domingo, 20 de outubro de 2024

Diferença entre textos dissertativos - II

 
https://www.pebsp.com/

Conforme combinado na última postagem, agora vamos conferir um texto Dissertativo-Argumentativo com o mesmo tema do texto Dissertativo-Expositivo, publicado em 14/10/2024. 

Veja!

 
https://www.educacaoanguera.ba.gov.br/

A Antártida e o Brasil 

      A Antártida representa o cenário do maior projeto científico internacional da história da humanidade. Para um país como o Brasil, ainda importador de tecnologia e de pouca tradição cientifica, o Projeto Antártico Brasileiro poderá constituir-se no grande salto do país no caminho do seu desenvolvimento científico e tecnológico, à medida que se puder acionar com a rapidez necessária e motivação correspondente o enorme potencial existente nas instituições científicas do país e nas suas universidades. As ciências, que se desenvolvem no continente antártico, as chamadas Ciências da Terra, por se preocuparem prioritariamente com o conhecimento do planeta e da vida nele existente, têm empolgado a juventude universitária brasileira e aparecem como um novo leque de opções a atrair a mocidade estudantil, quase sempre dirigida para as ciências mecânicas e sócio-econômicas. 

         Sem dúvida, a presença brasileira na Antártida irá requerer a superação prévia de inúmeros óbices, especialmente para o Brasil, país sem nenhuma tradição polar.O fator humano, por exemplo, tem sido uma fonte de preocupação. As necessidades de pessoal especializado ocorrem tanto nos campos de pesquisa, quanto nos de apoio. De outra parte será necessário integrar o Proantar, isto é, compatibilizá-lo com os vários projetos científicos que estão em andamento na Antártida, muitos deles iniciados durante o Ano Geofísico Internacional (AGI). Isto irá requerer um estudo detalhado desses projetos, além de uma análise criteriosa de tudo o que o se processou cientificamente na Antártida desde a realização do AGI. Somente dessa maneira é que o Proantar poderá ser reconhecido, como de interesse para a Antártida e, conseqüentemente, a pesquisa nele programada, uma vez realizada, possa ser qualificada de substancial. 

       Outra grande dificuldade que as expedições brasileiras irão enfrentar refere-se ao meio ambiente natural antártico, que é bastante adverso, não só pelas condições extremas que apresenta para a vida humana, como também pela rapidez com que, muitas vezes, os parâmetros ambientais variam. Afinal, essas dificuldades existem e, certamente, serão contornadas ou superadas pelo Brasil, como o foram pelos países pertencentes ao "Clube Antártico". 

       Um país com a importância política do Brasil, com a projeção econômica que já alcançou e com a influência cultural que tem transcendido as suas fronteiras, não poderá permanecer em uma posição caudatária em ciência e tecnologia. O Projeto Antártico, indubitavelmente, constituirá uma grande oportunidade para a nação se projetar cientificamente. 

    O Brasil não irá para a Antártida fazer reivindicações territoriais posteriores. Ciente de seus interesses e das responsabilidades que assumiu como signatário do tratado, o Brasil pretende apenas integrar-se na grande comunidade antártica, com a humildade de quem, até então, representou o grande omisso, para fazer ciência e conseqüentemente participar dos destinos daquela região, que constitui a última grande porção de terra emersa em todo o planeta e onde urna nova experiência de convivência internacional está sendo experimentada. 

       Todas as nações têm seus problemas, inclusive aquelas que desenvolvem atividades no continente antártico. Mas, nem por isso, elas pretendem abdicar de seus interesses naquele continente. Sabe-se que o Brasil tem problemas, e muitos. Mas não pode interiorizar-se e deixar de pensar no futuro. Existem compromissos com as novas gerações e há que pensar no ano 2000. A Antártida é futuro. Debruçado sobre o Atlântico Sul, o Brasil precisa retomar sua vocação marítima e caminhar para Leste e para as regiões austrais, como outrora fizeram seus antepassados lusos.

