terça-feira, 13 de novembro de 2018

Carta-Argumentativa


Algumas universidades têm cobrado nos exames vestibulares a carta-argumentativa. E apesar das semelhanças com o texto dissertativo-argumentativo, há diferenças importantes entre esses dois tipos de produção textual.

Veja:

a) Cabeçalho: na primeira linha da carta, na margem do parágrafo, aparecem o nome da cidade do remetente e a data.

Ex.: Salvador, 27 de novembro de 2017.

b) Vocativo: na linha seguinte, há o termo por meio do qual se dirige ao leitor, (marcado por vírgula). A escolha desse vocativo dependerá muito do leitor e da relação social com ele estabelecida. 

Ex.: Prezado senhor Fulano, Excelentíssimo senhor presidente Luís Inácio Lula da Silva, Caro deputado Sicrano etc.

c) Interlocutor definido: essa é a principal diferença entre a dissertação e a carta. O texto dissertativo, geralmente, possui um leitor universal. Na carta, isso muda, pois se estabelece uma comunicação particular entre o remetente e o destinatário. Logo, deve-se adaptar a linguagem e a argumentação à realidade desse destinatário e ao grau de intimidade estabelecido entre os dois. Os argumentos e informações deverão ser compreensíveis ao leitor, próximos da realidade dele.

d) Necessidade de se dirigir ao interlocutor: ao escrever uma carta, o leitor deve “aparecer” no texto; por isso, além do Vocativo, utilizam-se verbos no imperativo, que fazem o leitor perceber que é ele o interlocutor.

e) Despedida: terminada a carta, deve-se produzir uma despedida que precede a assinatura do autor. “A mais comum é “Atenciosamente”, mas, dependendo das suas intenções do locutor para com o interlocutor, será possível gerar várias outras expressões, como “De um amigo”, “Do seu eleitor”, “De alguém que deseja ser atendido”.

f) Assinatura: um texto pessoal, como é a carta, deve ser assinado pelo autor. Nos vestibulares, porém, costuma-se solicitar ao aluno que não escreva o próprio nome por extenso.


(Crônica de Moacyr Scliar)

São Paulo, 14 de agosto de 2000.

Prezados Senhores,

Uns amigos me falaram que os senhores estão para destruir 45 mil pares de tênis falsificados com a marca Nike e que, para esse fim, uma máquina especial já teria até sido adquirida. A razão desta cartinha é um pedido. Um pedido muito urgente.

Antes de qualquer coisa, devo dizer aos senhores que nada tenho contra a destruição de tênis, ou de bonecas Barbie, ou de qualquer coisa que tenha sido pirateada. Afinal, a marca é dos senhores, e quem usa essa marca indevidamente sabe que está correndo um risco. Destruam, portanto. Com a máquina, sem a máquina, destruam. Destruir é um direito dos senhores.

Mas, por favor, reservem um par, um único par desses tênis que serão destruídos para este que vos escreve. Este pedido é motivado por duas razões: em primeiro lugar, sou um grande admirador da marca Nike, mesmo falsificada. Aliás, estive olhando os tênis pirateados e devo confessar que não vi grande diferença deles para os verdadeiros.

Em segundo lugar, e isto é o mais importante, sou pobre, pobre e ignorante. Quem está escrevendo esta carta para mim é um vizinho, homem bondoso. Ele vai inclusive colocá-la no correio, porque eu não tenho dinheiro para o selo. Nem dinheiro para selo, nem para qualquer outra coisa: sou pobre como um rato. Mas a pobreza não impede de sonhar, e eu sempre sonhei com um tênis Nike. Os senhores não têm ideia de como isso será importante para mim. Meus amigos, por exemplo, vão me olhar de outra maneira se eu aparecer de Nike. Eu direi, naturalmente, que foi presente (não quero que pensem que andei roubando), mas sei que a admiração deles não diminuirá: afinal, quem pode receber um Nike de presente pode receber muitas outras coisas. Verão que não sou o coitado que pareço.

Uma última ponderação: a mim não importa que o tênis seja falsificado, que ele leve a marca Nike sem ser Nike. Porque, vejam, tudo em minha vida é assim. Moro num barraco que não pode ser chamado de casa, mas, para todos os efeitos, chamo-o de casa. Uso a camiseta de uma universidade americana, com dizeres em inglês, que não entendo, mas nunca estive nem sequer perto da universidade – é uma camiseta que encontrei no lixo. E assim por diante.

Mandem-me, por favor, um tênis. Pode ser tamanho grande, embora eu tenha pé pequeno. Não me desagradaria nada fingir que tenho pé grande. Dá à pessoa certa importância. E depois, quanto maior o tênis, mais visível ele é. E, como diz o meu vizinho aqui, visibilidade é tudo na vida.

