terça-feira, 3 de setembro de 2024

Vozes da Sabedoria

 

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Segundo o Dicionário Houaiss on-line, “Provérbio – ou adágio, ou dito popular – é uma frase curta, geralmente de origem popular, rítmica e / ou rimada, rica em imagens, que sintetiza um conceito a respeito da realidade ou uma regra social ou moral.” 

Encontrados em abundância em nossa cultura, os provérbios representam para muitos de nós um repertório amplo, rico e pedagógico que contribui contribuiu para a nossa formação pessoal, familiar e social. 

Vivíssimos em minha lembrança afetiva, os ditados populares chamavam-me à atenção, porque era impressionante a recorrência de seu uso, principalmente pelas mulheres de nossa comunidade, a extinta Buracão, situada no bairro da Federação, próximo ao Rio Vermelho, que sumiu do mapa para dar lugar a um alto e triste viaduto que liga – ou separa?! – o bairro do Rio Vermelho à av. Vasco da Gama, aqui, em Salvador. 

Lembro-me, certa vez, de que uma das minhas irmãs começou a se interessar por um garoto que não lhe retribuía as atenções. Ao perceber a situação, minha mãe dizia: “Cuidado minha filha. Quem muito se abaixa o melhor aparece.” Ou então: "Boa romaria faz, quem em sua casa está em paz.", para momentos em que ficávamos em casa dos vizinhos. 

Millôr Fernandes, desenhista, humorista, tradutor, escritor e dramaturgo brasileiro, reescreveu alguns provérbios bastante conhecidos em nossa oralidade utilizando a Variante Formal do Português Brasileiro, o que resultou em um humor estranho e refinado. 

Veja:

Ex. 1: “Quando o sol está abaixo do horizonte, a totalidade dos animais domésticos da família dos felídeos é de cor mescla entre preto e branco.

R. À noite, todos os gatos são pardos. 

Ex. 2: “A criatura canonizada que vive em nosso próprio lar não é capaz de produzir efeito extraordinário que vá contra as leis fundamentais da natureza.

R. Santo de casa não faz milagre. 

Agora é com você. Tente descobrir quais provérbios Millôr transcreveu para a variante formal da Língua Portuguesa. As respostas você encontrará no final desta página. 

Não vale a pesca, hein?! 

a- “De unidade de cereal em unidade de cereal, a ave de crista carnuda, asas curtas e largas, da família das galináceas, abarrota a bolsa que existe nessa espécie por uma dilatação do esôfago e na qual os alimentos permanecem algum tempo antes de passarem à moela. 

b- “Substância inodora e incolor que já se foi não é mais capaz  de comunicar movimento ou ação ao engenho especial de triturar cereais. 

c- “Aquele que se deixa prender sentimentalmente por pessoa destituída de dotes físicos de encanto ou graça, acha-a extraordinariamente dotada desses mesmos encantos que os outros lhe não veem.” 

d- “O traje característico que usa e não identifica fundamentalmente a pessoa que por fanatismo, misticismo ou cálculo se isola da sociedade, levando vida austera e desligada das coisas mundanas. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

 

a- De grão em grão, a galinha enche o papo.

b- Águas passadas não movem moinhos.

c- Quem ama o feio bonito lhe parece.

d- O hábito não faz o monge.

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