quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Leia, por favor, a seguir, uma notícia que acaba de ser publicada na Tribuna da Bahia, de hoje:

Segurança
SSP proíbe Centel de divulgar ocorrências para a imprensaPublicada: 13/01/2011 11:41

“A Secretaria de Segurança Pública (SSP) proibiu a Central de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar (Centel), de divulgar informações para a imprensa. O órgão é responsável por todos os registros de ocorrências policiais no estado. Os jornalistas que ligam para a Centel estão sendo informados que as solicitações devem ser feitas à assessoria de comunicação da SSP.

De acordo com atendentes, essa foi a orientação dada através de um memorando entregue na última quarta-feira (12). No entanto, a determinação tende a prejudicar o trabalho da imprensa, visto que a assessoria da SSP trabalha apenas em horário comercial, de segunda a sexta-feira. Já a Centel opera 24 horas por dia, 7 dias por semana, estando disponível para atender integralmente às demandas dos veículos de comunicação.

Um ponto curioso é que as restrições são feitas após os números da violência na Bahia ganharem destaque nacional. Repercutiu em todo o país que o estado registrou 55 assassinatos nos 10 primeiros dias deste ano. O secretário de Segurança Pública, César Nunes, está viajando e só deve discutir o assunto com a assessoria quando voltar. As informações são dos próprios jornalistas que trabalham na área de segurança.”

Após a leitura desta notícia, tem-se a impressão que o ranço do autoritarismo ainda encontra espaço nos poderes públicos do estado. Ficamos a pensar quais seriam os objetivos dessa recomendação... Por exemplo, será que escondendo os números da violência no estado a população se sentirá mais segura?

Refletindo sobre a segurança pública, em Salvador, lembrei-me de um texto dissertativo que produzi sobre a violência no Rio de Janeiro, em 2007, por solicitação de uma turma de alunos que faziam um preparatório para um concurso da Transalvador.

Boa Reflexão!
Insegurança pública

        É notório que o sistema de segurança em vigor, hoje, nas grandes cidades brasileiras já não atende às mínimas condições de proteção para o cidadão comum, aquele que tem por obrigação pagar seus impostos e assegurado o seu direito de viver e de se movimentar, onde bem entender, sem receio de assaltos e violência, mas o que acontece na cidade do Rio de Janeiro já ultrapassou as fronteiras do absurdo.
        As pessoas que moram na ainda Cidade Maravilhosa convivem com uma situação somente comparável, talvez, a países em situação de guerra: são trabalhadores, mães de família, adolescentes que saem de suas casas e correm, constantemente, o risco de sofrerem algum tipo de violência, seja ela física ou psicológica.
        Ao lado disso, existem grupos de policiais, ex-policiais, agentes de segurança que agem em favelas expulsando os traficantes ou servindo de espécie de tropa de choque para oferecer proteção aos moradores. Para obter essa possível segurança, os moradores das favelas pagam um valor para que essas milícias protejam a sua comunidade contra traficantes e marginais. Há casos de comunidades em que, na tentativa de abertura de um local para venda de drogas, as milícias atuam chegando a matar os possíveis traficantes. Variadas são as discussões sobre a ação e o desempenho desses grupos, mas nenhum consenso há entre moradores e órgãos de segurança da cidade.
       Outro fato importante e amplamente noticiado pela mídia foi o envio, recentemente, pelo Governo Federal, de um contingente expressivo da Força Nacional de Segurança Pública, para o Rio de Janeiro, a fim de colaborar com os órgãos de segurança do estado no combate ao crime organizado, o que não deixa de ser um auxílio importante, pois é visível a falta de uma estrutura organizada e eficiente da polícia carioca.
       Não resta dúvida que são ações que tentam de imediato combater o crime organizado, entretanto a dimensão do problema da segurança, no Rio de Janeiro, parece exigir intervenções muito mais profundas do que as oferecidas aos moradores. Pelo menos até agora.

Paulo Jorge de Jesus. Salvador, 28 de janeiro de 2007.

Um comentário:

  1. Grande Paulo,

    Texto profético no que tange às futuras ações assumidas pelo poder público. Notadamente no morro do alemão, esperemos que continue a dar frutos.

    A introdução de seu texto menciona a insegurança nas grandes capitais com ênfase no Rio. A impressão que tenho é que a violencia em S. Paulo é mais latente...é um monstro que só de vez em quando mostra a cara, mas está lá escondido. Acredito que seja mais violenta que o Rio...mas isto é só impressão.

    o exemplo maior que tive- e é acho que o obejtivo era ser exemplar mesmo - foi o massacre de policiais na grande São Paulo (maio/2006). Acho que nunca o poder dos criminosos atacou as instituições com tal vigor e ferocidade. Policiais foram mortos, metralhados, como cães na rua. Total de mortos entre policiais e bandidos naquele foi na ordem de 100 pessoas...muito para um dia só.
    Foi a coisa mais próxima que vi de histeria coletiva. Isso vivi e é a única referencia que uso para comparação com o Rio.

    Não esqueçamos nosso nordeste. O estado que mais teve assassinatos, se não me engano, foi Alagoas, acredito que Pernambuco na sequencia.
    Concluindo acredito que os números falam mais que a midia. Se olharmos a quantidade de assasinatos proporcionalmente à população dos estados, acredito que nem Rio nem São paulo sejam os mais violentos. É algo digno de reflexão...

    Parabéns pelo blog. Boa iniciativa!

    Saulo

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