sexta-feira, 16 de março de 2018

Novo Acordo Ortográfico – Parte 1




Aprovado em 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, o acordo representa a intenção de esses países darem um passo significativo para a defesa da unidade da Língua Portuguesa e seu prestígio internacional.

Desde a sua aprovação até 31 de dezembro de 2015, temos um período de transição para as novas regras ortográficas, o que significa que, até essa data, algumas palavras terão a vigência de dupla grafia – idéia / ideia, por exemplo. No entanto, a partir de 1 de Janeiro de 2016, apenas uma forma será aceita, segundo o novo acordo ortográfico.

Nesta semana e na próxima, vamos mostrar as mudanças e efetivações na acentuação e em determinadas grafias de palavras. Comecemos com o que permanece e o que muda em relação à acentuação das palavras.

Ótimos Estudos!


 I – Regra Geral


Acentuam-se todas as palavras terminadas em:

1) Monossílabos tônicos: (a, as)  Ex. pás, lá, já, dá-lo etc.
(e, es) Ex. mês, sé, ré, pés, vê, tê-lo etc.
(o, os) Ex. pó, pôs, dó, sós, só, pô-lo etc.

2) Oxítonas: (a,as) Ex. marajás, terminará, informá-lo etc.
(e, es) Ex. português, preenchê-los, filé, fazê-lo etc.
(o, os) Ex. dominó, paletós, camelôs, repô-lo  etc.
(em, ens) Ex. também, além, armazéns, porém, parabéns etc.

3) Paroxítonas: (ã, ãs, ão, ãos) Ex. ímã, órfãs, sótão, órgãos etc.
(i, is, us) Ex. júri, cútis, grátis, vírus, bônus etc.
(l, r, n - e seus plurais) Ex. túnel, amáveis, líder, próton, prótons, hífen, pólen etc.
(Obs. Nunca “ens”) Ex. hifens, polens etc.

(x, ps) Ex. dúplex, tórax, fênix, bíceps, fórceps etc.
(um, uns) Ex. álbum, médiuns, fórum, quóruns etc.
(ditongos) Ex. régua, comércio, tênue, supérfluo, diário etc.

4) Proparoxítonas: Todas são acentuadas Ex. álibi, trâmites, última, tímido, metrópole, transatlântico etc.

 
II – Casos especiais


a) Hiatos: Acentuam-se o I e o U tônicos quando fizerem hiatos com a vogal anterior e estiverem sozinhos na sílaba ou ao lado da letra "s", mas nunca seguidos de “nh”.
Ex. paraíso, saí, caíste, atraí-lo, reúnem, país, países, amiúde, juízes, maiúscula etc.

b) Ditongos abertos em Monossílabos Tônicos e Palavras Oxítonas
(éi, éis) Ex. méis, anéis, papéis, fiéis, cartéis etc.
(éu, éus) Ex. céu, réus, escarcéu, chapéus etc.
(ói, óis) Ex. herói, constrói, corrói, mói, faróis etc.

c) Verbos “Ter / Vir” e seus compostos
Ex. O Brasil tem grandes problemas sociais.
Os países sul-americanos têm grandes problemas sociais.
Essa caixa contém produtos químicos.
Essas caixas contêm produtos químicos.

d) Acento diferencial
pôr (verbo) / por (preposição)
pôde (verbo no pretérito) / pode (verbo no presente)

quinta-feira, 8 de março de 2018

Coerência Textual


Coerência é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto. É o instrumento que o autor vai usar para conseguir dar um sentido completo à produção textual.

Em uma redação, para que a coerência ocorra, as ideias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de ideias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve um quebra de coerência textual.

A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a compreensão de um texto é melhor capturada com o auxílio de conectivos, preposições, pronomes e outros elementos coesivos.

A incoerência de um texto pode ser observada por um falante da língua, mas não é tão fácil identificá-la quando estamos escrevendo. Pode-se dizer que um texto é incoerente quando o entendimento dele é comprometido. Na maioria das vezes esta pessoa está certa ao fazer esta afirmação, mas não podemos achar que as dificuldades de organização das ideias se resumem à coerência ou à coesão. É certo que elas facilitam bastante esse processo, mas não são suficientes para resolver todos os problemas.

 

1) Manter a ordem cronológica: não se deve relatar antes o que ocorre depois, a não ser que se pretenda criar um clima de suspense ou tensão (mas nunca esquecendo que, no final, a tensão deve ser resolvida).

2) Seguir uma ordem descritiva: isto é, seguir a ordem em que a cena, o objeto, o fato são observados, dos detalhes mais próximos para os mais distantes, ou vice-versa; de dentro para fora; da direita para a esquerda etc.

3) Uma informação nova deve se ligar a outra já enunciada: à medida que o texto avança, as novas ideias devem se relacionar às antigas, de maneira que todas permaneçam interligadas.

4) Evitar repetições: uma ideia já enunciada pode ser repetida – e, em alguns casos, é imprescindível que isso ocorra –, mas desde que acrescentemos uma informação nova ao raciocínio, um novo elemento, capaz de aclarar ainda mais o assunto de que estamos tratando. Ou seja, devemos evitar redundâncias: à medida que escrevemos, o texto se amplia graças à agregação de novas ideias, e não porque insistimos no que já foi tratado ou usamos um excesso de palavras.

5) Não se contradizer: uma tese exposta e defendida no início não pode ser atacada no final do texto. Se o objetivo do autor é discutir sobre diferentes argumentações em torno de um mesmo tema, deve deixar claro quem defende qual ideia. Nesses casos, todo cuidado é pouco: a contradição não deve ser assumida pelo autor, mas sim, surgir da diversidade de opiniões.

6) Não escamotear a realidade: um dado concreto, real, só pode ser contestado com base em investigações científicas. Um fato de conhecimento público pode ter novas versões, mas com base em depoimentos fidedignos. Encobrir a realidade com rodeios ou subterfúgios, apenas para dar maior veracidade a uma ideia, acaba sempre comprometendo a qualidade do texto e, às vezes, abalando a reputação do autor.

7) Evitar generalizações: afirmar, de forma infundada ou não, que algo é verdadeiro em grande parte das situações, ou para a maioria das pessoas, demonstra falta de argumentos ou preconceito do autor.

Fonte: Comunicação em prosa moderna, Othon M. Garcia,
14ª edição, Editora da Fundação Getúlio Vargas.

domingo, 4 de março de 2018