INTRODUÇÃO
(sem título)
No filme estadunidense “Coringa”, o personagem principal, Arthur Fleck, (ABERTURA DO TEXTO) sofre de um transtorno mental que o faz ter episódios de riso exagerado e descontrolado em público, motivo pelo qual é frequentemente atacado nas ruas. Em consonância com a realidade de Arthur, está a de muitos cidadãos, já que o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira (TEMA) ainda configura um desafio a ser sanado. Isso ocorre, seja pela negligência governamental nesse âmbito, seja pela discriminação dessa classe por parcela da população verde-amarela. Dessa maneira, é imperioso que essa chaga social seja resolvida, a fim de que o longa norte-americano se torne apenas uma ficção. (TESE)
DESENVOLVIMENTO
Nessa perspectiva, acerca da lógica referente aos transtornos da mente no espectro brasileiro, é válido retomar o aspecto supracitado quanto à omissão estatal nesse caso. (ARG. 1) (INTRODUÇÃO) Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país com maior número de casos de depressão da América Latina e, mesmo diante desse cenário alarmante, os tratamentos às doenças mentais, quando oferecidos, não são, na maioria das vezes, eficazes. (DESENVOLVIMENTO) Isso acontece pela falta de investimentos em centros especializados no cuidado para com essas condições. (CONCLUSÃO)
Consequentemente, muitos portadores, sobretudo aqueles de menor renda, não são devidamente tratados, contribuindo para sua progressiva marginalização perante o corpo social. (ARG. 2) (INTRODUÇÃO) Esse contexto de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, mas que não cumprem seu papel com eficácia. (DESENVOLVIMENTO) Desse modo, é imprescindível que, para a completa refutação da teoria do estudioso polonês, essa problemática seja revertida. (CONCLUSÃO)
Paralelamente ao descaso das esferas governamentais nessa questão, é fundamental o debate acerca da aversão ao grupo em pauta, (ARG. 3) uma vez que ambos representam impasses para a completa socialização dos portadores de transtornos mentais. (INTRODUÇÃO) Esse preconceito se dá pelos errôneos ideais de felicidade disseminados na sociedade como metas universais. Entretanto, essas concepções segregam os indivíduos entre os “fortes” e os “fracos”, em que os fracos, geralmente, integram a classe em discussão, dado que não atingem os objetivos estabelecidos, tal como a estabilidade emocional. Tal conjuntura segregacionista contrária o princípio do “Espaço Público”, da filósofa Hannah Arendt, que defende a total inclusão dos oprimidos – aqueles que possuem algum tipo de transtorno, nesse caso – na teia social. (DESENVOLVIMENTO) Dessa maneira, essa celeuma urge ser solucionada, para que o princípio da alemã se torne verdadeiro no país tupiniquim. (CONCLUSÃO)
CONCLUSÃO
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Portanto, compete ao Ministério da Saúde (QUEM) investir na melhora da qualidade dos tratamentos a essas doenças nos centros públicos especializados de cuidado, (QUE) destinando mais medicamentos e contratando, por concursos, mais profissionais da área, como psiquiatras e enfermeiros. (COMO) Isso deve ser feito por meio de recursos liberados pelo Tribunal de Contas da União, órgão que aprova e fiscaliza feitos públicos,(DETALHAMENTO) com o fito de potencializar o atendimento a esses pacientes e oferecê-los um tratamento eficaz. (PARA QUE) Ademais, palestras devem ser realizadas em espaços públicos sobre os malefícios das falsas concepções de prazer e da importância do acolhimento das pessoas doentes e vulneráveis. Assim, os ideais inalcançáveis não mais serão instrumentos segregadores e, finalmente, a situação de Fleck (RETOMADA À ABERTURA DO TEXTO) não mais representará a dos brasileiros.
Júlia Sampaio
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
1) Os elementos coesivos estão grafados em vermelho.
2) A Introdução foi construída com requinte com um parágrafo contendo quatro períodos, já visitando uma área do conhecimento, ou seja, o cinema.
3) A tese – ou ponto de vista – está claramente descrita no último período da Introdução: "... é imperioso que essa chaga social seja resolvida ...".
4) Os três parágrafos do desenvolvimento foram construídos de forma recomendável, ou seja, contendo três períodos: o primeiro traz a introdução do parágrafo contendo o argumento; o segundo desenvolve o argumento; e o terceiro apresenta a conclusão sobre o argumento. Cada parágrafo do desenvolvimento - não esqueça! - representa uma minirredação. Observe que o último parágrafo apresenta três períodos desenvolvendo o argumento, fato que enriquece ainda mais a construção do parágrafo.
5) No total, o texto faz visita a três áreas do conhecimento: ao cinema, citando o filme Coringa, à Sociologia, dialogando com Zygmunt Bauman, e à Filosofia ao se referir a um pensamento de Hannah Arendt.
6) O último parágrafo do texto traz a Conclusão com os Agentes da Proposta de Intervenção e apenas um agente de cada tipo de agente, o que é o bastante, uma vez que, no caso de haver mais de um exemplo para cada agente, o corretor deve escolher apenas um exemplo para cada um deles, desprezando os outros, sem penalizar a / o autora / autor do texto.
7) Observe que o texto começa e termina com o mesmo diálogo, ou seja, com o filme o Coringa. O ENEM não leva em consideração esse recurso para ampliar a pontuação do texto, mas que a produção textual ganha um relevo maravilhoso, isso é inegável.
A produção textual recebeu Nota 1.000, e não poderia ser diferente.
Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa