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Segundo o Houaiss, Estilística é o “ramo da linguística que estuda a língua na sua função expressiva, analisando o uso dos processos fônicos, sintáticos e de criação de significados que individualizam estilos.”, ou seja, o produtor textual utiliza a função emotiva aliada ao intelecto com o objetivo de conseguir a adesão do seu interlocutor de maneira emocional.
Ao responder a pergunta "Qual sua experiência?" para concorrer a uma vaga de emprego, o autor produziu um texto que é um monumento à Estilística. Infelizmente, sem autoria requerida.
Boa Leitura!
Experiência?!
Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista, já me escondi
atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone, já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo, já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já tentei esquecer algumas
pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra
roubar fruta, já caí da escada de bunda, já fiz juras eternas, já escrevi no
muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra
sempre e voltei no outro instante, já corri pra não deixar alguém chorando, já
fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só, já vi
pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de
voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade
de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar, já senti medo do escuro, já
tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o
sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de
levantar.
Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas
num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era
um "para sempre" pela metade. Já deitei na grama de madrugada e vi a
Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam
novos e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: "Qual sua experiência?"
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: Experiência... Experiência...
Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência? Não!
Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora, gostaria de indagar uma
pequena coisa a quem formulou esta pergunta:
"Experiência?! Experiência?! Quem a tem, se a todo o momento tudo se
renova?!"
Paulo Jorge de
Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa
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