terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Ao Leitor Atento


De maneira ampla, leitura é um ato social praticado pelo indivíduo de interpretar a si próprio e o mundo, dentro de um contexto histórico, a partir de um ponto de vista. Condição essa essencial ao homem, pois suas leituras determinam a sua condição de “ser” e “estar” no mundo e que nos chegam assim que chegamos ao mundo.

Na postagem desta semana, coloque em prova, Caro (a) Leitor (a), a sua competência leitora, ao tentar descobrir qual fato inusitado, raríssimo na Língua Portuguesa, ocorreu nesta produção textual.

A resposta se encontra no final do texto.

Sem "pesca", hein?!


Como é que é?!*

Sem nenhum tropeço, posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo permitindo, mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, como se isto fosse mero ovo de Colombo.

Desde que se tente sem se pôr inibido, pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento.

Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo, esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo, sem o "P", "R" ou "F", ou o que quiser escolher. Podemos, em estilo corrente, repetir sempre um som ou mesmo escrever sem verbos.

Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?

Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.

Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.

(Texto de livre circulação e sem autoria.)

* Título criado pelo blogueiro.



Resp.: O texto não possui a letra "a".

domingo, 11 de fevereiro de 2018

À medida que / Na medida em que



 

Leia as frases, abaixo relacionadas, e diga se ambas estão corretas ou apenas uma delas:

a- Não temos nenhum programa a esconder, à medida que nossa atividade é absolutamente pública.

b- Não temos nenhum programa a esconder, na medida em que nossa atividade é absolutamente pública.

 

Você acertou se marcou apenas a segunda opção, pois a expressão à medida que dá a ideia de proporção:

Ex. À medida que as chuvas aumentam, as ruas e as avenidas ficam alagadas.
Desenvolvemos nossos conhecimentos, à medida que ampliamos nossas leituras.

Já a expressão na medida em que equivale a visto quejá queuma vez que, ou seja, possui ideia de causa, que é o caso da segunda frase:

Ex. Não temos nenhum programa a esconder, visto que nossa atividade é absolutamente pública.
Já que você estará em casa neste final de semana, cuide das crianças.

Uma vez que não se interessa por Arte, desistiu do curso.

E, vez em quando, encontramos na oralidade e na escrita a expressão à medida em que. Esqueça! Essa construção não está registrada na Gramática da Língua Portuguesa.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

A justiça brasileira


https://www.facebook.com/
Acesso em: 10 de fevereiro de 2017, às 16h16

A Comunicação e o Receptor


Há certas formas de comunicação que são, por sua própria natureza, parciais. Isto é, elas deixam sempre um espaço livre para a participação criativa do receptor e possibilitam com isso a expansão de seu imaginário. Esses voos da imaginação restringem-se, contudo, àquilo que o receptor já conhece.

Essas formas parciais de comunicação manifestam-se de diferentes maneiras. São elas a literatura, o teatro, a pintura abstrata, a fotografia moderna (artística), o disco, o rádio.
     

Na literatura temos um texto, mas faltam as imagens. Estas são construídas pela fantasia do leitor e são diferentes de pessoa para pessoa. Cada um as vê ampliando ou reduzindo os aspectos que mais interessam dentro dos limites do enredo. A literatura figurativa, nesse sentido, é até mais rica e apresenta mais possibilidades que a linear (estilo jornalístico).


No teatro, a dimensão que permanece aberta é a do cenário: os atores contracenam, tendo como fundo apenas alguns elementos que representam o mundo onde transcorre a estória. São elementos-símbolo; o ambiente não está de fato completo: a tarefa de completá-lo fica a cargo daquele que assiste à peça.


Na pintura abstrata e na fotografia moderna, as linhas não são definidas, a imagem não diz nada ou quase nada. Sentir, imaginar, descobrir fatos nessa imagem é tarefa de cada um que a vê.
      

O disco e o rádio, trabalhando apenas com uma dimensão – o som – também permitem que o ouvinte o transporte, imagine e participe, a seu modo, de sua composição.

Portanto, todas essas formas parciais de comunicação são vivas, não possuem limites fixados, horizontes delimitados, não fecham a mensagem.

Ciro Marcondes. Televisão – A vida pelo vídeo

sexta-feira, 17 de março de 2017

quarta-feira, 8 de março de 2017

Aviso da Lua que menstrua 


Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita.
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos..
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.


Elisa Lucinda

domingo, 5 de março de 2017

A poeta Janaína Santana comparece aqui com mais uma pérola de sua produção poética. Melhor ainda: na própria voz discursa a "Pátria prostituída".

Delícia e denúncia.

Dá-lhe, Jana!