A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
1.
Introdução
A Introdução apresenta o Tema e o Ponto de Vista a serem desenvolvidos pelo produtor textual. Para redação
de até 25 linhas, basta escrever apenas um parágrafo. Observe, agora, algumas
formas de se construir a Introdução do
texto dissertativo.
a) Declaração
É um grave erro a liberação da maconha.
Provocará de imediato uma violenta elevação do consumo. O Estado perderá o
precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições
de recuperação de viciados não terão estrutura para atender à demanda.
b)
Definição
O mito, entre os povos primitivos, é
uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os
demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda
reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam
parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão,
também, as formas da ação humana.
c)
Divisão
Predominam ainda no Brasil duas
convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser
enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos
recursos e grandes esforços. Experiências relatadas em jornais mostram que o
combate à marginalidade social, em Nova York, vem contando com intensivos
esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada.
Será que é com novos impostos que a
saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro
do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados
por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar.
e) Frase nominal
Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria
Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação e
Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3o. ano do 2o.
grau submetidos ao Saeb, que ainda avaliou estudantes da 4a. e da 8a.
séries do 1o. grau em todas as regiões do território nacional.
f) Citação direta
“As pessoas chegam a ponto de uma
criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num
bolo de mortos, virarem as costas e irem embora.” O comentário, do fotógrafo
Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de
letargia ética que domina algumas nações poderosas.
g) Citação indireta
Para Marx a religião é ópio do povo. Raymond
Aron deu o troco: marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o
ópio do povo é às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver
de que se trata.
h) Comparação
O tema da reforma agrária está
presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que
afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão
no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma
agrária, podemos perceber algumas semelhanças.
i) Um Provérbio
O corriqueiro adágio de que o pior cego é aquele
que não quer ver se aplica com perfeição na análise sobre o atual estágio da
mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços tecnológicos de
nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos
jornais é simplesmente impossível.
j) Adjetivação
Equivocada. Esta é a
verdadeira qualidade para a política educacional do governo.
2. Desenvolvimento
A finalidade do desenvolvimento é debater,
discutir, comprovar a idéia lançada na introdução do texto. A argumentação é o
trabalho de soma e concatenação de raciocínio e idéias na tentativa de provar o
Ponto de Vista do autor apresentado na Introdução. É preciso análise, síntese,
relacionamento e classificação, ainda que uma verdade pareça evidente.
Não se
deve esquecer que toda dissertação requer uma lógica interna e outra externa.
Pela primeira, entende-se a coerência, o ordenamento lógico das idéias num
conjunto harmônico em que não haja falhas para uma contra argumentação; pela
segunda, contudo, compreende-se a expressão lingüística. A princípio, como
critério organizador, cada idéia do desenvolvimento pode constituir um
parágrafo. Entre os parágrafos e os períodos, deve haver uma concatenação
natural das idéias, para isso auxiliam certos conectivos, como “por outro lado”, “além disso”, “entretanto”,
“apesar disso”, “mesmo assim” e outros que garantam a coesão do texto.
Veja algumas formas de
como se efetuar o desenvolvimento dissertativo.
a)
Argumentações favoráveis e contrárias
b) Causa & Conseqüência
c) Idéias
pertinentes
É a parte final do texto, para a qual
convergem todas as idéias anteriormente desenvolvidas. Há dois tipos básicos de
conclusão: a Reafirmação do Ponto de
Vista, que retoma o posicionamento do produtor textual colocado na Introdução; e a Sugestão, em que são feitas propostas para a resolução do problema.
Observe, a seguir, um texto dissertativo
e identifique os Elementos da Estrutura
Dissertativa dele, ou seja, os aspectos no que se refere ao Tema, o Ponto de Vista, os Argumentos,
a Reafirmação do Ponto de Vista e /
ou Sugestão. Observe, também, como se
dá a coesão e a coerência textuais.
Texto
Insegurança
pública
É notório que o sistema de segurança em vigor, hoje, nas grandes cidades
brasileiras já não atende às mínimas condições de proteção para o cidadão
comum, aquele que tem por obrigação pagar seus impostos e assegurado o seu
direito de viver e de se movimentar, onde bem entender, sem receio de assaltos
e violência, mas o que acontece na cidade do Rio de Janeiro já ultrapassou as
fronteiras do absurdo.
As pessoas que moram na ainda Cidade Maravilhosa convivem com uma situação
somente comparável, talvez, a países em situação de guerra: são trabalhadores,
mães de família, adolescentes que saem de suas casas e correm, constantemente,
o risco de sofrerem algum tipo de violência, seja ela física ou psicológica.
Ao lado disso, existem grupos de policiais, ex-policiais, agentes de segurança
que agem em favelas expulsando os traficantes ou servindo de espécie de tropa
de choque para oferecer proteção aos moradores. Para obter essa possível
segurança, os moradores das favelas pagam um valor para que essas milícias
protejam a sua comunidade contra traficantes e marginais. Há casos de
comunidades em que, na tentativa de abertura de um local para venda de drogas,
as milícias atuam chegando a matar os possíveis traficantes. Variadas são as
discussões sobre a ação e o desempenho desses grupos, mas nenhum consenso há
entre moradores e órgãos de segurança da cidade.
Outro fato importante e amplamente noticiado pela mídia foi o envio,
recentemente, pelo Governo Federal, de um contingente expressivo da Força Nacional
de Segurança Pública, para o Rio de Janeiro, a fim de colaborar com os órgãos
de segurança do estado no combate ao crime organizado, o que não deixa de ser
um auxílio importante, pois é visível a falta de uma estrutura organizada e
eficiente da polícia carioca.
Não
resta dúvida que são ações que tentam de imediato combater o crime organizado,
entretanto a dimensão do problema da segurança, no Rio de Janeiro, parece
exigir intervenções muito mais profundas do que as oferecidas aos moradores.
Pelo menos até agora.
Paulo Jorge
de Jesus. Salvador, 28 de janeiro de 2007.
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