O leitor rirá por último
Por que riem os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitanos? Nas placas que enfeiam, ainda mais, a linda cidade da Baía, destacam-se os dentes. Alvos, quase exuberantes, riem sobre a urbe destroçada. Riem de quê? Do lixo, dos buracos, do fedor de mijo que afligem os cidadãos do território sem cidadania? Do extermínio da produção artística criativa dos Anos 1990? Da inexistência de políticas públicas municipais para o que quer que seja?
Do tráfico e da polícia que, concorrentes, matam, como nunca antes na história deste Estado, jovens das periferias? Do mensalão do PT? Da CPI de Cachoeira do PSDB? Ou do poder onipresente de Sarney, o corrupto mor do País, na frágil democracia de 1963, em toda a ditadura, de 1964 a 1989, e na democracia de agora? Riem do constrangimento e da vergonha de serem políticos, como Maluf, os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitanos?
De que riem os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitanos? Dos analfabetos absolutos ou funcionais que vitimizam a si mesmos, à cidade, aos municípios, e ao Estado? Da educação pública, da saúde pública, da péssima qualidade dos serviços públicos, ou das casas caras que ocuparam para fazer campanha, e das casas ainda mais caras que ocuparão depois, se vencerem, aumentando patrimônios a galope, sem que ninguém lhes impeça ou fiscalize? Riem dos salários que os três Poderes se autocontemplaram, às escondidas, e que a Lei de Acesso tem exposto?
De que tanto riem os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitanos? Da falta de novas lideranças políticas? Das promessas que, quase todos fizeram sem falta e, as quais, quase todos faltaram, sem dúvidas? Da grana que precisa ser investida no Centro Histórico, pós avacalhação 2007.2010? Riem da gestão de Joãozinho Oito que se encerra com a cidade mais provinciana que em 2004? Riem de não terem rejeitado suas contas, tolerando que se ele se candidate a governador em 2014? Que tanto têm para rir os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitano à gestão 2013.2016. Como quem ri por último ri melhor, temos a opção da não reeleição absoluta.
Aninha Franco. Jornal A Tarde, em 26 de agosto de 2012.
Acesso em: 31 de agosto de 2012, às 12h49.
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