segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Descriminar x Discriminar

 
https://pt.slideshare.net/

As palavras parônimas são semelhantes, na escrita e na pronúncia, mas distintas em seus significados.


https://meuredator.com.br/

 A  palavra  descriminar, escrita   com  “e”,  significa   inocentar, deixar  de  ser crime,  absolver  dentre outros

Veja:

Ex.: Ele falou em descriminar o uso de algumas drogas.

Nosso país se encontra atrasado ao não descriminar o aborto como o resto do mundo.

O acusado foi descriminado por ter agido em legítima defesa.

 

Já o vocábulo, discriminar, grafado com “i”, significa distinguir, diferenciar, classificar por algum critério dentre outros. Acrescente-se que, no plural discriminações, refere-se a crimes. 

Veja: 

Ex. Uma sociedade atrasada tende a discriminar a variedade de orientações sexuais. 

É necessário discriminar as compras na nota fiscal. 

Políticos nocivos possuem o costume de discriminar pessoas desfavorecidas. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa


segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Todo & Todo o

 
https://saberesepraticas.cenpec.org.br/

Observe as seguintes construções: 

https://blog.flaviarita.com/

I) A entidade atua em todo país.

II) Toda praça fica iluminada à noite.

III) A entidade atua em todo o país.

IV) Toda a praça fica iluminada à noite.

A informação das frases dos exemplos I e II é a de que, respectivamente, a entidade atua em todos os países do mundo, e as praças, de qualquer lugar, ficam iluminadas à noite, pois “todo” e “toda” – sem a presença de artigos! – possuem o sentido de “qualquer”.

Já com a presença do artigo, os enunciados ficam com sentidos recortados, uma vez que a frase III informa que a entidade atua em todos os estados do Brasil, e a frase IV que apenas uma determinada praça fica iluminada à noite. Nesses casos, a presença do artigo depois de "todo" e de "toda" (também de "todos" e "todas") é obrigatória.

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Chamar a atenção & Chamar à atenção

https://ufla.br/noticias/


As duas construções gramaticais são reconhecidas pala variante formal da Língua Portuguesa e possuem sentidos diferentes. 

Veja: 

I – Chamar a atenção: sentido de se notar algo relevante.

Ex. Chama a atenção o desempenho do aluno em sala de aula.

      O discurso do ambientalista chamou atenção da plateia. 

https://blog.portaleducacao.com.br/

II – Chama à atenção: usado para repreender.

Ex. Brincadeiras em sala de aula foi o motivo de o professor chamar à atenção do aluno.

      O guarda de trânsito chamou à atenção do motorista por direção perigosa.

 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Análise Redação Nota 1.000 / ENEM 2023

                                                https://vestibulares.estrategia.com/

Tema: Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado

realizado pela mulher no Brasil 

INTRODUÇÃO 

(sem título)  

         O trabalho de cuidado se mostra necessário na medida em que é o responsável pelo zelo de crianças, idosos, pessoas com deficiências e afazeres domésticos. Entretanto, nota-se na comunidade brasileira, a invisibilidade desse serviço e seu protagonismo majoritariamente feminino. (ABERTURA DO TEXTO, TEMA & TESE) Isso ocorre por duas causas principais: o baixo prestígio social estigmatizado a essas tarefas e as convenções de gênero estabelecidas pela sociedade brasileira.  

DESENVOLVIMENTO 

              A princípio, o prestígio social de um trabalho é um fator importante para a determinação de seu reconhecimento e remuneração. (ARG. 1) (INTRODUÇÃO) Nesse raciocínio, atividades de cuidado são estigmatizadas dentro do corpo social como inferiores e discriminalizador pelo seu baixo nível de escolaridade. Isso acontece, pois com a predominância do capitalismo no ocidente e a Revolução Tecnológica introduzida a partir da 3ª Revolução Industrial no mundo contemporâneo, houve a crescente valorização de serviços de alto grau de especialização e nível acadêmico. (DESENVOLVIMENTO EM DOIS PERÍODOS) Dessa forma, atividades de baixo ou nenhum valor tecnológico, como o trabalho do cuidado ou tarefas domésticas, foram socialmente marginalizadas em escala global. (CONCLUSÃO) 

              Além disso, percebe-se a predominância de mulheres na realização de serviços de assistência. Essa é uma realidade que demonstra que as transformações sociais ocorridas no Brasil não foram suficientes para desconstruir convenções de gênero e seus papéis sociais, pois atividades relacionadas ao cuidado e de cunho doméstico são predominantemente associadas a mulheres. (ARG. 2) (INTRODUÇÃO) Como exemplificação, “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, retrata esse cenário pela personagem Macabéa, nordestina que trabalha como empregada doméstica no Rio de Janeiro. (DESENVOLVIMENTO) Descrita ao longo da narrativa como pequena e invisível, ausente de acontecimentos ou importância em sua própria história, Clarice representa, dessa maneira, a invisibilidade e o preconceito da sociedade brasileira pelas mulheres que realizam o trabalho de cuidado e seus desafios. (CONCLUSÃO) 

