terça-feira, 27 de agosto de 2024

A Grafia das Horas

 

https://essential.com.br/

Quais enunciados, abaixo, em sua opinião, estariam corretos?

Ex. I 

A diretoria e os funcionários se reuniram às 10hs30 e às 12hs30.

Creio que às 17hrs eles já estarão em Salvador.

O programa acontece de 7H às 9H. 

Ex. II

A diretoria e os funcionários se reuniram às 10h30 e às 12h30.

Creio que às 17h eles já estarão em Salvador.

O programa acontece das 7h às 9h.

Você acertou se optou pelas frases constantes no segundo exemplo, pois o uso do artigo definido antes de horário é obrigatório, seja em hora cheia – sem minutos e segundos, seja em hora quebrada – com minutos e segundos, mas atente, também, às grafias de hora / horas, minuto / minutos e segundo / segundos.

Veja: 

Hora / Horas – h (Nunca use “hs” ou “hrs”.)

Minuto / Minutos – min (“m” é a abreviatura de metro.)

Segundo / Segundos – s (Nunca use “seg”.)

 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Tributo às Proparoxítonas

 
https://google.com.br

 

As proparoxítonas são o ápice da cadeia alimentar do léxico.

Estão para as outras palavras assim como os mamíferos para os artrópodes.

As palavras mais pernósticas são sempre proparoxítonas. Das mais lânguidas às mais lúgubres. Das anônimas às célebres.

Se o idioma fosse um espetáculo, permaneceriam longe do público, fingindo que fogem dos fotógrafos e se achando o máximo.

Para pronunciá-las, há que ter ânimo, falar com ímpeto - e, despóticas, ainda exigem acento na sílaba tônica!

Sob qualquer ângulo, a proparoxítona tem mais crédito.

É inequívoca a diferença entre o arruaceiro e o vândalo.

O inclinado e o íngreme.

O irregular e o áspero.

O grosso e o ríspido.

O brejo e o pântano.

O quieto e o tímido.

Uma coisa é estar na ponta – outra, no vértice.

Uma coisa é estar no topo – outra, no ápice.

Uma coisa é ser fedido – outra é ser fétido.

É fácil ser valente, mas é árduo ser intrépido.

Ser artesão não é nada, perto de ser artífice.

Legal ser eleito Papa, mas bom mesmo é ser Pontífice.

(Este último parágrafo contém algo raríssimo: proparoxítonas que rimam. Porque elas se acham únicas, exóticas, esdrúxulas. As figuras mais antipáticas da gramática.)

Quer causar um impacto insólito? Elogie com proparoxítonas.

É como se o elogio tivesse mais mérito, tocasse no mais íntimo.

O sujeito pode ser bom, competente, talentoso, inventivo – mas não há nada como ser considerado ótimo, magnífico, esplêndido.

Da mesma forma, errar é humano. Épico mesmo é cometer um equívoco.

Escapar sem maiores traumas é escapar ileso – tem que ter classe pra escapar incólume.

O que você não conhece é só desconhecido. O que você não tem a mínima ideia do que seja – aí já é uma incógnita.

Ao centro qualquer um chega – poucos chegam ao âmago.

O desejo de ser uma proparoxítona é tão atávico que mesmo os vocábulos mais básicos têm o privilégio (efêmero) de pertencer a essa família – e são chamados de oxítonos e paroxítonos. Não é o cúmulo?

 

Eduardo Affonso é escritor e arquiteto.

 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Cadê o Objeto Direto?

 
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Leia, atentamente, as seguintes construções orais e escritas veiculadas em tevês e sites. Em especial, atente aos verbos constantes nelas.

Veja: 

1) “Brasil classificou para segunda etapa da canoagem com Isaquias Queiroz e Jacky Godman., em 5 de Agosto de 2024, por um locutor do SporTV, durante transmissão das Olimpíadas de Paris. 

2) “Entenda os motivos que fizeram Lauro de Freitas separar de Salvador.”, em 1 de agosto de 2024, no site https://www.atarde.com.br.        

