(sem título)
Na Idade Média, tornou-se progressivamente destacável o uso de plantas
medicinais, especiarias com propriedades terapêuticas e fármacos sem a
orientação necessária, com o objetivo de combater as enfermidades que afligiam
os tripulantes no contexto de insalubridade das Grandes Navegações. Mais de 600
anos depois, apesar dos avanços na medicina, a automedicação ainda é uma
prática notória no convívio social, devido a aspectos culturais e a omissão de
estratos da saúde pública.
Efetivamente, predomina, entre parte da comunidade, um
paradigma deturpado em que a necessidade de acompanhamento médico para o
uso de remédios é inferiorizada. A esse respeito, o sociólogo Max Weber defende o conceito "Ação Social Tradicional",
segundo o qual os cidadãos se espelham em práticas frequentes da sociedade em
geral para elaborar sua conduta. Nessa perspectiva, tal conceito sociológico
apresenta contornos específicos no convívio social, pois, devido à baixa
informatividade acerca das implicações oriundas da automedicação, o senso comum
caracteriza os indivíduos como sujeitos autônomos na prescrição de medicamentos
para consumo próprio. Em decorrência desse comportamento inadequado, tem-se
consequências como intoxicações e superbactérias, explicitando a urgência de
ações na esfera civil para solucionar essa problemática.
Ademais, a negligência do poder público no tocante aos índices de automedicação
corrobora a manutenção dessa realidade. Embora a Constituição de 1988 considere
a saúde como um direito de todos e um dever do Estado, o que se verifica é o
não cumprimento do texto constitucional na prática, haja vista
a dificuldade para receber atendimento nos postos de saúde, bem como a
carência de fiscalizações em farmácias e de mecanismos para que a população
denuncie os estabelecimentos nos quais a venda desses produtos seja facilitada.
A título de ilustração, conforme o Instituo de Ciência, Tecnologia e Qualidade,
o Brasil é considerado recordista mundial em tal prática. Dessa forma, a
inexpressividade governamental representa, de fato, um empecilho à redução da
automedicação.
Portanto,
cabe à sociedade engajada desconstruir a cultura de autonomia relativa ao uso
de medicamentos, mediante a atuação em ONGs empenhadas nessa temática, além de
postagens educativas nas redes sociais e distribuição de livros
socioeducativos, que explicitem os efeitos negativos da automedicação para a
saúde dos indivíduos, no intento de possibilitar uma readequação do
comportamento social e o uso orientado de fármacos. Outrossim, cabe ao Governo
Federal melhorar o atendimento nos postos hospitalares, por intermédio de um
maior repasse da União ao Ministério da Saúde, possibilitando a contratação de
mais profissionais, bem como a criação de clínicas ambulantes e de
ouvidorias online de denúncia, no fito de orientar adequadamente a comunidade
nesse assunto.
Acesso em: 10 de outubro de 2018.
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