A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO – II
A dissertação possui três partes fundamentais: a Introdução, o Desenvolvimento e a Conclusão. Para começar a rascunhar seu texto, primeiro procure as palavras-chave do enunciado. Em seguida, elabore perguntas que estejam relacionadas a esse tema. Você deve refletir, procurando respostas para as questões formuladas. Certamente você não terá problemas nesse momento de reflexão, pois sabemos que, para defender um ponto de vista, certamente você já deve ter algum conhecimento sobre o assunto.
Essas respostas colaboram na argumentação, já que, para defender uma idéia, você precisa argumentar sobre ela com o leitor, na tentativa de convencê-lo. O ideal é que você, a partir do tema, reflita e consiga as respostas (argumentos) para elaborar a segunda parte da dissertação, ou seja, o Desenvolvimento; pois, começando a pensar nos argumentos, você já pode ter a noção do seu projeto textual, integralmente, isto é, de que forma poderá estruturar sua dissertação.
Exemplificando, suponhamos que o assunto seja "desemprego", do qual extraímos o seguinte tema (delimitação do assunto): "As principais conseqüências do desemprego no Brasil se agravam a cada dia, principalmente, nos grandes centros urbanos." Palavras-chave: conseqüências, desemprego, Brasil e centros.
Elaborando a pergunta, teríamos: "Quais seriam as principais conseqüências do desemprego e por que se agravam a cada dia?".
Como respostas, poderíamos apresentar os seguintes argumentos:
1. o número excessivo de pessoas que vivem na mais completa miséria;
2. a expansão de favelas nesses grandes centros;
3. o aumento da criminalidade.
Outros argumentos podem ser apontados. O importante é que cada argumento encontrado esteja relacionado com o assunto em questão.
Após a reflexão, guarde os argumentos levantados para compor posteriormente o Desenvolvimento, que chamamos de o “cérebro da dissertação”. Comece a pensar, agora, na Introdução, que bem poderia esta:
As principais conseqüências do desemprego no Brasil se agravam a cada dia, principalmente nos grandes centros urbanos; e, ao que parece, não vislumbramos um horizonte promissor diante de um quadro econômico e social que insiste em se mostrar cada vez pior.
Observe que, nessa primeira parte, foi estabelecido o assunto, já delimitado, ou seja, o tema a ser tratado, e a posição do autor do texto. Observe, ainda, o emprego da palavra "e", o ponto-e-vírgula e as vírgulas colocadas neste parágrafo para unir o tema ao ponto de vista do autor.
Terminada essa etapa, passamos para uma outra, o Desenvolvimento, parte do texto em que cada um dos argumentos já mencionados será desenvolvido.
Desse modo, para cada um dos três argumentos apresentados, teríamos um parágrafo, num total de três:
Movidas pela idéia de que, nos grandes centros, o ser humano conta com melhores condições para a sua subsistência, populações inteiras imigram do interior. O sonho termina logo que essas pessoas chegam às cidades e começam a procurar emprego. São inúmeros os problemas com os quais se deparam, e a resposta é sempre a mesma: "Não há vaga", ou ainda, "A vaga já foi preenchida".
Sem terem para onde ir, essas pessoas acabam se alojando em favelas, aumentando-as em sua extensão territorial, ou formam outras que crescem do mesmo modo, vivendo de maneira degradante. A luta agora é com a fome, com a miséria. O pouco que conseguem mal dá para a sua sobrevivência e a de seus filhos. Isso tudo explica a existência de tantos meninos que tentam vender balas, chocolates e outras pequenas mercadorias aos motoristas que param à espera do sinal abrir. Junto com a miséria e a fome, surgem doenças, muitas vezes sem a possibilidade da cura; pois, se essas pessoas conseguem atendimento médico gratuito, muitos deles não têm como comprar os remédios.
Diante de todos esses problemas, pode-se acrescentar mais um: o da criminalidade. Bastaria citar a grave situação desencadeada nas favelas entre os denominados traficantes que lá se instalam e os policiais. Todavia, esse é apenas um dentre outros e graves exemplos. Além da conotação que se tem com relação a quem mora em uma favela – a de bandido –, há ainda o forte impulso da miséria que, com o desemprego, faz com que alguns acabem praticando pequenos roubos, às vezes, até, provocando a sua própria morte.
Assim como na Introdução e na Conclusão, no Desenvolvimento ocorre o emprego de palavras como “isso, junto com, todavia, além da, diante de” que estabelecem a ligação, não só com o parágrafo anterior, mas também com os períodos e orações de um mesmo parágrafo. O texto deve manter essa conexão, compondo um todo significativo entre os argumentos desenvolvidos.
A última etapa é a Conclusão. Nesse parágrafo reafirme seu ponto de vista já mencionado na Introdução, utilizando-se, obviamente, de outras palavras. Veja:
Os governantes e a sociedade deste país devem buscar formas políticas e sociais para, no mínimo, tentar amenizar essa situação, pois enquanto cada cidadão estiver preocupado apenas com seus direitos, a taxa de desemprego continuará crescendo e, também, a miséria, as favelas e a criminalidade.
Observação:
Uma outra forma de se redigir a Conclusão seria apenas fazer um comentário final, sem a reafirmação do tema. Outro elemento importante e que não pode ser esquecido jamais é o Título da dissertação. Procure um título curto e criativo. Nesse caso, um bom exemplo seria “Futuro anunciado”.
Reunindo todos os parágrafos escritos temos agora a dissertação, completa, acrescida do título.
Veja:
Futuro anunciado
As principais conseqüências do desemprego no Brasil se agravam a cada dia, principalmente nos grandes centros urbanos; e, ao que parece, não vislumbramos um horizonte promissor diante de um quadro econômico e social que insiste em se mostrar cada vez pior.
Movidas pela idéia de que, nos grandes centros, o ser humano conta com melhores condições para a sua subsistência, populações inteiras imigram do interior. O sonho termina logo que essas pessoas chegam às cidades e começam a procurar emprego. São inúmeros os problemas com os quais se deparam, e a resposta é sempre a mesma: "Não há vaga", ou ainda, "A vaga já foi preenchida".
Sem terem para onde ir, essas pessoas acabam se alojando em favelas, aumentando-as em sua extensão territorial, ou formam outras que crescem do mesmo modo, vivendo de maneira degradante. A luta agora é com a fome, com a miséria. O pouco que conseguem mal dá para a sua sobrevivência e a de seus filhos. Isso tudo explica a existência de tantos meninos que tentam vender balas, chocolates e outras pequenas mercadorias aos motoristas que param à espera do sinal abrir. Junto com a miséria e a fome, surgem doenças, muitas vezes sem a possibilidade da cura; pois, se essas pessoas conseguem atendimento médico gratuito, muitos deles não têm como comprar os remédios.
Diante de todos esses problemas, pode-se acrescentar mais um: o da criminalidade. Bastaria citar a grave situação desencadeada nas favelas entre os denominados traficantes que lá se instalam e os policiais. Todavia, esse é apenas um dentre outros e graves exemplos. Além da conotação que se tem com relação a quem mora em uma favela – a de bandido –, há ainda o forte impulso da miséria que, com o desemprego, faz com que alguns acabem praticando pequenos roubos, às vezes, até, provocando a sua própria morte.
Os governantes e a sociedade deste país devem buscar formas políticas e sociais para, no mínimo, tentar amenizar essa situação, pois enquanto cada cidadão estiver preocupado apenas com seus direitos, a taxa de desemprego continuará crescendo e, também, a miséria, as favelas e a criminalidade.