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De maneira general,
descrever significa apresentar as características de seres materiais ou
imateriais, humanos ou inanimados, de modo objetivo ou subjetivo.
De forma objetiva,
utilizamos predominantemente substantivos concretos e com adjetivos pospostos,
uma linguagem denotativa ou referencial, frases curtas, em ordem direta e visão
imparcial sobre o ser descrito.
Observe:
“Tenho 14 anos. Sou morena, de olhos pretos
e cabelos castanhos e encaracolados. Tenho 1,57m de altura e peso 54kg. Estudo
no CEEP Isaías Alves, no turno matutino.”
Já subjetivamente,
utilizamos essencialmente substantivos abstratos com adjetivos antepostos, uma
linguagem conotativa com a presença da função poética da linguagem e uma visão
parcial do ser analisado.
Veja:
“Eu não tinha esse rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim amargo,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo...”
Agora, observe
um exercício de descrição proposto por um material de Leitura, Interpretação e
Produção Textual, veiculado pelo Correio da Bahia, anos atrás:
“Escolhe-se um
objeto qualquer, para descrevê-lo de forma mais sensorial possível, sem dizer
de que objeto se trata. Utilizando a visão, o tato, a audição, o paladar e o
olfato, a gente dá pistas ao leitor sutilmente, conseguindo, assim, treinar
nossa capacidade descritiva e desalienar as automatizações que decorrem de
substituirmos as características das coisas, dos objetos, pelos nomes que
possuem. Os nomes classificam, organizam, traduzem o mundo, mas, ao mesmo
tempo, podem torná-lo excessivamente rotulado, pronto, destituído de
personalidade, de singularidade na maneira única e intransferível com que cada
um de nós o percebe.”
O exercício, aqui, é você
tentar descobrir qual ser ou objeto está sendo descrito. A resposta correta
você encontrará no final deste texto.
Não vale a “pesca”, hein?!
Ex. 1
“Sou um material maleável, dobrável, que você pode levar para qualquer, lugar, usar no ônibus, no banheiro, deitado no sofá. Pode conter notícias, artigos e imagens, por exemplo.”
Ex. 2
“Basicamente este objeto é um nariz, não muito pontudo. Pode assumir lugares variados, mas sempre estratégicos. Este objeto é uma janela por onde não se vê nada, uma janela que esconde os mistérios das estruturas. Um nariz tem dois buracos, mas este pode ter quatro ou até mais, depende do uso. A distância entre as narinas é padronizada. É a chegada de um intrincado caminho por onde transita o ar do homem moderno. É o sexo das paredes.”
Ex. 3
“Este objeto pode ter vários cheiros, cheiros artificiais, químicos, novos, ou então do que mais gosto: aromas mágicos, assim como bolor, poeira, uma poeira de ideias, poeira fina que é gostosa de se tirar com os dedos, vendo a cor aparecer aos poucos, nítida, convidativa. Pra se apreciar esse objeto é preciso tempo, abri-lo devagar, ir consumindo lenta e preguiçosamente, até que o apetite se torne voraz e seja impossível largá-lo. Quando é consumido até o fim, ele se “renova” e ganha uma conotação saudosa, de tesouro bem guardado, do qual a gente às vezes se lembra e corre pra ver se está no mesmo lugar, se nos diz a mesma coisa.”
Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa
Resposta: Pela sequência, papel, tomada e livro.
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