O ENEM de 2008 pediu uma resposta para o seguinte enunciado: “Como preservar a floresta Amazônica”. Foram sugeridas três possibilidades:
1) suspender imediatamente o desmatamento;
2) dar incentivos financeiros a proprietários que deixarem de desmatar;
3) ou aumentar a fiscalização e aplicar multas a quem desmatar.
Inicialmente, vejamos uma redação sobre o tema que alcançou uma ótima pontuação:
(Sem título)
A floresta Amazônica vem sofrendo há muito
tempo com o desmatamento, problema que compromete a realização natural
do ciclo da água, prejudicando, assim, o funcionamento pleno deste
bioma. Desse modo, é necessário preservar tal ambiente; e uma das
maneiras de fazê-lo é a efetivação de pagamentos a proprietários de
terra a fim de que parem de desmatar a floresta. Contudo, não se deve
executar apenas esta ação.
O cumprimento de tal atitude pode, sim,
diminuir o índice de desmatamento da Amazônia, já que os proprietários
de terra podem utilizar este pagamento para suas necessidades ao invés
do lucro que eles ganhariam se estivessem explorando os recursos
naturais de forma exorbitante, o que significa que, pelo menos
teoricamente, o padrão de vida desses indivíduos não seria alterado.
Por outro lado, há uma enorme probabilidade
de que, mesmo recebendo dinheiro, alguns proprietários de terra
continuem devastando a floresta para enriquecerem mais rapidamente, o
que, com certeza, é uma evidência concreta da sociedade capitalista e
ambiciosa contemporânea. Afinal, isto mostra que certas pessoas se
preocupam apenas consigo mesmas, sem se importarem com o meio ambiente.
Além disso, devido à extensão territorial
do Brasil, a verba enviada aos latifundiários da Amazônia pode não
chegar a essa região, fazendo com que eles permaneçam desmatando-a.
Outro motivo relevante para a ocorrência de tal evento é o fato de,
infelizmente, existirem muitos corruptos neste país, os quais roubam
parte do dinheiro.
Diante da problemática em questão, é
indispensável que os ambientalistas promovam manifestações pacíficas que
tenham como objetivo a conscientização dos adultos e do governo para
que ambos compreendam que é necessária a preservação ambiental, pois só
assim as gerações futuras terão meios de extrair da natureza o que é
essencial para a sobrevivência.
Análise da Redação
Parágrafo 1: O produtor
textual atendeu plenamente à proposta de redação, pois escolheu a
segunda alternativa, ou seja, defendeu a ideia de “… dar incentivos
financeiros a proprietários que deixarem de desmatar;” e colocou no
parágrafo inicial do texto. Ao mesmo tempo em que defende sua tese em
relação a sua escolha: “Desse modo, é necessário preservar tal ambiente;
e uma das maneiras de fazê-lo é a efetivação de pagamentos a
proprietários de terra a fim de que parem de desmatar a floresta.”
Construção perfeita da Introdução.
Parágrafo 2: Para defender
sua tese, o candidato apresenta seu primeiro e bom argumento “… já que
os proprietários de terra podem utilizar este pagamento para suas
necessidades ao invés do lucro que eles ganhariam se estivessem
explorando os recursos naturais de forma exorbitante…” com um Tópico Frasal constituído de Introdução, Desenvolvimento e Conclusão – nessa ordem, o que demonstra competência na progressão frasal.
Parágrafo 3: Aqui, o
candidato faz uma contra-argumentação correta ao argumento citado: “Por
outro lado, há uma enorme probabilidade de que, mesmo recebendo
dinheiro, alguns proprietários de terra continuem devastando a floresta
para enriquecerem mais rapidamente…”
Parágrafo 4: Neste
parágrafo, o candidato falha, pois apresenta mais duas
contra-argumentações o que prejudica a defesa de sua tese. Defender um
ponto de vista apresentando apenas um argumento e três
contra-argumentações é demonstrar inconsistência argumentativa.
Parágrafo 5: Chama à
atenção negativamente, o fato de o candidato citar “manifestações
pacíficas” em sua proposta de intervenção, uma vez que não houve
referência a elas ao longo do texto.
Sem dúvida uma redação acima da média, com
correção no uso da variante padrão da língua e coesão perfeitas, embora
um pouco fragilizada pela engenharia argumentativa.
Abraços,
Paulo Jorge
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