Leia um trecho da entrevista que o economista e filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca deu à Folha de S. Paulo, em 16 de julho deste ano:
“Por outro lado, ao defender celeridade não se arrisca o inverso, defender uma politização do Judiciário?”
Giannetti da Fonseca - Não se trata disso (Se Lula poderá ou não concorrer à presidência no próximo ano). Até porque não estou falando de mérito, os juízes que decidam o que for o correto na avaliação deles. Mas é preciso sensibilidade, como por exemplo Moro teve em sua sentença, em não mandar prender Lula.”
A palavra como e a expressão por exemplo, constantes no último período da resposta do filósofo, possuem o mesmo valor semântico, o que resulta em um pleonasmo vicioso como “subir para cima”, “encarar frente a frente”, “acabamento final” dentre outras construções que empobrecem os enunciados linguísticos tanto orais como escritos. Para eliminar o problema, nesse caso, basta retirar a expressão por exemplo. Veja:
Mas é preciso sensibilidade, como Moro teve em sua sentença, em não mandar prender Lula.
No entanto, existe a possibilidade de se usar os termos, ao se colocar a expressão por exemplo após a exemplificação. Veja:
Mas é preciso sensibilidade, como Moro teve em sua sentença, em não mandar prender Lula, por exemplo.
Aliás, nesse caso, convenhamos, a frase ganha uma visível elegância.
Há casos em que se pode, simplesmente, retirar ou a palavra ou a expressão para se corrigir o problema. Observe este exemplo:
Temos argumentos sólidos, como, por exemplo, a comprovação do superfaturamento.
Veja as duas formas e com os mesmos sentidos:
Temos argumentos sólidos, como a comprovação do superfaturamento.
Ou
Temos argumentos sólidos; por exemplo, a comprovação do superfaturamento.
Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa
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