quinta-feira, 16 de abril de 2020

Como fazer um resumo



O resumo é um texto que evidencia os aspectos mais relevantes de determinada obra.

Exemplo

Pesquisa encontra contaminação em ônibus de São Paulo

Quem anda de ônibus em São Paulo tem um ótimo motivo para lavar as mãos logo depois. Pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo coletaram 120 amostras em balaústres de 40 ônibus da cidade e descobriram que todas estavam contaminadas com micro-organismos. O estudo foi publicado em outubro na revista "Arquivos Médicos", editada pela instituição.

Apesar de não causarem danos maiores a pessoas que têm a imunidade conservada, os micro-organismos encontrados podem provocar infecções em quem tem resistência mais baixa, como idosos, bebês, pessoas que passaram por um transplante ou que tomam remédios imunossupressores que baixam as defesas do organismo. As infecções podem ir de simples dermatites ou abscessos na mão a pneumonias, dependendo do grau de resistência.

Segundo Lycia Mimica, presidente da comissão de controle de infecção hospitalar da Santa Casa e professora de microbiologia da Faculdade de Ciências Médicas da instituição, o resultado era esperado.

"O pessoal vem com a mão suja e passa essas bactérias para o ônibus ao segurar nele. O próximo que chega, então, pega no mesmo local e se contamina", explica. Ela diz que o mesmo processo provavelmente ocorre em trens, táxis e outros veículos de transporte público.

Segundo Mimica, o problema do ciclo de contaminação seria minimizado com uma medida corriqueira: lavar as mãos. "O risco passa a ser praticamente zero. Mas as pessoas não têm esse costume. Andam por aí, tocam mil superfícies diferentes, mas só lavam as mãos quando saem do banheiro."

Ela diz que não se trata de falta de higiene das empresas de ônibus. "O fluxo de passageiros entre uma viagem e outra é muito grande, não haveria jeito de a empresa controlar. O passageiro é que tem que tomar cuidado mesmo."

Apesar de a maioria dos micro-organismos encontrados não ser dos mais patogênicos nem apresentar grande resistência a antibióticos, Mimica diz que nada impede que uma pessoa com doenças como pneumonia ou diarreia transmita micro-organismos mais danosos da mesma forma. E uma das amostras da pesquisa continha uma bactéria mais perigosa, o MRSA (um tipo de estafilococo), até recentemente restrito a hospitais. Mas trabalhos atuais vêm relatando sua presença na comunidade.

Atualmente, o grupo de Mimica pesquisa visitantes de pacientes internados na UTI e detectou a presença da bactéria nas mãos dessas pessoas no momento em que saem do hospital. "O familiar toca ou abraça o paciente e se esquece de lavar a mão quando sai. Com isso, acaba transportando a bactéria para fora do hospital."

Para Jacyr Pasternak, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, o grande problema em ambientes com muita aglomeração de gente, como os ônibus, é a transmissão de doenças pelo ar, como gripe, tuberculose e rotavírus. "Se a pessoa tosse perto de você, pode transmitir a doença. E não há muito o que fazer nesse caso, já que ninguém vai ficar andando de máscara por aí", diz.

Ele lembra, no entanto, que não há que se alarmar por causa de cada bactéria que aparece, pois muitas vivem pacificamente no nosso organismo. "Vivemos num mundo de micróbios. Para cada célula humana, há mil células bacterianas que coexistem no nosso organismo. Isso é inevitável", afirma.

Flávia Mantovani
Acesso em: 10 de março de 2018, às 16h14

RESUMO

             Pesquisadores da Santa Casa de São Paulo coletaram amostras em balaústres de ônibus da cidade e descobriram que todas estavam contaminadas com micro-organismos. O estudo foi publicado em outubro. Apesar de não causarem danos maiores, os micro-organismos encontrados podem provocar infecções em quem tem resistência mais baixa. Lycia Mimica, da Faculdade de Ciências Médicas da instituição, disse que o resultado era esperado.
             O pessoal vem com a mão suja e passa essas bactérias para o ônibus ao segurar nele. O próximo que chega, então, pega no mesmo local e se contamina. O mesmo processo provavelmente ocorre em trens, táxis e outros veículos de transporte público. O problema do ciclo de contaminação seria minimizado com uma medida corriqueira: lavar as mãos. Não se trata de falta de higiene das empresas de ônibus. O fluxo de passageiros é muito grande, não haveria jeito de controlar.
             Apesar de a maioria dos micro-organismos encontrados não ser dos mais patogênicos nem apresentar grande resistência a antibióticos, Mimica diz que nada impede que uma pessoa com doenças como pneumonia ou diarreia transmita micro-organismos mais danosos da mesma forma; o grupo de Mimica pesquisa visitantes de pacientes internados na UTI e detectou a presença das bactérias nas mãos dessas pessoas, no momento em que saem do hospital.
             Para Jacyr Pasternak, infectologista, o problema em ambientes com aglomeração de gente é a transmissão de doenças pelo ar, como gripe, tuberculose e rotavírus. Não há o que fazer nesse caso, já que ninguém vai ficar andando de máscara por aí. Ele lembra: não há que se alarmar por cada bactéria que aparece, pois muitas vivem pacificamente no nosso organismo.