Atenciosamente,

Um sem tênis

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O Drama dos Refugiados no Mundo



(sem título)

O cantor e compositor Cazuza cita em sua música “O Brasil vai ensinar ao Mundo, que o Brasil vai ensinar o mundo” a convivência entre as raças preto, branco judeu, palestino. Mesmo sendo uma canção do século passado, é análoga a situação contemporânea de mistura de etnias, cores e valores quando se trata dos refugiados do século XXI e que traz grandes desafios para os países e para a sociedade.

Seja por pressão governamental, por guerras ou por más condições de vida, muitas pessoas, de todo mundo saem do seu local de origem em razão de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política e vão para outros países procurarem uma nova vida. Porém, o grande problema é que a maioria dos países que recebem não dá a mínima dignidade para as famílias. Assim, geram um fenômeno que ocorre há anos em grandes centros urbanos, a periferização.

Tal desfeita com os novos habitantes ocorre pelas duas partes da nação: a sociedade e o próprio governo. Mesmo liberando as barreiras alfandegarias, seja para mulçumanos, africanos, asiáticos, ao entrarem no país não dão a mínima assistência prometida e tais grupos são sujeitos até roubos, crises e consequentemente, uma fúria. Além disso, a sociedade cria uma imagem estereotipada dos acolhidos e não oferecem emprego, tem medo e preconceito de tais pessoas. Porém, o que uma cancelaria disse, em 2016, foi algo muito positivo para solucionar a crise dos refugiados. Para a alemã Angela Merkel, é importante que todos os países se preocupem com a qualidade de vida de seus moradores e dos países vizinhos, assim reduzindo o fluxo migratório.

Portanto, para que as sociedades vivam em paz, como diria Cazuza, “há um jeitinho para tudo”. E esse é que os governos dos países convoquem ONG’S a visitarem e darem assistência a minoria da população que sofre por algum motivo. Também, as escolas desde novos devem acolher alunos de outras nacionalidades e fazerem projetos de integração e socialização para com os alunos novatos e os antigos. E por último, é preciso que os prefeitos das cidades promovam reuniões com toda a população para obterem uma convivência mais tranquila e com mais oportunidades de emprego e moradia.

Acesso em: 26 de outubro de 2018, às 16h07

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Os Perigos da Automedicação no Brasil




(sem título)

                 Na Idade Média, tornou-se progressivamente destacável o uso de plantas medicinais, especiarias com propriedades terapêuticas e fármacos sem a orientação necessária, com o objetivo de combater as enfermidades que afligiam os tripulantes no contexto de insalubridade das Grandes Navegações. Mais de 600 anos depois, apesar dos avanços na medicina, a automedicação ainda é uma prática notória no convívio social, devido a aspectos culturais e a omissão de estratos da saúde pública.
           Efetivamente, predomina, entre parte da comunidade, um paradigma deturpado em que a necessidade de acompanhamento médico para o uso de remédios é inferiorizada. A esse respeito, o sociólogo Max Weber defende o conceito "Ação Social Tradicional", segundo o qual os cidadãos se espelham em práticas frequentes da sociedade em geral para elaborar sua conduta. Nessa perspectiva, tal conceito sociológico apresenta contornos específicos no convívio social, pois, devido à baixa informatividade acerca das implicações oriundas da automedicação, o senso comum caracteriza os indivíduos como sujeitos autônomos na prescrição de medicamentos para consumo próprio. Em decorrência desse comportamento inadequado, tem-se consequências como intoxicações e superbactérias, explicitando a urgência de ações na esfera civil para solucionar essa problemática.
               Ademais, a negligência do poder público no tocante aos índices de automedicação corrobora a manutenção dessa realidade. Embora a Constituição de 1988 considere a saúde como um direito de todos e um dever do Estado, o que se verifica é o não cumprimento do texto constitucional na prática, haja vista a dificuldade para receber atendimento nos postos de saúde, bem como a carência de fiscalizações em farmácias e de mecanismos para que a população denuncie os estabelecimentos nos quais a venda desses produtos seja facilitada. A título de ilustração, conforme o Instituo de Ciência, Tecnologia e Qualidade, o Brasil é considerado recordista mundial em tal prática. Dessa forma, a inexpressividade governamental representa, de fato, um empecilho à redução da automedicação.
            Portanto, cabe à sociedade engajada desconstruir a cultura de autonomia relativa ao uso de medicamentos, mediante a atuação em ONGs empenhadas nessa temática, além de postagens educativas nas redes sociais e distribuição de livros socioeducativos, que explicitem os efeitos negativos da automedicação para a saúde dos indivíduos, no intento de possibilitar uma readequação do comportamento social e o uso orientado de fármacos. Outrossim, cabe ao Governo Federal melhorar o atendimento nos postos hospitalares, por intermédio de um maior repasse da União ao Ministério da Saúde, possibilitando a contratação de mais profissionais, bem como a criação de clínicas ambulantes e  de ouvidorias online de denúncia, no fito de orientar adequadamente a comunidade nesse assunto. 