3) “Meu pai não vai aposentar", declara Patrícia Abravanel sobre Sílvio Santos, em 17 de janeiro de 2022, no http://www.ibahia.com.    

Antes de analisarmos o mesmo problema existente em todas elas, lembremos da Transitividade Verbal que classifica os verbos em de Ligação, Intransitivo, Transitivo Direto, Transitivo Indireto e Transitivo Direto e Indireto. 

https://portuguesdadepressao.blogspot.com/

Nos  exemplos  citados,  todas  as  orações  contêm  os  sujeitos  dos  verbos  classificar, separar  e aposentar corretamente   registrados   nos   enunciados,    ou    seja,    Brasil,   Lauro   de    Freitas   e     Meu   pai, respectivamente. 

Acontece que esses verbos são Transitivos Diretos e precisam ter registrados nas orações seus respectivos Objetos Diretos caso que não ocorre nos enunciados. Creditemos à falha, provavelmente, ao fato de os objetos diretos serem os mesmos dos sujeitos das frases. E como não podemos repetir o sujeito (algo inimaginável como O Brasil classificou o Brasil.), o pronome oblíquo átono “se” – correspondente à terceira pessoa – deveria constar em cada um dos enunciados agindo como objeto direto. 

Veja: 

1) “Brasil se classificou para segunda etapa da canoagem com Isaquias Queiroz e Jacky Godman.”

2) “Entenda os motivos que fizeram Lauro de Freitas se separar de Salvador.”

3) “Meu pai não vai se aposentar." 

O uso adequado da Variante Formal do Português Brasileiro em nossas movimentações sociais é essencial não só em realizações de concursos, seleções e contextos formais mas também representa uma demonstração de apreço à língua através da qual nos apresentamos ao mundo. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Adjunto Adnominal x Complemento Nominal

 

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É fundamental contar com o auxílio da Semântica – que lida com o significado das palavras – para entender melhor a função de determinados termos da oração, principalmente quando a diferença entre eles se mostra tênue. 

Em sua origem, a palavra “adjunto”, do Latim Adjunctus, é formada por ad, “a”, mais junctus, “unido, junto, ligado”, de jungere, “colocar lado a lado, jungir, unir”. Já “adnominal” vem, também, do Latim ad, “a, para, junto”, mais nominalis, “relativo ao nome”, de nomen, “nome”. Ou seja, Adjunto Adnominal é um termo colocado ao lado de um substantivo e, por ser um Termo Acessório da Oração, em tese, pode ser retirado, sem comprometer o sentido do enunciado. Nesse caso, e segundo a Gramática Normativa, são nomes o substantivo, o adjetivo e o advérbio. 

Já “complemento” vem de complementum, de com-, “junto”, mais plere e que tinha praticamente o mesmo significado de “encher, completar um número”. Concluímos, então, que Complemento Nominal é o Termo Integrante da Oração que completa o sentido de um nome, ou seja, de substantivo, adjetivo e advérbio. E se completa não pode ser retirado da oração, pois impediria o sentido do enunciado. 

Veja: 

Ex. Os dois excelentes espetáculos de teatro chegaram a essa cidade ontem.
O poeta inovador enviou três longos trabalhos ao seu amigo de infância.
 

Observe que as palavras e as expressões em negrito, apenas, adicionam uma informação acessória aos substantivos aos quais se referem e podem ser retiradas da oração, sem causar prejuízo ao entendimento do enunciado. 

Os adjuntos adnominais podem ser iniciados com ou sem preposição. 

Observe, agora: 

Ex. Soldados sentem a sensação do perigo.

Mostrava-se desgostoso com toda aquela situação.

Agiu contrariamente ao irmão. 

Nesses casos, as palavras “sensação” (substantivo), “desgostoso” (adjetivo) e “contrariamente” (advérbio) necessitam de um complemento. Experimente retirar das frases as expressões em negrito. Percebeu?! Os enunciados não farão sentido. 

E não esqueça: Os complementos nominais são sempre iniciados por preposição. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa