domingo, 20 de outubro de 2024

Diferença entre textos dissertativos - II

 
https://www.pebsp.com/

Conforme combinado na última postagem, agora vamos conferir um texto Dissertativo-Argumentativo com o mesmo tema do texto Dissertativo-Expositivo, publicado em 14/10/2024. 

Veja!

 
https://www.educacaoanguera.ba.gov.br/

A Antártida e o Brasil 

      A Antártida representa o cenário do maior projeto científico internacional da história da humanidade. Para um país como o Brasil, ainda importador de tecnologia e de pouca tradição cientifica, o Projeto Antártico Brasileiro poderá constituir-se no grande salto do país no caminho do seu desenvolvimento científico e tecnológico, à medida que se puder acionar com a rapidez necessária e motivação correspondente o enorme potencial existente nas instituições científicas do país e nas suas universidades. As ciências, que se desenvolvem no continente antártico, as chamadas Ciências da Terra, por se preocuparem prioritariamente com o conhecimento do planeta e da vida nele existente, têm empolgado a juventude universitária brasileira e aparecem como um novo leque de opções a atrair a mocidade estudantil, quase sempre dirigida para as ciências mecânicas e sócio-econômicas. 

         Sem dúvida, a presença brasileira na Antártida irá requerer a superação prévia de inúmeros óbices, especialmente para o Brasil, país sem nenhuma tradição polar.O fator humano, por exemplo, tem sido uma fonte de preocupação. As necessidades de pessoal especializado ocorrem tanto nos campos de pesquisa, quanto nos de apoio. De outra parte será necessário integrar o Proantar, isto é, compatibilizá-lo com os vários projetos científicos que estão em andamento na Antártida, muitos deles iniciados durante o Ano Geofísico Internacional (AGI). Isto irá requerer um estudo detalhado desses projetos, além de uma análise criteriosa de tudo o que o se processou cientificamente na Antártida desde a realização do AGI. Somente dessa maneira é que o Proantar poderá ser reconhecido, como de interesse para a Antártida e, conseqüentemente, a pesquisa nele programada, uma vez realizada, possa ser qualificada de substancial. 

       Outra grande dificuldade que as expedições brasileiras irão enfrentar refere-se ao meio ambiente natural antártico, que é bastante adverso, não só pelas condições extremas que apresenta para a vida humana, como também pela rapidez com que, muitas vezes, os parâmetros ambientais variam. Afinal, essas dificuldades existem e, certamente, serão contornadas ou superadas pelo Brasil, como o foram pelos países pertencentes ao "Clube Antártico". 

       Um país com a importância política do Brasil, com a projeção econômica que já alcançou e com a influência cultural que tem transcendido as suas fronteiras, não poderá permanecer em uma posição caudatária em ciência e tecnologia. O Projeto Antártico, indubitavelmente, constituirá uma grande oportunidade para a nação se projetar cientificamente. 

    O Brasil não irá para a Antártida fazer reivindicações territoriais posteriores. Ciente de seus interesses e das responsabilidades que assumiu como signatário do tratado, o Brasil pretende apenas integrar-se na grande comunidade antártica, com a humildade de quem, até então, representou o grande omisso, para fazer ciência e conseqüentemente participar dos destinos daquela região, que constitui a última grande porção de terra emersa em todo o planeta e onde urna nova experiência de convivência internacional está sendo experimentada. 

       Todas as nações têm seus problemas, inclusive aquelas que desenvolvem atividades no continente antártico. Mas, nem por isso, elas pretendem abdicar de seus interesses naquele continente. Sabe-se que o Brasil tem problemas, e muitos. Mas não pode interiorizar-se e deixar de pensar no futuro. Existem compromissos com as novas gerações e há que pensar no ano 2000. A Antártida é futuro. Debruçado sobre o Atlântico Sul, o Brasil precisa retomar sua vocação marítima e caminhar para Leste e para as regiões austrais, como outrora fizeram seus antepassados lusos.

 Manual de Redação do Correio da Bahia. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa


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