CONCLUSÃO 

           Portanto, é necessária a aplicação de medidas para o enfrentamento da desvalorização do trabalho de cuidado no Brasil. Para isso, o Governo Executivo Federal (QUEM) deverá realizar ações de combate à desigualdade social sofrida por essa atividade, (O QUE) por meio de políticas de valorização do serviço de assistência, (COMO) como a validação legal dessa prestação como trabalho remunerado e a obrigatoriedade do pagamento do salário mínimo. (DETALHAMENTO) Assim, o Brasil se tornará um país que enxerga e prioriza todos os tipos de serviço. (RETOMADA À ABERTURA DO TEXTO & PARA QUE) 

Catharina Gonçalves Alexandre Simões Ferreira 

OBS.: Os Elementos Coesivos estão marcados em vermelho. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa


32 milhões de palavras

 

Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Enem

32 milhões de palavras 

São Paulo: Deu na Folha que a redação é a prova do Enem em que a discrepância entre escolas públicas e privadas é mais saliente. Alunos das redes estaduais obtêm uma nota em média 200 pontos menor do que a de estudantes de instituições particulares. 

A diferença de desempenho varia bastante de estado para estado. A menor delas foi de 25% (RR e SP), e a maior, de 47% (PI, TO e CE). A título de comparação, a diferença média de performance em matemática é de 21%. 

u até acho que o Enem deveria dispensar a redação. Não porque escrever direito não seja importante, mas porque é alta a correlação entre o desempenho nesta prova e nos testes de outras disciplinas. O aluno que faz uma boa dissertação vai bem também em linguagem, matemática etc. 

Quando se consideram as dificuldades logísticas para corrigir milhões de redações e a impossibilidade de fazê-lo de modo objetivo, penso que o melhor seria ficar só com as questões que têm resposta inequívoca. 

Agora, à luz dos resultados mostrados pela reportagem, daria para construir um argumento com base em equidade. Tirar a redação desse exame que dá acesso a universidades seria uma forma de reduzir as desvantagens de classe social. 

A questão de base, porém, é mais profunda. Por que indivíduos de nível socioeconômico mais elevado se saem consistentemente melhor na escola? A resposta são 32 milhões de palavras. Esse é, segundo um estudo clássico de Betty Hart e Todd Risley feito na Califórnia nos anos 1990, o número de palavras a mais a que crianças ricas são expostas em seus anos formativos (zero a cinco) em relação às pobres. 

É um déficit que os menos favorecidos carregam pela vida toda, impactando em todo o aprendizado e, portanto, na vida profissional, na renda e até na saúde. 

A boa notícia é que o mundo, Brasil incluído, acordou para esse problema e passou a valorizar muito mais a pré-escola. É uma fase em que ao menos em teoria ainda é possível reequilibrar o jogo para que as pessoas possam mais tarde competir em condições de igualdade, eliminando os caprichos da loteria cósmica. 

https://www1.folha.uol.com.br/

 

sábado, 26 de outubro de 2024

Análise Redação Nota 1.000 / ENEM 2022

 
https://querobolsa.com.br/

Tema: Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil 

INTRODUÇÃO 

(sem título)  

              Historicamente, a partir da implementação das missões jesuíticas no Brasil colonial, os povos nativos tiveram suas tradições suprimidas e o seu conhecimento acerca das peculiaridades territoriais menosprezado. (ABERTURA DO TEXTO & TEMA) Na contemporaneidade, a importância dessas populações configura um fator indispensável à compreensão da diversidade étnica do nosso país. Contudo, ainda persistem desafios à valorização dessas comunidades, o que interfere na preservação de seus saberes. Logo, urgem medidas estatais que promovam melhorias nesse cenário. (TESE) 

 DESENVOLVIMENTO 

              Sob esse viés, é válido destacar a fundamentabilidade dos povos tradicionais como detentores de pluralidade histórica e cultural, que proporciona a disseminação de uma vasta sabedoria na sociedade. (ARG. 1) (INTRODUÇÃO) Nesse sentido, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirma as heranças tradicionais desses grupos como constituintes do patrimônio imaterial brasileiro. Dessa forma, sabe-se que a contribuição desses indivíduos para a formação intelectual do corpo social engloba práticas de sustentabilidade, agricultura familiar e, inclusive, confere a eles uma participação efetiva na economia do país. (DESENVOLVIMENTO EM DOIS PERÍODOS) Assim, evidencia-se a extrema relevância dessas comunidades para a manutenção de conhecimentos diferenciados, bem como para a evolução da coletividade. (CONCLUSÃO)

              Entretanto, a falta de representantes políticos eleitos para essa classe ocasiona a desvalorização das suas necessidades sociais, que não são atendidas pelos demais legisladores. (ARG. 2) (INTRODUÇÃO) Nesse contexto, a Constituição Federal assegura direitos inalienáveis a todos os cidadãos brasileiros, abordando o dever de inclusão de povos tradicionais nas decisões públicas. Desse modo, compreende-se que a existência de obstáculos para o reconhecimento da importância de populações nativas se relaciona à ineficácia na incorporação de representantes que sejam, de fato, interessados na perpetuação de saberes e técnicas ancestrais propagados para esses grupos. (DESENVOLVIMENTO EM DOIS PERÍODOS) Sendo assim, comprova-se a ocorrência de um grave problema no âmbito coletivo, o qual impede a garantia plena dos direitos básicos dessas pessoas. (CONCLUSÃO) 

