domingo, 26 de agosto de 2012

Brasil perrengue
Aninha Franco


As pesquisas detectam um brasileiro mais atento. Um humano que assiste às sessões monótonas do "julgamento do século", como quer a imprensa sobre o mensalão, que está desencantado com a política, que duvida do continuamente prometido Brasil melhor, mas que compartilha politicamente para obtê-lo. Humano que, entre a CPI de Cachoeira e o "julgamento do século", expõe e discute as mazelas.br  pós-colonizações e ditadura nas redes sociais, e busca identidade.

Fala-se quase tanto de política no Brasil, hoje, como antes do Golpe de 1964, autor das sequelas culturais e distorções intelectuais contemporâneas. Às vezes passo, leio, ouço e sinto uma rua, um jornal, uma cidade dos USA. Mas estou no Brasil, na Bahia, em São Paulo, lendo em brasileiro. E as cidades do Cariri, de construção armorial, me aliviam. As regulares medalhas brasileiras nas Olimpíadas levaram um cartola a clamar pela meritocracia. Sempre uma boa ideia. Dilma Rousseff, depois de ouvir empresários e políticos, propõe um Brasil eficiente em seis ações. Que venha. Ninguém aguenta mais esse Brasil perrengue.

As eleições cheiram mal. Impera o espírito geral e irrestrito da desconfiança e do saco cheio à mentira generalizada, à corrupção e à convivência (harmoniosa?) da miséria com a opulência. Num Brasil eficiente, os serviços públicos funcionariam, os gestores respeitariam o erário, e os cidadãos pagariam impostos para receber benefícios. Que conste, isso não acontece desde 1549. Não importando a água que passou sob a ponte. A Lei do Acesso expõe, todos os dias, com a astúcia da serpente, os benefícios que os três poderes se autodestinaram com o poder nas mãos.

Os benefícios do Judiciário, aquele que deveria julgar, tão desavergonhados quanto os benefícios do Legislativo, aquele que deveria legislar. Praticamente sozinha, a honestidade da ministra Carmem Lúcia é motivo de admiração. Ela não usa isso e aquilo. Comentam. Ela dispensou o carro oficial e usou um táxi. Registram. É como se a imprensa ignorasse que a ministra está certa. E se assombre com a solidão do seu acerto.

Acesso em: 26 de agosto de 2012, às 14h25

Nenhum comentário:

Postar um comentário