domingo, 27 de janeiro de 2019

O Gigolô das Palavras

           
Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram em minha casa numa mesma missão designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza de que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.

Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo?  O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, comover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com a Gramática). A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. Ë o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.
         
Claro que eu não disse tudo isso para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas – isto eu disse – vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão dispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas a exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas reflexões inomináveis para satisfazer um gesto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenha também o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
        
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda.

Luís Fernando Veríssimo

domingo, 13 de janeiro de 2019

Processo de Desertificação



Quando vemos um local como o da imagem acima, árido, com a terra seca, podemos pensar que ela foi sempre assim. Mas será que foi mesmo? Neste artigo, vamos entender o que é, e como e por que ocorre o processo denominado desertificação.

A partir do nome, é possível perceber que desertificação é um processo no qual uma determinada região vira deserto, causando alterações no solo, na vegetação, no ar e em toda a vida que existe ao redor.

Tanto as ações antrópicas (realizadas pelo homem) quanto as mudanças climáticas naturais podem ser responsáveis por tal processo e as áreas mais afetadas são aquelas que já apresentam uma baixa umidade, o que mostra que é possível analisar uma região para entender sua suscetibilidade à desertificação. Em relação às ações antrópicas, o que mais aumenta esse processo é o desmatamento. Além disso, áreas de pecuária extensiva também estão sujeitas a esse processo, assim como as áreas onde ocorrem queimadas, onde são utilizados muitos agrotóxicos, entre outros motivos.

Em relação às causas naturais, o que pode causar desertificação são as secas que duram um longo período.

Quando uma área já sofre com a desertificação, a cobertura vegetal se torna cada vez mais escassa, o que faz com que a chuva atinja o solo diretamente, carregando seus nutrientes. Deste modo, sua fertilidade é comprometida e é comum ocorrer o processo de erosão.  

As consequências desse processo não são somente naturais, os âmbitos social e econômico também são afetados. Em uma área desértica, a água é escassa e a produção agrícola é muito mais difícil o que pode aumentar a pobreza e a fome.

Em meio a todas essas consequências, em 2010, a ONU declarou que entre os anos 2010 e 2020, haveria um maior esforço para reduzir tal processo, seria a “Década das Nações Unidas para os desertos e a luta contra a Desertificação”. Além disso, no dia 17 de junho é comemorado o “Dia Mundial do Combate à Desertificação”, que chama a atenção do mundo para este problema.

Este problema atinge o mundo todo. No Brasil, as áreas mais afetadas são o sertão nordestino, o norte do Mato Grosso, norte de Minas Gerais e parte do Tocantins, afetando cerca de 400.000 pessoas.

Existe um outro processo, denominado arenização, que pode ser confundido com a desertificação. A arenização também tem consequências como a redução da cobertura vegetal, da fertilidade do solo e da fauna e flora local, entretanto, esse processo ocorre em locais que não tem uma precipitação tão baixa, ou seja, chove constantemente. Um exemplo de local onde ocorre este processo é sudoeste do Rio Grande do Sul, onde há os Pampas Gaúchos e a arenização causa a formação de bancos de areia.

Para que este problema não aumente, é importante realizar análises em uma área antes de fazer um determinado cultivo, ou de praticar a pecuária extensiva. Além disso, as políticas governamentais de combate ao desmatamento também são de extrema importância, já que esta é a maior causa do problema.

Acesso em: 13 de janeiro de 2019, às 20h21.





quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Tabela de Conectivos



INTENÇÃO
CONECTIVOS

ENTRE PARÁGRAFOS

INTRODUÇÃO
No contexto atual,
Na contemporaneidade,
No panorama atual,
Se há algo que
Discute-se muito sobre
Com o advento da (o)..., constata-se que

DESENVOLVIMENTO
(1º PARÁGRAFO)
É indubitável
É certo
É importante ressaltar
Um fator que,
Um aspecto que,
Em primeira análise,
Nesse contexto, 

DESENVOLVIMENTO
(2º. e 3º. PARÁGRAFO)
Ademais
Além disso,
Acrescente-se que
Alie-se a isso
Em uma segunda análise,
Outro aspecto a ser abordado
Outro fator que

CONCLUSÃO
Portanto
Em razão disso
Dessa forma
Em suma
Logo
Assim sendo
Enfim
Sendo assim


ENTRE PERÍODOS & ORAÇÕES

CAUSA / CONSEQUÊNCIA
Por isso
Por causa de
Porque
De tal maneira que
Visto que
De fato
Já que
Em consequência de
De forma que
Pois
Uma vez que

OPOSIÇÃO
Entretanto
Pelo contrário
Embora
Apesar de
Todavia
Contudo
No entanto
Ainda que
Posto que
Por outro lado

ADIÇÃO
Além disso
Ademais
Ainda mais
E
Também 

TEMPO
Então
Por fim
Ao mesmo tempo
Enquanto isso 
Desde que
Cada vez que
Por vezes
Atualmente 
Às vezes 
Assim que 
Logo que 
Depois que 
Antes de
À medida que 
Hoje
Após
Até 
Em seguida 

COMPARAÇÃO
Como
Também
Conforme
Tal como
Bem como
Pela mesma razão
De forma similar
De forma idêntica

PARALELISMO
Por um lado ... por outro lado
Tanto ... quanto ...
Não só ... mas também ...