma coordenada.  A primeira, por se apresentar sem ligação, é uma oração coordenada assindética (sem síndeto, conectivo, conjunção): "A preguiça é a mãe de todos os vícios." Já as duas outras, apresentam conectivos de ligação. 

Veja:

 "Mas uma mãe é uma mãe..." e "...e é preciso respeitá-la, pronto." 

A primeira é uma oração coordenada sindética adversativa, porque traz a conjunção mas; e a segunda, pela presença da conjunção e, uma sindética aditiva.

                               

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É o período formado por orações independentes que se coordenam em uma sequencia e cada uma possui um significado integral. Dividem-se em:

1) Assindéticas: são aquelas que se apresentam ligadas a outras orações apenas por sinais de pontuação, sem o auxílio de conjunções coordenativas.

     Ex. Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.

            Alguns reclamam, um ou outro protesta, ninguém reivindica.

2) Sindéticas: são orações ligadas a outras com o auxílio de conjunções coordenativas.

     Ex. O pescador prepara a isca e lança a linha na água.  

CLASSIFICAÇÃO DAS SINDÉTICAS

 a- Aditivas: e, nem, mas também. (Obs.: Sem a presença de vírgulas ligando as orações.)

    Ex. Não quero festas nem desejo despedidas.

           Ela levantou a cabeça e fitou-me.

 

b- Adversativas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante.

    Ex. Estava velho, porém mantinha a dignidade.

          Era um homem gentil, entretanto não agiu corretamente.

 

c- Alternativas: ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer.

    Ex. Ajude-o ou esqueça-o.

           Ou se tem chuva, ou se tem sol. (Nesse caso, as duas orações são sindéticas alternativas.)

 

d- Conclusivas: portanto, assim, por conseguinte, de modo que, em vista disso, logo, por isso, pois (após o verbo ou no meio de uma locução verbal)

     Ex. Tudo está em ordem, portanto não se preocupe.

            A garota demonstrou talento; será, pois, efetivada no cargo.

 

e- Explicativas: que, porque, pois (antes do verbo).

    Ex. Não venha agora, pois chove bastante aqui.

           Dirija devagar que o local é perto.

 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

A Página em Branco

 
https://escrevase.com.br/

Levante a mão aquele que nunca se desesperou diante de uma página em branco! Seja uma folha de papel ou a tela de um computador, este vazio diante de nossos olhos possui um poder implacável. 

Grandes autores já registraram suas angústias e seus temores sobre este momento em que tudo parece conspirar contra o escritor. Escritor, aqui, registre-se, no sentido amplo da palavra. O filósofo alemão, Rob Riemen, em seu livro Nobreza de espírito, comenta que “… as horas tornavam-se longas quando o papel ficava em branco”, para o grande Thomas MannCarlos Drummond de Andrade refletiu sobre a capacidade de a folha em branco deixar impotente o produtor textual no ato inicial da escrita de um texto. 

Seja literária ou não literária, a construção textual é um caminho a ser projetado, construído e revisto em cada etapa de sua criação. Fiquemos, neste momento, com uma reflexão sobre o processo de construção do texto não literário, do gênero dissertativo-argumentativo, haja vista a sua importância em vários contextos da sociedade contemporânea. 

Diferentemente da fala, na qual o usuário não se encontra restrito a um determinado espaço e dispõe de recursos, por exemplo, de corrigir qualquer ato falho que venha a cometer no processo comunicativo; na escrita, o produtor textual está subordinado a convenções linguísticas e discursivas que ele deve seguir, a fim de conseguir o seu objetivo. 

https://updateordie.com/

Quem escreve deve ter na mente, com clareza, o que irá dizer, para quem dizer e como dizer. O que irá dizer refere-se ao tema a ser abordado, à tese defendida por seu autor e aos argumentos que serão utilizados, a fim de conseguir a adesão do interlocutor, por isso se deve produzir uma argumentação consistente e irrefutável. 

É preciso, também, que se tenha uma imagem do leitor, porque será este que irá determinar a linguagem a ser utilizada pelo produtor textual. Em textos dissertativo-argumentativos, o uso da Variante Formal da Língua Portuguesa é obrigatório.

Como dizer talvez venha a ser a maior dificuldade encontrada por quem escreve. Para se diminuir a tensão deste momento, o escritor deve atentar aos seguintes aspectos: primeiro efetuar uma leitura atenta dos textos motivadores – se houver, é claro! – que algumas instituições colocam em provas para mobilizar e ampliar o conhecimento do candidato a respeito do assunto. Em seguida, ler o tema proposto, buscar as palavras-chave do enunciado e, em seguida, verificar as informações e conhecimentos disponíveis em sua bagagem cultural e que sejam significativos para o interlocutor. 

Agora o caminho se encontra pavimentado, e o produtor em condições para começar a escrever o seu texto. E como dissemos que todo texto é um processo de construção, o produtor deverá fazer uma revisão textual, antes de considerá-lo pronto. 

Boa caminhada! 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa


segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Demais x De mais

 
https://www.bradescoseguros.com.br/

Segundo o site https://www.dicio.com.br/, Demais indica intensidade e é usado ao lado de verbos, adjetivos e advérbios. Por exemplo: falar demais (falar = verbo), lindo demais (lindo = adjetivo), escrever bem demais (bem = advérbio). 

De mais indica quantidade a mais e é usado ao lado de substantivos. Exemplo: coisas de mais (coisas = substantivo), gente de mais (gente = substantivo). 

Assim, tanto "demais" (junto) como "de mais" (separado) são construções corretas, usadas em situações diferentes. 


https://ensina.rtp.pt/

DEMAIS 

Escrito de forma junta, é um advérbio de intensidade. É utilizado ao lado de verbos, adjetivos e advérbios, para indicar que alguma coisa é feita de forma intensa e excessiva. É sinônimo de: em excesso, em exagero, excessivamente, muito, muitíssimo, além da conta, em demasia, demasiadamente. 

Ex. 

I – Você se preocupa demais com as coisas.

II – Não dá para ir agora, já é tarde demais.

III – Bom demais estar aqui com você! 

Obs.: Demais pode ser também sinônimo de os outros, os restantes. Com esse sentido, é um pronome indefinido plural e vem sempre precedido dos artigos definidos os ou as. 

Ex. Vamos indo que os demais irão depois. 

DE MAIS 

Escrito de forma separada, é uma locução adverbial. É utilizada ao lado de substantivos, para indicar uma noção de maior quantidade. É sinônimo de “a mais” e antônimo de “de menos”.

Ex. 

I – Ele deu dinheiro de mais para meu filho.

II – Já tem alunos de mais nesta sala de aula.

III – Comprei comida de mais, vai sobrar para amanhã. 

Obs.: Na expressão nada de mais, a expressão de mais está sendo utilizada para indicar que nada está ocorrendo fora do que é considerado normal, não sendo nada de importante ou nada de interessante. 

Ex. Não aconteceu nada de mais. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa