A Criatividade
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Para reverenciar este dia, trazemos a adaptação altamente criativa de A cigarra e a formiga feita por Pedro Bandeira para o texto do escritor português Antônio A. Batista e cuja autoria atribui-se a Esopo.
Ótima Leitura!
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Contrafábula da cigarra e da formiga
Mas vivia também roendo-se por dentro ao ver a cigarra, com quem estudara no ginásio, metida em shows e boates, sempre acompanhada de clientes libidinosos do Mercado Comum.
E a formiga vivia a dizer por dentro:
– Ah, ah! No inverno, você há de aparecer por aqui a mendigar o que não poupou no verão! E vai cair dura com a resposta que tenho preparada para você!
Ruminando sua terrível vingança, voltava a formiga a tesourar e entesourar investimentos e lucros, incutindo nos filhos hábitos de poupança, consultando advogados e tomando vasodilatadores.
Um dia, quando voltava de um almoço no La Tambouille com os japoneses da informática, encontrou a Cigarra no shopping Iguatemi, cantarolando como de costume.
“Lá vem ela dar a sua facada!”, pensou a formiga. “Ah, ah, chegou a minha vez!”
Mas a cigarra aproximou-se só querendo saber como estava ela e como estavam todos no formigueiro
A formiga, remordida, preparando o terreno para a sua vingança, comentou:
– A senhora andou cantando na tevê todo este verão, não foi, dona Cigarra?
– É claro!– disse a cigarra– Tenho um programa semanal.
– Agora no inverno é que vai ser mau... – continuou a formiga com toda a maldade na voz. – A senhora não depositou nada no banco, não é?
– Não faz mal. Os meus discos não saem das paradas. E acabei de fechar um contrato com o Olympia de Paris por duzentos mil dólares…
– O quê?!– exclamou a formiga – A senhora vai ganhar duzentos mil dólares no inverno?
– Não. Isso só em Paris. Depois tem a excursão em Nova York, depois Londres, depois Amsterdam…
Aí a formiga pensou no seu trabalho, nas suas azias, na sua vida terrivelmente cansativa e nas suas ameaças de infarte, enquanto aquela inútil cigarra ganhava tanto cantando e se divertindo! E perguntou:
– Quando a senhora embarca para Paris?
– Na semana que vem…
– E pode me fazer um favor? Quando chegar a Paris, procure por um tal La Fontaine. E diga-lhe que eu quero que ele vá para o raio que o parta!
http://portaldoprofessor.mec.gov.br Acesso em: 14 de novembro de 2015, às 15h57.
Abraços Fraternos,
Paulo Jorge
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