CONCLUSÃO 

              Diante do exposto, denota-se a urgência de propostas governamentais que alterem esse quadro. Portanto, cabe ao Estado (QUEM) cuja função principal é a proteção dos direitos de seus cidadãos(DETALHAMENTO) a implantação de mudanças no sistema eleitoral, (QUE) por meio da criação de cotas rígidas para a eleição de políticos oriundos de localidades nativas. (COMO) Tal reestruturação terá como finalidade a valorização de povos tradicionais, reconhecendo a sua fundamentalidade na composição histórica e cultural da sociedade brasileira. (RETOMADA À ABERTURA DO TEXTO & PARA QUE) 

Maria Fernanda Simionato, de 21 anos

OBS.: Os Elementos Coesivos estão marcados em vermelho.

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

domingo, 20 de outubro de 2024

Diferença entre textos dissertativos - II

 
https://www.pebsp.com/

Conforme combinado na última postagem, agora vamos conferir um texto Dissertativo-Argumentativo com o mesmo tema do texto Dissertativo-Expositivo, publicado em 14/10/2024. 

Veja!

 
https://www.educacaoanguera.ba.gov.br/

A Antártida e o Brasil 

      A Antártida representa o cenário do maior projeto científico internacional da história da humanidade. Para um país como o Brasil, ainda importador de tecnologia e de pouca tradição cientifica, o Projeto Antártico Brasileiro poderá constituir-se no grande salto do país no caminho do seu desenvolvimento científico e tecnológico, à medida que se puder acionar com a rapidez necessária e motivação correspondente o enorme potencial existente nas instituições científicas do país e nas suas universidades. As ciências, que se desenvolvem no continente antártico, as chamadas Ciências da Terra, por se preocuparem prioritariamente com o conhecimento do planeta e da vida nele existente, têm empolgado a juventude universitária brasileira e aparecem como um novo leque de opções a atrair a mocidade estudantil, quase sempre dirigida para as ciências mecânicas e sócio-econômicas. 

         Sem dúvida, a presença brasileira na Antártida irá requerer a superação prévia de inúmeros óbices, especialmente para o Brasil, país sem nenhuma tradição polar.O fator humano, por exemplo, tem sido uma fonte de preocupação. As necessidades de pessoal especializado ocorrem tanto nos campos de pesquisa, quanto nos de apoio. De outra parte será necessário integrar o Proantar, isto é, compatibilizá-lo com os vários projetos científicos que estão em andamento na Antártida, muitos deles iniciados durante o Ano Geofísico Internacional (AGI). Isto irá requerer um estudo detalhado desses projetos, além de uma análise criteriosa de tudo o que o se processou cientificamente na Antártida desde a realização do AGI. Somente dessa maneira é que o Proantar poderá ser reconhecido, como de interesse para a Antártida e, conseqüentemente, a pesquisa nele programada, uma vez realizada, possa ser qualificada de substancial. 

       Outra grande dificuldade que as expedições brasileiras irão enfrentar refere-se ao meio ambiente natural antártico, que é bastante adverso, não só pelas condições extremas que apresenta para a vida humana, como também pela rapidez com que, muitas vezes, os parâmetros ambientais variam. Afinal, essas dificuldades existem e, certamente, serão contornadas ou superadas pelo Brasil, como o foram pelos países pertencentes ao "Clube Antártico". 

       Um país com a importância política do Brasil, com a projeção econômica que já alcançou e com a influência cultural que tem transcendido as suas fronteiras, não poderá permanecer em uma posição caudatária em ciência e tecnologia. O Projeto Antártico, indubitavelmente, constituirá uma grande oportunidade para a nação se projetar cientificamente. 

    O Brasil não irá para a Antártida fazer reivindicações territoriais posteriores. Ciente de seus interesses e das responsabilidades que assumiu como signatário do tratado, o Brasil pretende apenas integrar-se na grande comunidade antártica, com a humildade de quem, até então, representou o grande omisso, para fazer ciência e conseqüentemente participar dos destinos daquela região, que constitui a última grande porção de terra emersa em todo o planeta e onde urna nova experiência de convivência internacional está sendo experimentada. 

       Todas as nações têm seus problemas, inclusive aquelas que desenvolvem atividades no continente antártico. Mas, nem por isso, elas pretendem abdicar de seus interesses naquele continente. Sabe-se que o Brasil tem problemas, e muitos. Mas não pode interiorizar-se e deixar de pensar no futuro. Existem compromissos com as novas gerações e há que pensar no ano 2000. A Antártida é futuro. Debruçado sobre o Atlântico Sul, o Brasil precisa retomar sua vocação marítima e caminhar para Leste e para as regiões austrais, como outrora fizeram seus antepassados lusos.

 Manual de Redação do Correio da Bahia. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa