Há certas formas de
comunicação que são, por sua própria natureza, parciais. Isto é, elas deixam sempre um espaço livre para a
participação criativa do receptor e possibilitam com isso a expansão de seu
imaginário. Esses voos da imaginação restringem-se, contudo, àquilo que o
receptor já conhece.
Essas formas parciais de comunicação manifestam-se de diferentes maneiras. São elas a literatura, o teatro, a pintura abstrata, a fotografia moderna (artística), o disco, o rádio.
Na literatura temos um
texto, mas faltam as imagens. Estas são construídas pela fantasia do leitor e
são diferentes de pessoa para pessoa. Cada um as vê ampliando ou reduzindo os
aspectos que mais interessam dentro dos limites do enredo. A literatura
figurativa, nesse sentido, é até mais rica e apresenta mais possibilidades que
a linear (estilo jornalístico).
No teatro, a dimensão que
permanece aberta é a do cenário: os atores contracenam, tendo como fundo apenas
alguns elementos que representam o
mundo onde transcorre a estória. São elementos-símbolo; o ambiente não está de
fato completo: a tarefa de completá-lo fica a cargo daquele que assiste à peça.
Na pintura abstrata e na
fotografia moderna, as linhas não são definidas, a imagem não diz nada ou quase
nada. Sentir, imaginar, descobrir fatos nessa imagem é tarefa de cada um que a
vê.
O disco e o rádio,
trabalhando apenas com uma dimensão – o som – também permitem que o ouvinte o
transporte, imagine e participe, a seu modo, de sua composição.
Portanto, todas essas formas parciais de comunicação são vivas, não possuem limites fixados, horizontes delimitados, não fecham a mensagem.
Ciro Marcondes. Televisão – A vida pelo vídeo
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