 Manual de Redação do Correio da Bahia. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa


segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Diferença entre textos dissertativos - I

 
https://www.portugues.com.br/

Segundo o https://www.infoescola.com/, os textos Dissertativo-Expositivo e Dissertativo-Argumentativo são bastante parecidos, sobretudo com relação às características estruturais, estilo e função de linguagem. Entretanto, há um detalhe que os diferencia: enquanto o texto Dissertativo-Expositivo é impessoal, ou seja, não apresenta marcas de argumentação e de opinião do autor, no texto Dissertativo-Argumentativo, as informações são inseridas com o objetivo de reforçar a argumentação e a defesa de tese, convencendo o leitor a acatar o ponto de vista e concordar com a opinião do autor sobre o assunto.

Veja, a seguir, um exemplo de um texto Dissertativo-Expositivo. Na próxima postagem, apresentaremos um texto Dissertativo-Argumentativo com o mesmo tema, para que você possa verificar, na prática, a diferença entre eles. 

Ótimos Estudos! 

https://azup.com.br/

Antártida, um desafio e uma esperança 

         A Antártida representa a última porção de terra emersa ainda pouco conhecida e explorada. É um continente que aproximadamente 14 milhões de quilômetros quadrados que, segundo os geólogos, se originou no Mesozóico, separando-se da África, Austrália, Índia e América do Sul, possivelmente em razão de gigantescas perturbações geofísicas e geológicas ocorridas naquele período. Por aquela época, a Antártida ainda não se encontrava nas latitudes atuais, e possuía florestas tropicais e fauna abundante, que se foram extinguindo lentamente, à medida que a região se deslocava para a posição na qual hoje se encontra, com a chamada deriva dos continentes. 

          Ao contrário do Ártico, que se compõe de enorme massa oceânica congelada, o continente antártico é praticamente construído por uma imensa massa terrestre, totalmente coberta de gelo, o qual, sem dúvida, protege o mistério das idades que presidiram sua formação e certamente guarda, sob suas espessas camadas, inesgotáveis recursos minerais. 

          A primeira incursão de caráter científico que se tentou realizar na Antártida foi a efetuada por Sir James Cook, que a bordo do Resolution executou a primeira viagem de circunavegação em torno daquele continente, entre 1772 e 1775, chegando a atingir a latitude de 71°1O'S. Cook nessa viagem demonstrou a continuidade das águas ao redor da Antártida e desfez a ilusão de que a Austrália se prolongasse em latitudes antárticas, chegando até a duvidar da existência de um continente no extremo meridional, pois não o encontrou nas várias oportunidades em que cruzou o Círculo Polar Antártico. 

          No último decênio do século XVIII e inicio do século XIX, as viagens exploratórias oficiais ao continente antártico foram interrompidas, certamente pela situação política com que se encontrava a Europa, desde o início da Revolução Francesa até o fim das Guerras Napoleônicas. Entretanto, um aspecto importante que possibilitou a descoberta e o conhecimento das regiões antárticas, desde a viagem de Cook, foi o ciclo de caça da foca, abundante nos arquipélagos austrais descobertos por essa época.

          Depois da primeira Guerra Mundial, que interrompeu por algum tempo as expedições à Antártida, essas passaram a beneficiar-se consideravelmente dos novos avanços tecnológicos, sobretudo a aviação e a radiotelegrafia. À renovação da indústria baleeira, à importância das observações meteorológicas para a navegação marítima e aérea e para a climatologia, aliou-se a possibilidade de exploração futura de valiosos recursos minerais. Dentro dessas novas perspectivas é que, em 1928, Richard Byrd, da Marinha dos Estados Unidos, com a ajuda financeira de grandes empresários americanos, organizou uma expedição à Antártida, com o navio City of New York, levando a bordo um avião, com o qual realizou a primeira viagem aérea sobre aquele continente, sobrevoado inclusive o Pólo Sul, em novembro de 1929.

 Manual de redação do Correio da Bahia. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Língua Portuguesa / ENEM 2024

 
https://www.vestibulandoweb.com.br/enem/


Assuntos Recorrentes na Prova de Língua Portuguesa / ENEM 2024

1- Interpretação de texto: Certamente é o tema que permeia todo o exame, não só a prova de Linguagens e Códigos. Por isso, fique atento e leia bastante para treinar a habilidade da compreensão textual; 

2- Gêneros textuais: É indispensável que você conheça os gêneros textuais e que saiba identificá-los. Espere encontrar poemas, charges, artigos de opinião e até mesmo obras de arte — geralmente elas aparecem nas questões sobre Literatura; 

3- Norma culta e popular: O candidato deve saber a importância da norma culta, assim como deve conhecer também aspectos relacionados com as variações linguísticas, bem como respeitá-las; 

4- Funções da linguagem: Conhecer e identificar as seis funções da linguagem (referencial, apelativa, fática, poética e metalinguística) é fundamental para a compreensão do texto. As funções são responsáveis por denotar as intenções daquele que escreve o texto; 

5- Figuras de linguagem: Outro elemento essencial para a interpretação de texto e estão comumente associadas aos textos literários, assim como aos textos de humor, como charges e tirinhas; 

6- Literatura: Conhecer as características dos principais movimentos literários é muito importante para a análise das questões de Literatura. O diálogo entre elementos visuais e verbais exige que o candidato saiba estabelecer analogias e construir inferências, resgatando assim todo o conhecimento adquirido ao longo da vida escolar; 

7- Gramática e Semântica: Área da Gramática que trabalha com o sentido das palavras — portanto intimamente ligada à interpretação de texto —, a semântica é abordada em muitas questões do Enem.

 

Dicas para ser dar bem na prova de Língua Portuguesa no ENEM / 2024

 

  1. Conheça as provas anteriores.
  2. Treine a resolução das questões e a escrita com controle de tempo.
  3. Na hora da prova, comece pela leitura do enunciado da questão e, a partir do foco oferecido por ele, leia o texto-base.
  4. Ao resolver uma questão, destaque os comandos do enunciado para que você mantenha-se focado em busca do que realmente importa na leitura do texto base.
  5. Lembre-se de que, dentre as alternativas em uma mesma questão, podem haver duas que parecem responder ao que se pede, mas você deve optar por aquela que seja mais lógica ou adequada ao contexto da questão. 

https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/enem/

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Teste sua gramática!

 
https://www.pensarcursos.com.br/

Voltamos  hoje  às  nossas discussões  sobre  assuntos  relativos  à  Língua Portuguesa. Nesse  retorno, preparamos um teste com questões exclusivamente gramaticais para você.

Para isso, selecionamos treze frases contendo diversos tipos de desvio gramatical, segundo a variante padrão da nossa língua. Leia, atentamente, cada enunciado, identifique o problema e apresente a construção que, em sua opinião, é a mais adequada.


No final da postagem, você encontrará as respostas corretas.

 

Mãos à obra!

 https://www.tiktok.com/

1) Já deu seis horas.

2) O jovem, que se esforça, progride.

3) A Terra que é redonda passa por grandes transformações

4) Assisto e gosto muito de filmes de ação.

5) A estudante do ACBEU foi atendida no COT, do Corredor da Vitória.

6) São estes os alunos porque nos preocupamos.

7) A reportagem foi veiculada no Estado de São Paulo.

8) Antes dela sair, sorriu-me.

9) Aos Estados Unidos, convém as guerras?

10) A prefeitura recebeu as três milhares de mudas de árvores.

11) Paguei R$ 60,00 em uma camisa no cartão de crédito.

12) Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado.

13) O mundo passa por grandes problemas e os homens não sabem como resolvê-las.


https://www.verbojuridico.com.br/
 

1) Já deram seis horas. O sujeito do verbo dar – seis horas – está no plural.

2) O jovem que se esforça progride. Sem vírgulas, já que “... que se esforça...” é uma Oração Subordinada Adjetiva Restritiva.

3) A Terra, que é redonda, passa por grandes transformações. Com vírgulas, porque “... que é redonda...” é uma Oração Subordinada Adjetiva Explicativa.

4) Assisto a filmes de ação e gosto muito deles. Verbos com transitividades diferentes exigem complementos separados.

5) A estudante da ACBEU (Associação Cultural Brasil-Estados Unidos) foi atendida na COT (Clínica Ortopédica e Traumatológica), do Corredor da Vitória. O correto é “da” ACBEU e "na" COT, porque a concordância se dá com o primeiro substantivo da sigla; nesses casos, respectivamente, "associação" e “clínica” são palavras femininas.

6) São estes os alunos por que nos preocupamos. Usa-se “por que”, também, quando for possível substituí-lo por “pelo qual” e suas flexões.

7) A reportagem foi veiculada em O Estado de São Paulo. Títulos de jornais, revistas, livros e outros não podem estar contraídos com a preposição.

8) Antes de ela sair, sorriu-me. O sujeito não pode estar preposicionado.

9) Aos Estados Unidos, convêm as guerras? O sujeito “guerras” está no plural.

10) A prefeitura recebeu os três milhares de mudas de árvores. A palavra “milhar” é masculina.

11) Paguei R$ 60,00 por uma camisa com cartão de crédito. Quem paga, paga por alguma coisa com cartão de crédito.

12) A persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado. O sentido de “A persistirem os sintomas...” é de condicionalidade: Se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado.

13) O mundo passa por grandes problemas, e os homens não sabem como resolvê-las. Orações unidas pela conjunção “e” com sujeitos diferentes devem estar separadas por vírgula.

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa


sábado, 28 de setembro de 2024

Carta-Argumentativa

 

https://querobolsa.com.br/

Algumas universidades têm cobrado nos exames vestibulares a carta-argumentativa. E, apesar das semelhanças com o texto dissertativo-argumentativo, há diferenças importantes entre esses dois tipos de produção textual.

 

Veja:

 

a) Cabeçalho: na primeira linha da carta, na margem do parágrafo, aparecem o nome da cidade do remetente e a data.

 

Ex.: Salvador, 28 de setembro de 2024.

 

b) Vocativo: na linha seguinte, há o termo por meio do qual se dirige ao leitor, (marcado por vírgula). A escolha desse vocativo dependerá muito do leitor e da relação social com ele estabelecida.

 

Ex.: Prezado senhor Fulano, Excelentíssimo senhor presidente Luís Inácio Lula da Silva, Caro deputado Sicrano etc.

 

c) Interlocutor definido: essa é a principal diferença entre a dissertação e a carta. O texto dissertativo, geralmente, possui um leitor universal. Na carta, isso muda, pois se estabelece uma comunicação particular entre o remetente e o destinatário. Logo, deve-se adaptar a linguagem e a argumentação à realidade desse destinatário e ao grau de intimidade estabelecido entre os dois. Os argumentos e informações deverão ser compreensíveis ao leitor, próximos da realidade dele.

 

d) Necessidade de se dirigir ao interlocutor: ao escrever uma carta, o leitor deve “aparecer” no texto; por isso, além do Vocativo, utilizam-se verbos no imperativo, que fazem o leitor perceber que é ele o interlocutor.

 

e) Despedida: terminada a carta, deve-se produzir uma despedida que precede a assinatura do autor. “A mais comum é “Atenciosamente”, mas, dependendo das suas intenções do locutor para com o interlocutor, será possível gerar várias outras expressões, como “De um amigo”, “Do seu eleitor”, “De alguém que deseja ser atendido”.

 

f) Assinatura: um texto pessoal, como é a carta, deve ser assinado pelo autor. Nos vestibulares, porém, costuma-se solicitar ao aluno que não escreva o próprio nome por extenso.

 

https://www.youtube.com/

 (Crônica de Moacyr Scliar)

 

São Paulo, 14 de agosto de 2000.

 

Prezados Senhores,

 

Uns amigos me falaram que os senhores estão para destruir 45 mil pares de tênis falsificados com a marca Nike e que, para esse fim, uma máquina especial já teria até sido adquirida. A razão desta cartinha é um pedido. Um pedido muito urgente.

 

Antes de qualquer coisa, devo dizer aos senhores que nada tenho contra a destruição de tênis, ou de bonecas Barbie, ou de qualquer coisa que tenha sido pirateada. Afinal, a marca é dos senhores, e quem usa essa marca indevidamente sabe que está correndo um risco. Destruam, portanto. Com a máquina, sem a máquina, destruam. Destruir é um direito dos senhores.

 

Mas, por favor, reservem um par, um único par desses tênis que serão destruídos para este que vos escreve. Este pedido é motivado por duas razões: em primeiro lugar, sou um grande admirador da marca Nike, mesmo falsificada. Aliás, estive olhando os tênis pirateados e devo confessar que não vi grande diferença deles para os verdadeiros.

 

Em segundo lugar, e isto é o mais importante, sou pobre, pobre e ignorante. Quem está escrevendo esta carta para mim é um vizinho, homem bondoso. Ele vai inclusive colocá-la no correio, porque eu não tenho dinheiro para o selo. Nem dinheiro para selo, nem para qualquer outra coisa: sou pobre como um rato. Mas a pobreza não impede de sonhar, e eu sempre sonhei com um tênis Nike. Os senhores não têm ideia de como isso será importante para mim. Meus amigos, por exemplo, vão me olhar de outra maneira se eu aparecer de Nike. Eu direi, naturalmente, que foi presente (não quero que pensem que andei roubando), mas sei que a admiração deles não diminuirá: afinal, quem pode receber um Nike de presente pode receber muitas outras coisas. Verão que não sou o coitado que pareço.

 

Uma última ponderação: a mim não importa que o tênis seja falsificado, que ele leve a marca Nike sem ser Nike. Porque, vejam, tudo em minha vida é assim. Moro num barraco que não pode ser chamado de casa, mas, para todos os efeitos, chamo-o de casa. Uso a camiseta de uma universidade americana, com dizeres em inglês, que não entendo, mas nunca estive nem sequer perto da universidade – é uma camiseta que encontrei no lixo. E assim por diante.

 

Mandem-me, por favor, um tênis. Pode ser tamanho grande, embora eu tenha pé pequeno. Não me desagradaria nada fingir que tenho pé grande. Dá à pessoa certa importância. E depois, quanto maior o tênis, mais visível ele é. E, como diz o meu vizinho aqui, visibilidade é tudo na vida.

 

Atenciosamente,

 

Um sem tênis 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

TOP 10 – DESVIOS NA FALA

https://centroevolvere.com.br/

Ocorrem em nossas interações sociais orais diversas divergências entre o modo com que pronunciamos determinadas palavras e o que recomenda a variante padrão da Língua Portuguesa, motivadas por vários aspectos, como, por exemplo, a facilidade de pronúncia de determinados fonemas, uma melhor sonoridade, dentre outras causas.

Listamos, a seguir, um TOP 10 entre as palavras mais utilizadas pelo falante que se desviam da variante padrão da Língua Portuguesa. 

Boa Leitura! 

   https://br.freepik.com/

1) MENOS: esta palavra só possui uma forma, independente se o termo a que ela se refira é masculino ou feminino, singular ou plural. Nunca “menas”. Por ferir demais a audição, merece liderar a lista.

EX. Isto é menos verdade, meu amigo.

Menos pessoas apareceram no jogo de hoje. 

2) RUBRICA: a palavra é paroxítona, entretanto muitos pronunciam como se o som mais forte da palavra estivesse na antepenúltima sílaba, ou seja, fosse uma proparoxítona, o que não acontece.

Ex. Por favor, coloque aqui a sua rubrica. 

3) EU / MIM: quando uma frase possuir um verbo terminado em AR / ER / IR e exigir sujeito, o uso deve ser EU e não MIM. Caso contrário, utiliza-se MIM.

Ex. Este trabalho é para eu fazer o mais rápido possível.

Foi o que disse para mim o gerente. 

4) GRATUITO: o falante pensa que o fonema / a letra “i” não faz parte da segunda sílaba da palavra, o que não é verdade, ela faz, sim: gra-tui-to. É um ditongo e não um hiato.

Ex. O passeio de bicicleta é gratuito. 

5) RECORDE: possivelmente influenciado pelo seu som de origem, muitos a pronunciam como se a primeira sílaba fosse a mais forte, não é, pois se trata de uma paroxítona.
Ex. Nadador baiano bate recorde em prova aquática.
 

6) IBERO: trata-se uma paroxítona, pois a sílaba tônica se encontra no meio da palavra, e não uma proparoxítona.

Ex. Tempos atrás, ocorreu um encontro ibero-americano, em Salvador. 

7) TEX: certamente obedecendo à lei do menor esforço, o usuário da língua a pronuncia como se a sílaba tônica fosse a última. Na verdade, trata-se de uma paroxítona.
Ex. Obtém-se o látex a partir das seringueiras.
 

8) NOBEL: a palavra possui o som mais forte na última sílaba, mas o falante supõe ser a primeira. É uma oxítona.

Ex. Em 1998, José Saramago, escritor português, recebeu o Nobel de Literatura. 

9) MENDIGO: condicionado pela grande nasalidade existente na Língua Portuguesa, muitos falantes pronunciam, incorretamente, “mendingo”. Está errado. Só existe nasalização na primeira sílaba.

Ex. Os mendigos necessitam de mais atenção das prefeituras e da sociedade. 

10) PRIVILÉGIO: provavelmente, muitas pessoas pensam que a melhor sonoridade presente em “previlégio” faz dela a pronúncia correta, mas é um equívoco.

Ex. O acesso à educação de qualidade deve ser privilégio de todos. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

sábado, 14 de setembro de 2024

Três Passos à Nota 1.000 / ENEM

  
https://www.tudocelular.com/


1° Passo: Introdução 

– Apresentação do tema

– Visão geral

– Contextualização na história/tempo/espaço

– Conhecimento do mundo e bagagem cultural

– Apresentação da tese

– Introduz o assunto que será abordado

 

2° Passo: Desenvolvimento 

– Questões que você quer levantar

– Explicação das questões

– Exemplos

– Clareza na escrita

– Lógica entre um parágrafo e outro

 

3° Passo: Conclusão


– Retomada da tese

– Proposta de intervenção

– Não acrescentar informações novas

– Não repetir frases 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

domingo, 8 de setembro de 2024

Vícios de Linguagem

https://www.preparaenem.com/

VÍCIOS DE LINGUAGEM

É o nome que se dá ao modo de falar ou escrever que não estão de acordo com as normas de uma língua. O "erro" torna-se "vício" quando se torna comum ou freqüente na expressão de uma ou mais pessoas.

Barbarismo

Todo erro que se relaciona à forma da palavra.

cacoépia: seje, em vez de seja.

cacografia: rúbrica, em vez de rubrica.

estrangeirismo: exame antidoping.

Arcaísmo

Emprego de palavras que caíram desuso.

Mui fremosa senhorita.

Ambigüidade

A mensagem apresenta mais de um sentido devido à má disposição das palavras na frase.

O garoto viu o roubo do carro. (O garoto estava no carro e viu o roubo ou viu o carro ser roubado?)

Cacófato

Palavra inconveniente, ridícula ou obscena resultante da união das sílabas de palavras vizinhas.

A boca dela era horrível.

Solecismo

Erro de sintaxe.

Concordância: Fazem muitos anos. (Nesse caso fazer é impessoal.)

Regência: Esse é a música que ele mais gosta. (Essa é a música de que ele mais gosta.)

Colocação: Me faça um favor... (Faça-me um favor...)

Pleonasmo

Repetição de palavras inúteis, pois nada acrescentam ao que já foi dito.

Subiu para cima. Entrou para dentro.

Eco

É a rima em prosa, sem intenção estilística.

Infelizmente, essa ideia me veio à mente somente de repente.

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Vozes da Sabedoria

 

https://prezi.com

Segundo o Dicionário Houaiss on-line, “Provérbio – ou adágio, ou dito popular – é uma frase curta, geralmente de origem popular, rítmica e / ou rimada, rica em imagens, que sintetiza um conceito a respeito da realidade ou uma regra social ou moral.” 

Encontrados em abundância em nossa cultura, os provérbios representam para muitos de nós um repertório amplo, rico e pedagógico que contribui contribuiu para a nossa formação pessoal, familiar e social. 

Vivíssimos em minha lembrança afetiva, os ditados populares chamavam-me à atenção, porque era impressionante a recorrência de seu uso, principalmente pelas mulheres de nossa comunidade, a extinta Buracão, situada no bairro da Federação, próximo ao Rio Vermelho, que sumiu do mapa para dar lugar a um alto e triste viaduto que liga – ou separa?! – o bairro do Rio Vermelho à av. Vasco da Gama, aqui, em Salvador. 

Lembro-me, certa vez, de que uma das minhas irmãs começou a se interessar por um garoto que não lhe retribuía as atenções. Ao perceber a situação, minha mãe dizia: “Cuidado minha filha. Quem muito se abaixa o melhor aparece.” Ou então: "Boa romaria faz, quem em sua casa está em paz.", para momentos em que ficávamos em casa dos vizinhos. 

Millôr Fernandes, desenhista, humorista, tradutor, escritor e dramaturgo brasileiro, reescreveu alguns provérbios bastante conhecidos em nossa oralidade utilizando a Variante Formal do Português Brasileiro, o que resultou em um humor estranho e refinado. 

Veja:

Ex. 1: “Quando o sol está abaixo do horizonte, a totalidade dos animais domésticos da família dos felídeos é de cor mescla entre preto e branco.

R. À noite, todos os gatos são pardos. 

Ex. 2: “A criatura canonizada que vive em nosso próprio lar não é capaz de produzir efeito extraordinário que vá contra as leis fundamentais da natureza.

R. Santo de casa não faz milagre. 

Agora é com você. Tente descobrir quais provérbios Millôr transcreveu para a variante formal da Língua Portuguesa. As respostas você encontrará no final desta página. 

Não vale a pesca, hein?! 

a- “De unidade de cereal em unidade de cereal, a ave de crista carnuda, asas curtas e largas, da família das galináceas, abarrota a bolsa que existe nessa espécie por uma dilatação do esôfago e na qual os alimentos permanecem algum tempo antes de passarem à moela. 

b- “Substância inodora e incolor que já se foi não é mais capaz  de comunicar movimento ou ação ao engenho especial de triturar cereais. 

c- “Aquele que se deixa prender sentimentalmente por pessoa destituída de dotes físicos de encanto ou graça, acha-a extraordinariamente dotada desses mesmos encantos que os outros lhe não veem.” 

d- “O traje característico que usa e não identifica fundamentalmente a pessoa que por fanatismo, misticismo ou cálculo se isola da sociedade, levando vida austera e desligada das coisas mundanas. 

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

 

a- De grão em grão, a galinha enche o papo.

b- Águas passadas não movem moinhos.

c- Quem ama o feio bonito lhe parece.

d- O hábito não faz o monge.