sábado, 10 de fevereiro de 2018

A Comunicação e o Receptor


Há certas formas de comunicação que são, por sua própria natureza, parciais. Isto é, elas deixam sempre um espaço livre para a participação criativa do receptor e possibilitam com isso a expansão de seu imaginário. Esses voos da imaginação restringem-se, contudo, àquilo que o receptor já conhece.

Essas formas parciais de comunicação manifestam-se de diferentes maneiras. São elas a literatura, o teatro, a pintura abstrata, a fotografia moderna (artística), o disco, o rádio.
     

Na literatura temos um texto, mas faltam as imagens. Estas são construídas pela fantasia do leitor e são diferentes de pessoa para pessoa. Cada um as vê ampliando ou reduzindo os aspectos que mais interessam dentro dos limites do enredo. A literatura figurativa, nesse sentido, é até mais rica e apresenta mais possibilidades que a linear (estilo jornalístico).


No teatro, a dimensão que permanece aberta é a do cenário: os atores contracenam, tendo como fundo apenas alguns elementos que representam o mundo onde transcorre a estória. São elementos-símbolo; o ambiente não está de fato completo: a tarefa de completá-lo fica a cargo daquele que assiste à peça.


Na pintura abstrata e na fotografia moderna, as linhas não são definidas, a imagem não diz nada ou quase nada. Sentir, imaginar, descobrir fatos nessa imagem é tarefa de cada um que a vê.
      

O disco e o rádio, trabalhando apenas com uma dimensão – o som – também permitem que o ouvinte o transporte, imagine e participe, a seu modo, de sua composição.

Portanto, todas essas formas parciais de comunicação são vivas, não possuem limites fixados, horizontes delimitados, não fecham a mensagem.

Ciro Marcondes. Televisão – A vida pelo vídeo

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