terça-feira, 31 de março de 2020

Verossimilhança

 

Narrar, relatar... tudo parece fazer parte de nossa rotina enquanto seres eminentemente sociais. Narramos uma história ocorrida conosco ou até mesmo com outras pessoas, ouvimos também outras tantas, sejam elas verdadeiras ou não, relatamos um acontecimento por nós presenciado, enfim, muitas são as circunstâncias em que nos encontramos narrando algo. Seja por meio da oralidade, seja pela escrita, todo interlocutor espera, ao menos, que aquilo que contamos tenha um início, meio e fim.

Numa história, a cada novo acontecimento vão surgindo fatos que desencadeiam outro; tudo parece ir se complicando, chegando a um ponto máximo, até que, enfim, ou tudo se resolve ou a história toma rumos inesperados pelo próprio leitor/ouvinte. É natural, pois faz parte da trama, do enredo. E é sobre esse desencadear de ações que apostamos nossa discussão acerca de um importante elemento que norteia o gênero narrativo: a verossimilhança


Para compreendê-la, devemos partir do pressuposto de que os fatos não precisam ser verdadeiros, isto é, correspondentes à realidade, mas que sejam dotados de lógica, coerência, pois o que se espera é que eles façam sentido.Ainda que inventados, precisam satisfazer às expectativas do interlocutor, de modo a fazer com que ele encontre sentido naquilo que está compartilhando. Caso contrário, as ideias ficarão incompreensíveis, vagas. Tal aspecto se deve ao fato de que quando estamos lendo, parece que mergulhamos naquele universo, e mais: o que na realidade é fictício, à medida que vamos estabelecendo familiaridade, parece se tornar real, tamanha é a organização dos fatos, levando em consideração a forma como eles nos são repassados.   
 

Acredite! Isso é verossimilhança!

Acesso em: 31 de março de 2020, às 17h41

sábado, 21 de março de 2020

Cinco poemas para tempos difíceis



Fernando Paixão nasceu em 1955 na pequena aldeia portuguesa de Beselga, vindo a transferir-se no início de 1961 para o Brasil. Formou-se em jornalismo pela USP, iniciou e interrompeu o curso de filosofia, e defendeu tese na UNICAMP com estudo sobre a poesia do poeta português Mário de Sá-Carneiro.

Em tempos sombrios, nada melhor do que a arte - em especial, a Poesia -  para nos mantermos atentos e fortes.  

Dos cinco poemas do autor, atenção especial a CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS. 

Poeta visionário.

Ótima Leitura!



CATECISMO
Água benta para os olhos
ícone de circuitos e tentáculos
vaivém de saberes e cascalhos
sagrados venais profanos

agora somos cibernéticos
nem gregos nem moicanos
todos os dias oramos
Ave Maria à internet.

GUERRA
Trovão
das mortes

clareia
o carvão.

CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS
A noite permanece triste
no subúrbio.
Os animais humanizam os cartazes
de propaganda.
É de metal a passagem dos meses.

Pouco sabemos
do tempo vindouro.
As névoas
movimentam-se entre guindastes.

Tão indelicada
a chuva
fora de hora...

FENDA
Já não repito
os mesmos
nítidos
idos gestos

entre lábios
cresce
orvalho
o novo travo.

Não sai o som
da voz
na manhã seguinte
com igual exatidão:

mudei
de mim?

Entre ontem
e amanhã
minha face
tem o rosto
- de quem?

POÉTICA
Sem autoria e sem versos a poesia será encontrada
na pedra
no rosto e na copa das árvores ensimesmada

sinal
da sina
cor nos azulejos

o abraço das palavras
renova a presença das portas
e janelas de uma casa.

A poesia sim
se presta à prosa
da vida

invisível porcelana.

Fernando Paixão
Acesso em: 21 de março de 2020, às 13h49.