Acesso em: 10 de outubro de 2018.

domingo, 23 de setembro de 2018

As Fake News na Era da Informação



(sem título)

O emissor deve ser sincero no que diz e não tentar enganar o receptor, ou seja, a comunicação não distorcida, defendida pelo filósofo e sociólogo Habermas, século XX. No entanto, quando se analisa a propagação das fake news na atual sociedade brasileira, é notório o quão esse ideal está constatado somente na teoria, uma vez que a utilização da internet nessa era digital está causando grandes transtornos na sociedade. Isso se evidência pela rápida disseminação das publicações, como também por ocasionar homicídios de pessoas inocentes.

Em primeira análise, sabe-se que a invenção do computador com Alan Turing e suas grandes transformações revolucionárias ao longo de décadas em todo o mundo, diminuindo distâncias, levando informações e conhecimento, porém, juntamente com isso, as noticias falsas tiveram grande crescimento e repercussão, em virtude, de ser compartilhada por diversas pessoas, sem ao menos ter o conhecimento da veracidade das informações. Conforme pesquisas divulgadas pela UNICAMP, em 2015, a cada 100 pessoas, 80 compartilham sem ao menos checar se o conteúdo é verdadeiro. De modo que, infama, calúnia e difamação vão se espalhando como um vírus dentro da sociedade.

Ademais, essas mentiras encobertas por artimanhas que aparenta ser verdade, tem ocasionados mortes, fazendo vítimas em vários locais no Brasil. Segundo o site do G1, noticia divulgada em 2014, nos últimos 3 anos os números de homicídios por fake news, cresceu 5%. É inadmissível que na atual conjuntura brasileira, tendo em vista, o aumento de noticias falsas, pessoas inocentes percam o direito de viver, por maldade de infratores, omitindo a verdade ao passo que tentam prejudicar alguém.

É evidente, portanto, que medidas sejam tomadas para amenizar essa problemática. Cabe ao estado, além de algumas medidas já tomadas, para tentar localizar possíveis malfeitores, criar campanhas com palestrantes nas cidades mais afetadas, para alertar a população sobre os sérios riscos de compartilhar toda informação que ver no mundo digital, por meio de apresentação dos vários casos ocorridos de morte de difamação pelo simples ato de clicar um botão, aparentemente inofensível, com educadores digitais, psicólogos e jornalistas, sobre as atitudes a serem tomadas antes da divulgação, como: checar em fontes confiáveis se é fato ou fake. A fim da diminuição da propagação de fake news e localização e apreensão com multas e penas mais severas aos indivíduos. Só assim caminharemos em passos largos para o ideal de Habermas, em transmitir nada mais que a verdade.

Ana Paula Coutinho, Carolina / MA
Aceso em: 24 de setembro de 2018, às 00h11

domingo, 9 de setembro de 2018

5 erros na Redação do ENEM 2018




A redação do Enem é uma das partes mais importantes do exame. Quando bem feita, pode aumentar a média final da prova, por isso é essencial que o estudante se dedique a ela, não importa qual curso queira fazer.

E para ajudar você a mandar bem na redação do Enem, listamos aqui alguns dos erros mais comuns que o estudante deve evitar enquanto escreve o texto. 

Confira!

Tome cuidado com radicalismos. A banca quer que a defesa do ponto de vista ocorra com argumentos e posições claras, racionais e, principalmente, respeitosas. Por isso, evite usar qualquer expressão extremista, mesmo que sejam termos como “nunca”, “sempre”, “jamais”.

– Evite usar clichês, provérbios e citações sem critério. Você pode acabar errando o autor da expressão (o que pega muito mal), ou até mesmo usá-la fora de contexto, o que pode direcionar a sua redação para um lado que você não quer.

– Rebuscar demais as palavras também não é uma boa ideia. Seu texto pode ficar sem fluência e clareza, dificultando a compreensão do corretor. Lembre-se: linguagem formal não é sinônimo de linguagem complicada.

– O uso da linguagem oral também deve ser bem pensado. Expressões coloquiais e gírias, como “irado”, não são adequadas a um texto que exige a norma culta da língua.

– Erros de gramática: esse nem precisa explicar, não é? Deslizes graves de regras do português podem descontar muitos pontos da sua redação. Se houver dúvida na hora de usar algum termo, procure trocá-lo por outra palavra mais segura, para não arriscar.

Acesso em: 9 de setembro de 2018, às 16h29.