quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Para escrever com coerência

 A coerência textual é um elemento essencial para a redação.

A Coerência é um dos aspectos fundamentais para a produção de textos competentes que consigam atender às intenções do autor ao produzir o texto e as do leitor ao buscar a leitura da produção textual, desta interação surge o significado do enunciado.

Segundo Ingidore Kock, "... a coerência como princípio de interpretabilidade, depende da capacidade dos usuários de recuperar os sentido do texto pelo qual interagem, capacidade essa que pode ter limite variáveis para o mesmo usuário depende da situação e para usuários diversos depende de vários fatores."

Para que você possa ampliar sua competência textual, no momento de escrever, siga algumas orientações que listamos, a seguir. Elas podem contribuir para eliminar - ou mitigar - a tensão que muitos autores sentem no momento de escrever e, ao mesmo tempo, estabelecer uma sequência textual, um caminho a ser seguido, para atingir sua intenção ao escrever o texto.

Vamos a elas!  

1) Manter a ordem cronológica: não se deve relatar antes o que ocorre depois, a não ser que se pretenda criar um clima de suspense ou tensão (mas nunca esquecendo que, no final, a tensão deve ser resolvida).

2) Seguir uma ordem descritiva: isto é, seguir a ordem em que a cena, o objeto, o fato são observados dos detalhes mais próximos para os mais distantes, ou vice-versa; de dentro para fora; da direita para a esquerda etc.

3) Uma informação nova deve se ligar a outra, já enunciada: à medida que o texto avança, as novas ideias devem se relacionar às antigas, de maneira que todas permaneçam interligadas.

4) Evitar repetições: uma ideia já enunciada pode ser repetida - e, em alguns casos, é imprescindível que isso ocorra -, mas desde que acrescentemos uma informação nova ao raciocínio, um novo elemento, capaz de aclarar ainda mais o assunto de que estamos tratando. Ou seja, devemos evitar redundâncias: à medida que escrevemos, o texto se amplia graças à agregação de novas ideias, e não porque insistimos no que já foi tratado ou usamos um excesso de palavras.

5) Não se contradizer: uma tese exposta e defendida no início não pode ser atacada no final do texto. Se o objetivo do autor é discutir sobre diferentes argumentações em torno de um mesmo tema, deve deixar claro quem defende qual ideia. Nesses casos, todo cuidado é pouco: a contradição não deve ser assumida pelo autor, mas, sim, surgir da diversidade de opiniões.

6) Não escamotear a realidade: um dado concreto, real, só pode ser contestado com base em investigações científicas. Um fato de conhecimento público pode ter novas versões, mas com base em depoimentos fidedignos. Encobrir a realidade com rodeios ou subterfúgios, apenas para dar maior veracidade a uma ideia, acaba sempre comprometendo a qualidade do texto - e, às vezes, abalando a reputação do autor.

7) Evitar generalizações: afirmar, de forma infundada ou não, que algo é verdadeiro em grande parte das situações, ou para a maioria das pessoas, demonstra falta de argumentos ou preconceito do autor.

 Comunicação em prosa moderna, Othon M. Garcia

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

A Luz de Santo Agostinho

 feliz ano novo 2024 gif

Passado, Presente e Futuro

 

Santo Agostinho

 

    Passado não é, pois é o tempo que se afasta de nós, é tudo que já não é mais palpável, simplesmente porque já se foi.

   Presente é o “agora”, mas se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, e sim eternidade. Então se o presente precisa se tornar passado para ser tempo, ele não é, porque o que é não deixa de ser.

   Futuro também não é, já que ainda não existe, e quando existir deixará de ser futuro e passará a ser presente, que tão logo já será passado.

 

        “É impróprio afirmar que os tempos são três: pretérito, presente e futuro. Mas talvez fosse próprio dizer que os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras. Existem, pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras.”

 Livro XI da obra Confissões

Que em 2024 – e Sempre –, sejamos o presente modificador em nós e no outro.

 

Feliz Ano Novo!

 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

domingo, 3 de dezembro de 2023

O Verbo Pedir

 Países que falam português: quais são, características e onde ficam

Leia, atentamente, os seguintes enunciados:

1) Haitianos pedem emprego para soldados brasileiros.

2) Diante da notícia, o ministro pediu para que a segurança fosse reforçada.

3) Os vestibulandos pediram para o professor a revisão dos assuntos do trimestre.

Segundo a variante formal do português brasileiro pedir é um VTDI – verbo transitivo direto e indireto, ou seja, alguém pede que alguém faça algo ou pede algo a alguém, portanto as frases deveriam estar grafadas da seguinte forma:

1) Haitianos pedem emprego a soldados brasileiros.

2) Diante da notícia, o ministro pediu que a segurança fosse reforçada.

3) Os vestibulandos pediram ao professor a revisão dos assuntos do trimestre.

Mais: Acrescente-se que o primeiro enunciado grafado incorretamente contém uma ambiguidade, uma vez que ele pode dar a entender que são os soldados brasileiros que precisam de emprego e estão pedindo aos haitianos; no entanto, pelos nossos conhecimentos prévios, sabemos que o sentido só pode ser o oposto.

No entanto, o uso da preposição para é obrigatório, se verbo pedir tiver como complemento um verbo no infinitivo como em “O ex-presidente pediu para se retirar do debate.”.

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa