segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
O que pode um Artista!
Houvesse uma pesquisa, a fim de eleger a canção da MPB – Música Popular Brasileira, que melhor traduziu a grandeza da Língua Portuguesa, provavelmente, Língua, de Caetano Veloso, seria imbatível entre suas concorrentes.
Ao longo da letra da música, Caetano estabelece inúmeros diálogos com as áreas da Música, da Filosofia, da Etimologia, da Literatura e da História para exaltar a nossa língua. Aqui, apresentamos como esses diálogos acontecem, ao mesmo tempo em que celebramos a genialidade de um grande mestre da MPB, hoje, 5 de maio, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura entre os países de Língua Portuguesa.
Sugerimos, à medida que você fizer a leitura da letra, a audição da música. Você pode acessar, por exemplo, o endereço http://www.youtube.com/watch?v=n2KttEYpURI.
É impressionante o que Caetano consegue fazer nesta obra-prima da MPB!
Gosto de sentir a minha língua roçar
a língua de Luís de Camões = aproximar o português brasileiro do português de Portugal.
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia = parte da gramática tradicional que se dedica às características da emissão dos sons da fala, como o acento e a entoação.
E uma profusão de paródias = um tipo de intertextualidade
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa = Fernando Pessoa, poeta português do séc. XX
Da rosa no Rosa = Guimarães Rosa / Noel Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior? = a amizade é superior ao amor, porque este já se encontra dentro daquela.
E deixe os Portugais morrerem à míngua = a Língua Portuguesa em vários países.
"Minha pátria é minha língua" = “Minha pátria é a língua portuguesa”, verso de Fernando Pessoa
Fala Mangueira! Fala! = escola de samba do Rio de Janeiro
Flor do Lácio Sambódromo = “A última flor do Lácio”, poema de Olavo Bilac. Sambódromo é um hibridismo.
Lusamérica latim em pó = O português desaparecendo no Brasil.
O que quer
O que pode esta língua? = exaltação à Língua Portuguesa
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô (sugestão de Moreno, filho de Caetano, para o nome do disco) da dicção choo-choo de Carmem Miranda = cantora, dançarina e atriz
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate = escritor, cantor e compositor
E – xeque-mate – explique-nos Luanda = capital de Angola e a mais populosa capital lusófona do mundo.
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo = segundo Caetano, uma mania de certos repórteres da emissora terminarem as frases com “dele” e suas variantes.
Sejamos o lobo do lobo do homem = “O homem é o lobo do homem”, frase de Thomas Hobbes (1588 - 1679)
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, = (jornalista, ex-mulher de Lulu Santos) Glauco Mattoso (poeta marginal) e Arrigo Barnabé (cantor e compositor) e Maria da Fé (cantora de fado portuguesa, considerada expoente neste gênero musical)
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão = afirmação atribuída a Heidegger, filósofo alemão (1889 – 1976)
Blitz quer dizer corisco = sinônimos de relâmpago
Hollywood quer dizer azevedo = holly (sagrado) + (wood) madeira; azevedo (de "azevinho", esta madeira sagrada da África)
A língua é minha pátria = pai
E eu não tenho pátria, tenho mátria = um neologismo para a "mãe".
E quero frátria = irmão. Etimologicamente, subdivisão de uma tribo em Atenas e Esparta, confraria ou associação de cidadãos.
Poesia concreta, prosa caótica = Poesia vanguardista, de caráter experimental e basicamente visual.
Ótica futura
Samba-rap, chic-left (a esquerda elitizada) com banana
– Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô (gíria = tô cheio)
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique (primeiro verso da música “Mozambique”, de Bob Dylan – “Eu gosto de gastar um tempo em Moçambique”, que tem o português como língua oficial)
– Arigatô, arigatô!) = palavra japonesa erroneamente tida como de origem portuguesa.
Nós canto-falamos como quem inveja negros = a música é um canto-falado.
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem = bairro de Nova Iorque e grande centro comercial e cultural dos afro-descendentes.
Livros, discos, vídeos à mancheia = “Bem aventurados os que semeiam livros / livros à mão cheia e manda o povo pensar”, versos de Castro Alves.
E deixa que digam, que pensem, que falem = verso da música “Deixa isso pra lá”, sucesso de Jair Rodrigues, na década de 60.
Abraços Fraternos!
Paulo Jorge
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
O pressuposto e o subentendido estão entre esses recursos linguísticos e são dois dos mais utilizados em nossa comunicação diária. O pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre da presença de uma palavra, expressão ou frase (ou oração) no enunciado, seja ele falado ou escrito. Veja:
Ex. As chuvas continuam a atormentar a vida dos habitantes de Salvador.
De repente, os alunos entenderam os assuntos meio ambiente e vida saudável.
O jovem que se esforça progride.
Observe que no primeiro exemplo, a palavra “continuam” enuncia que os habitantes de Salvador passam por um transtorno que já vem ocorrendo há certo tempo. No segundo, a expressão “De repente” afirma que o entendimento dos alunos sobre meio ambiente e vida saudável se deu de forma rápida. Já a oração “... que se esforça...” informa que apenas jovens com essa característica terão sucesso na vida.
Já o subentendido é uma informação implícita, presente nas entrelinhas do texto, e precisa da participação do ouvinte ou do leitor para sua compreensão. No entanto, o autor do subentendido poderá ater-se ao sentido literal das palavras e negar que tinha tido a intenção de dizer aquilo que o ouvinte inferiu. Observe:
Ex. Fala do ex-presidente do Esporte Clube Vitória proferida alguns anos atrás em uma emissora de rádio de Salvador, Bahia: “O Vitória não é time refém de treinador.”
Ao enunciar que seu clube “não é refém de treinador”, o ex-presidente sugere que outro time é refém de treinador, uma vez que afirmação para essa negação é "Algum time é refém de treinador." Nesse caso, o ouvinte irá buscar, em seu repertório cultural, a resposta para a proposição. Chega, então, à conclusão que é o Esporte Clube Bahia o detentor de tamanha desventura, haja vista a rivalidade existente entre os dois clubes e não fazer sentido o sr. Paulo Carneiro se referir a outro clube de futebol.
Analisemos, agora, o texto sobre o lançamento de um CD, de Djavan, publicado no jornal A Tarde, em agosto de 2010: “Em última análise, o disco é um passeio emocional por um recorte específico e pessoal de suas memórias musicais. Imperdível. Para os fãs.”
O enunciado possui três períodos, e os dois últimos fazem despertar a atenção do leitor. Caso estivessem estruturados em um único período, a compreensão seria que os fãs se encantariam com o novo trabalho do cantor alagoano. E só, haja vista que a palavra "Imperdível" estaria diretamente ligada a "Para os fãs." Mas, ao criar dois períodos para a informação final, o jornalista elimina a ligação com a frase final e sugere – afirma! – que somente os fãs irão gostar do novo CD de Djavan. Mais ninguém. Inclusive ele!
Abraços,
Paulo Jorge de Jesus
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
A Criatividade
www.pensador.uol.com.br
Para reverenciar este dia, trazemos a adaptação altamente criativa de A cigarra e a formiga feita por Pedro Bandeira para o texto do escritor português Antônio A. Batista e cuja autoria atribui-se a Esopo.
Ótima Leitura!
www.imagick.com.br
Contrafábula da cigarra e da formiga
Mas vivia também roendo-se por dentro ao ver a cigarra, com quem estudara no ginásio, metida em shows e boates, sempre acompanhada de clientes libidinosos do Mercado Comum.
E a formiga vivia a dizer por dentro:
– Ah, ah! No inverno, você há de aparecer por aqui a mendigar o que não poupou no verão! E vai cair dura com a resposta que tenho preparada para você!
Ruminando sua terrível vingança, voltava a formiga a tesourar e entesourar investimentos e lucros, incutindo nos filhos hábitos de poupança, consultando advogados e tomando vasodilatadores.
Um dia, quando voltava de um almoço no La Tambouille com os japoneses da informática, encontrou a Cigarra no shopping Iguatemi, cantarolando como de costume.
“Lá vem ela dar a sua facada!”, pensou a formiga. “Ah, ah, chegou a minha vez!”
Mas a cigarra aproximou-se só querendo saber como estava ela e como estavam todos no formigueiro
A formiga, remordida, preparando o terreno para a sua vingança, comentou:
– A senhora andou cantando na tevê todo este verão, não foi, dona Cigarra?
– É claro!– disse a cigarra– Tenho um programa semanal.
– Agora no inverno é que vai ser mau... – continuou a formiga com toda a maldade na voz. – A senhora não depositou nada no banco, não é?
– Não faz mal. Os meus discos não saem das paradas. E acabei de fechar um contrato com o Olympia de Paris por duzentos mil dólares…
– O quê?!– exclamou a formiga – A senhora vai ganhar duzentos mil dólares no inverno?
– Não. Isso só em Paris. Depois tem a excursão em Nova York, depois Londres, depois Amsterdam…
Aí a formiga pensou no seu trabalho, nas suas azias, na sua vida terrivelmente cansativa e nas suas ameaças de infarte, enquanto aquela inútil cigarra ganhava tanto cantando e se divertindo! E perguntou:
– Quando a senhora embarca para Paris?
– Na semana que vem…
– E pode me fazer um favor? Quando chegar a Paris, procure por um tal La Fontaine. E diga-lhe que eu quero que ele vá para o raio que o parta!
http://portaldoprofessor.mec.gov.br Acesso em: 14 de novembro de 2015, às 15h57.
Abraços Fraternos,
Paulo Jorge
domingo, 13 de dezembro de 2015
Como elaborar resumos
www.brasilescola.uol.com.br
O resumo tem por objetivo apresentar com fidelidade ideias ou fatos essenciais contidos num texto. Sua elaboração é bastante complexa, já que envolve habilidades como leitura competente, análise detalhada das ideias do autor, discriminação e hierarquização dessas ideias e redação clara e objetiva do texto final. Em contrapartida, dominar a técnica de fazer resumos é de grande utilidade para qualquer atividade intelectual que envolva seleção e apresentação de fatos, processos, ideias, etc.
O resumo pode se apresentar de várias formas, conforme o objetivo a que se destina. No sentido estrito, padrão, deve reproduzir as opiniões do autor do texto original, a ordem como essas são apresentadas e as articulações lógicas do texto, sem emitir comentários ou juízos de valor. Dito de outro modo, trata-se de reduzir o texto a uma fração da extensão original, mantendo sua estrutura e seus pontos essenciais.
Quando não há a exigência de um resumo formal, o texto pode igualmente ser sintetizado de forma mais livre, com variantes na estrutura. Uma maneira é iniciar com uma frase do tipo: “No texto ….., de ……, publicado em……., o autor apresenta/ discute/ analisa/ critica/ questiona ……. tal tema, posicionando-se …..”. Esta forma tem a vantagem de dar ao leitor uma visão prévia e geral, orientando, assim, a compreensão de que segue. Este tipo de síntese pode, se for pertinente, vir acompanhada de comentários e julgamentos sobre a posição do autor do texto e até sobre o tema desenvolvido.1
Em qualquer tipo de resumo, entretanto, dois cuidados são indispensáveis: buscar a essência do texto e manter-se fiel às ideias do autor. Copiar partes do texto e fazer uma “colagem”, sob a alegação de buscar fidelidade às ideias do autor não é permitido, pois o resumo deve ser o resultado de um processo de “filtragem”, uma (re)elaboração de quem resume. Se for conveniente utilizar excertos do original (para reforçar algum ponto de vista, por exemplo), esses devem ser breves e estar identificados (autor e página).
www.passoapasso.com.br
Uma sequência de passos eficiente para fazer um bom resumo é a seguinte:
a) ler atentamente o texto a ser resumido, assinalando nele as ideias que forem parecendo significativas à primeira leitura;
b) identificar o gênero a que pertence o texto (uma narrativa, um texto opinativo, uma receita, um discurso político, um relato cômico, um diálogo, etc.)
c) identificar a ideia principal (às vezes, essa identificação demanda seleções sucessivas, como nos concursos de beleza…);
d) identificar a organização – articulações e movimento – do texto (o modo como as ideias
secundárias se ligam logicamente à principal);
e) identificar as ideias secundárias e agrupá-las em subconjuntos (por exemplo: segundo sua ligação com a principal, quando houver diferentes níveis de importância; segundo pontos em comum, quando se perceberem subtemas);
f) identificar os principais recursos utilizados (exemplos, comparações e outras vozes que ajudam a entender o texto, mas que não devem constar no resumo formal, apenas no livre, quando necessário);
g) esquematizar o resultado desse processamento;
h) redigir o texto.
Evidentemente, alguns resumos são mais fáceis de fazer do que outros, dependendo especialmente da organização e da extensão do texto original. Assim, um texto não muito longo e cuja estrutura seja perceptível à primeira leitura, apresentará poucas dificuldades a quem resume. De todo modo, quem domina a técnica – e esse domínio só se adquire na prática – não encontrará obstáculos na tarefa de resumir, qualquer que seja o tipo de texto.
1Resumos são, igualmente, ferramentas úteis ao estudo e à memorização de textos escritos. Além disso, textos falados também são passíveis de resumir. Anotações de ideias significativas ouvidas no decorrer de uma palestra, por exemplo, podem vir a constituir uma versão resumida de um texto oral.
http://www.pucrs.br/manualred/resumos.php
Acesso em: 9 de dezembro de 2015, às 19h44.
Acesso em: 9 de dezembro de 2015, às 19h44.
Abraços Fraternos!
Um mosaico linguístico. É assim que podemos analisar e compreender a Língua Portuguesa, no Brasil, haja vista que as suas diferenças ocorrem devido a fatores específicos como região, sexo, idade, grau de escolaridade, categoria profissional dentre outros, que influenciam a dinâmica do Português Brasileiro; obviamente, além do seu aspecto histórico.
De forma humorística, o texto, a seguir, trata dos falares regionais da Língua Portuguesa, em nosso País. Aqui, o mais importante é compreender que essas formas linguísticas não devem ser vistas como erros, e sim variações, modos de falar que são tão legítimos quanto à forma Padrão do Português Brasileiro. Afinal, o que determina a escolha do modo de dizer, na oralidade, é o contexto social em que estão inseridos os seus interlocutores.
Boa diversão!
www.variacaolinguistica.wordpress.com
ASSALTANTE BAIANO
Ô meu rei… (pausa)
Isso é um assalto… (longa pausa)
Levanta os braços, mas não se avexe não… (outra pausa)
Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado.
Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa)
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado.
Não esquenta, meu irmãozinho, (pausa)
Vou deixar teus documentos na encruzilhada.
Isso é um assalto… (longa pausa)
Levanta os braços, mas não se avexe não… (outra pausa)
Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado.
Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa)
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado.
Não esquenta, meu irmãozinho, (pausa)
Vou deixar teus documentos na encruzilhada.
ASSALTANTE CARIOCA
Aí, perdeu, mermão
Seguiiiinnte, bicho
Tu te fu. Isso é um assalto
Passa a grana e levanta os braços rapá.
Não fica de caô que eu te passo o cerol…
Vai andando e se olhar pra trás vira presunto
Seguiiiinnte, bicho
Tu te fu. Isso é um assalto
Passa a grana e levanta os braços rapá.
Não fica de caô que eu te passo o cerol…
Vai andando e se olhar pra trás vira presunto
ASSALTANTE GAÚCHO
O gurí, ficas atento
Báh, isso é um assalto
Levanta os braços e te aquieta, tchê!
Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê.
Passa as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.
Báh, isso é um assalto
Levanta os braços e te aquieta, tchê!
Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê.
Passa as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.
ASSALTANTE MINEIRO
Ô sô, prestenção
issé um assarto, uai.
Levantus braço e fica ketin quié mió procê.
Esse trem na minha mão tá chein de bala…
Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje.
Vai andando, uai ! Tá esperando o quê, sô?!
issé um assarto, uai.
Levantus braço e fica ketin quié mió procê.
Esse trem na minha mão tá chein de bala…
Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje.
Vai andando, uai ! Tá esperando o quê, sô?!
ASSALTANTE PAULISTA
Ôrra, meu …
Isso é um assalto, meu
Alevanta os braços, meu .
Passa a grana logo, meu
Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra
Comprar o ingresso do jogo do Curintiá, meu . Pô, se manda, meu
Isso é um assalto, meu
Alevanta os braços, meu .
Passa a grana logo, meu
Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra
Comprar o ingresso do jogo do Curintiá, meu . Pô, se manda, meu
ASSALTANTE DE BRASÍLIA
Querido povo brasileiro, estou aqui no
horário nobre da TV para dizer que no final do mês, aumentaremos as
seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, Passagem de ônibus,
Imposto de renda, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório,
Gasolina, Álcool, IPTU, IPVA, IPI, ICMS, PIS, COFINS…
Paulo Jorge
sábado, 17 de janeiro de 2015
Luiz Costa Pereira Junior, editor da revista Língua Portuguesa, conta, na edição de dezembro do ano que findou, a origem do texto Lacraia, de Manoel de Barros. Veja:
“Em 2005, pedi a Manoel que me enviasse um texto sobre a sua relação com a palavra. Recusou-se a remeter o escrito via internet, que não era homem de lidar com essas coisas. Mandou, pelo correio mesmo, uma folha de papel almaço, ordenadamente datilografada e assinada, coberta pela tinta gasta da máquina, seus repuxos e saltitos de letra, o estilo refinado pela crueza de menino do mato.”
Na capa da revista, há uma chamada: “Manoel de Barros Em texto exclusivo, poeta conta como criou um verso imortal.”
Ótima Leitura!
Um trem de ferro com vinte vagões quando descarrila, ele sozinho não
se recompõe. A cabeça do trem ou seja a máquina, sendo de ferro não age.
Ela fica no lugar. Porque a máquina é uma geringonça fabricada pelo
homem. E não tem ser. Não tem destinação de Deus. Ela não tem alma. É
máquina. Mas isso não acontece com a lacraia. Eu tive na infância uma
experiência que comprova o que falo. Em criança a lacraia sempre me
pareceu um trem. A lacraia parece que puxava vagões. E todos os vagões
da lacraia se mexiam como os vagões do trem. E ondulavam e faziam curvas
como os vagões do trem. Um dia a gente teve a má ideia de descarrilar a
lacraia. E fizemos essa malvadeza. Essa peraltagem. Cortamos todos os
gomos da lacraia e os deixamos no terreiro. Os gomos separados como os
vagões da máquina. E os gomos da lacraia começaram a se mexer. O que é a
natureza! Eu não estava preparado pra assistir aquela coisa estranha.
Os gomos da lacraia começaram a se mexer e se encostar um no outro para
se emendarem. A gente, nós , os meninos, não estávamos preparados para
assistir aquela coisa estranha. Pois a lacraia estava se recompondo. Um
gomo da lacraia procurava o seu parceiro parece que pelo cheiro. A gente
como que reconhecia a força de Deus. A cabeça da lacraia estava na
frente e esperava os outros vagões se emendarem. Depois, bem mais tarde
eu escrevi este verso: Com pedaços de mim eu monto um ser atônito. Agora
me indago se esse verso não veio da peraltagem do menino. Agora quem
está atônito sou eu.
Paulo Jorge
“Em 2005, pedi a Manoel que me enviasse um texto sobre a sua relação com a palavra. Recusou-se a remeter o escrito via internet, que não era homem de lidar com essas coisas. Mandou, pelo correio mesmo, uma folha de papel almaço, ordenadamente datilografada e assinada, coberta pela tinta gasta da máquina, seus repuxos e saltitos de letra, o estilo refinado pela crueza de menino do mato.”
Na capa da revista, há uma chamada: “Manoel de Barros Em texto exclusivo, poeta conta como criou um verso imortal.”
Ótima Leitura!
Lacraia
Manoel de Barros
Abraços Fraternos!Paulo Jorge
domingo, 26 de outubro de 2014
Viva João Ubaldo Ribeiro!
Vez em quando aparecem no linguajar brasileiro excrescências como “elencar”, “focado”, “tipo assim” e outras de igual naipe. O nascedouro dessas construções tem origem diversa: podem vir, por exemplo, de empréstimos de outras línguas, de novelas e programas de tevês, da oralidade do dia a dia dentre outros. E a sua repetição excessiva pelos falantes e produtores textuais se dá, provavelmente, por uma visão torta de que, ao usar essas construções, o usuário estaria em um contexto interativo superior ao seu oponente. Nada mais enganoso! Na verdade, elas mais empobrecem do que enriquecem o repertório linguístico do seu usuário, pois, se é repertório, como podemos nos mover linguística e diariamente com um número tão reduzido de palavras?!
No texto que hoje postamos, reverenciando um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, o palavrão (fique à vontade para escolher o sentido que melhor lhe convier!) paralimpíadas é o mote para João Ubaldo apontar e disparar sua metralhadora afiada para os adeptos, repetimos, dessas excrescências linguísticas.
Que cretinice é essa? Que quer dizer essa palavra, cuja formação não tem nada a ver com nossa língua? Faz muitos e muitos anos, o então ministro do Trabalho, Antônio Magri, usou a palavra "imexível" e foi gozado a torto e a direito, até porque ele não era bem um intelectual e era visto como um alvo fácil. Mas, no neologismo que talvez tenha criado, aplicou perfeitamente as regras de derivação da língua e o vocábulo resultante não está nada "errado", tanto assim que hoje é encontrado em dicionários e tem uso corrente. Já o vi empregado muitas vezes, sem alusão ao ex-ministro. Infutucável, inesculhambável e impaquerável, por exemplo, são palavras que não se acham no dicionário, mas qualquer falante da língua as entende, pois estão dentro do espírito da língua, exprimem bem o que se pretende com seu uso e constituem derivações perfeitamente legítimas.
Por que será que aceitamos sem discutir uma excrescência como "paralimpíada"? Já li alguns protestos na imprensa e na internet, mas a experiência insinua que paralimpíada chegou para ficar e ter seu uso praticamente imposto. Ao contrário dos portugueses, parecemos encarar nossa língua com desprezo e nem sequer pensamos em como, ao abastardá-la e ao subordiná-la a padrões e usos estranhos a ela, vamos aos poucos abdicando até de nossa maneira de ver o mundo e falar dele, nossa maneira de existir. Talvez isso, no pensar de alguns, seja desejável, mas o problema é que, por esse caminho, nunca se chegará à identificação com o colonizador que tanto se admira e inveja, mas, sim, à condição cada vez mais arraigada de colonizado, que recebe tudo de segunda mão, até suas próprias opiniões e valores.
Mas há um pequeno consolo em presenciar esse tipo de vergonheira servil. Consolo meio torto, mas consolo. Refiro-me ao fato de que nossa crescente ignorância não se limita a estropiar nossa língua, mas faz o mesmo com idiomas que consideramos superiores em tudo, como o inglês. Hoje isto caiu em desuso, mas smoking já foi aqui "smocking" durante muito tempo. Assim como doping já foi "dopping". Quanto a este, assinale-se que o som, digamos fechado, do O, em inglês, foi trocado aqui por um som aberto, é o dópin. O mesmo tipo de fenômeno ocorreu com volley, cuja primeira vogal em inglês é aberta, mas em brasinglês é fechada e já entrou no português assim.
No setor de nomes próprios, a vingança é mais completa. Em primeiro lugar, transformamos os sobrenomes deles em prenomes nossos e enchemos o País de jeffersons, washingtons, edisons (aliás, em brasinglês, Edson, como Pelé), lincolns, roosevelts e até mesmo kennedys e nixons. E não perdoamos os contemporâneos. Não só trocamos o H por E em Elizabeth, como até hoje há publicações que se referem a Margareth Thatcher, ou à princesa Margareth. Esse nome nunca teve H no fim, mas aqui é assim não só em muitos jornais quanto no caso de nossas meninas, como atesta o exemplo da minha linda e talentosa conterrânea Margareth Menezes. E das Nathalies que assim foram batizadas em homenagem a Natalie Wood. E dos Phellipes, inspirados no príncipe Philip, das Daianes da Diane, a lista não acaba.
De maneira semelhante, também alteramos não somente a pronúncia, mas as regras gramaticais do inglês. Por exemplo, é quase unânime, entre todos os numerosos militantes do brasinglês, a convicção de que qualquer plural inglês terminado em S deve ter essa letra precedida de um asterisco. Acho que é barbada apostar que, em todas as cidades brasileiras de médias para cima, serão encontrados pelo menos uma placa e cinco cardápios anunciando "Drink's". É mais chique e até o Galeão, não há muito tempo, tinha armários (lockers) de aluguel, encimados pelo letreiro "Locker's", o que fazia os falantes de inglês entender que os armários eram propriedade de um certo Mr. Locker. No Galeão, aliás, gate (portão) já soou como gay tea (chá gay) e shuttle service (ponte aérea) como chateau service (o que lá seja isso). Agora mudou, mas to (para) deu para sair um prolongado tchuu, que, a um ouvido americano, há de soar como uma onomatopeia de espirro ou partida de maria-fumaça.
Mas, até mesmo por causa ("por causa", não, por conta; agora só se diz "por conta", vai ver que vem do inglês on account of) dessas paralimpíadas, receio que as contraofensivas nacionais não serão suficientes para neutralizar a subordinação de nossa cabeça, através do incalculável poder da língua. Acho que, coletivamente, aspiramos a essa subordinação. Tem sido muito lembrado o complexo de vira-lata de que falou Nélson Rodrigues. Pois é, é isso mesmo e é também caminho seguro para sermos vira-latas de verdade.
João Ubaldo Ribeiro
O Estado de São Paulo
Acesso em: 19 de julho de 2014, às 14h33
O Estado de São Paulo
Acesso em: 19 de julho de 2014, às 14h33
Abraços Fraternos!
sábado, 2 de agosto de 2014
Análise das Melhores Redações / ENEM 2010
A proposta de redação do ENEM / 2010 pedia que o candidato produzisse um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “O Trabalho na Construção da Dignidade Humana” e ofereceu os seguintes textos motivadores: “O que é trabalho escravo” (Disponível em: http://www.reporterbrasil.org.br. Acesso em: 02 set.2010 (fragmento), “O futuro do trabalho”, do filósofo e ensaísta suíço Alain de Botton, em seu novo livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda inédito no Brasil) e ainda a seguinte construção matemático-linguística:
Vejamos, a seguir, um exemplo de uma redação bem avaliada:
(Sem título)
O Brasil é um país que vem crescendo, principalmente nas últimas décadas. Essa crescente evolução traz uma tendência trabalhadora ao povo, que, por querer acompanhar o desenvolvimento, busca, cada vez mais, melhores empregos e salários, a fim de viver mais e melhor. Observa-se, nesse contexto, que o trabalho ganhou um valor de dignificação, já que, hoje, o fato de ter um emprego gera condições para uma boa vida.
Embora se observe esse grande desenvolvimento na nação brasileira, muitos defeitos permanecem inseridos nela. Alguns deles são a concentração de terras nas mãos de poucos e a enorme desigualdade social. Ambos favorecem a existência de pessoas que são obrigadas a se submeterem a trabalhos escravos, por exemplo.
Sabendo,
portanto, da importância do trabalho na vida das pessoas e dos
contrastes existentes no Brasil, deve-se tomar consciência de que o
governo precisa dar mais atenção aos menos favorecidos financeiramente.
Projetos sociais como o Bolsa Família ajudam, mas o que deve ser feito,
na verdade, é investir mais em educação, buscando, assim, erradicar a
miséria e a existência do trabalho desumano. Além disso, provavelmente,
uma reforma agrária contribuiria para diminuir a desigualdade social,
que é uma realidade que contribui para a existência desse tipo de
escravismo.
Análise da Redação
Parágrafo 1: O Tema
– O trabalho na construção da dignidade humana – aparece apresentado de
forma diluída no parágrafo o que já evidencia a competência frasal do
produtor textual. A Tese aparece muito bem construída
no último período do parágrafo introdutório: “Há, porém, aquelas pessoas
que, sem ter escolha, aceitam qualquer trabalho como forma de
sobrevivência, submetendo-se, assim, à desvalorização da sua
humanidade.”
Parágrafo 3: Inicialmente, a informação “... a concentração de terras nas mãos de poucos e a enorme desigualdade social.” parece fugir à ideia de trabalho na construção da dignidade humana; no entanto, a sua relação com o enunciado “Ambos favorecem a existência de pessoas que são obrigadas a se submeterem a trabalhos escravos, por exemplo.” elimina a possibilidade de fuga ao tema, estabelecendo uma perfeita relação de causa e consequência. Este, sim, é um bom argumento. Observe, também, que neste parágrafo aparece um desvio gramatical grave em “Alguns deles são a concentração de terras...” O verbo “ser” deveria estar no singular, pois este verbo prefere concordar com o Predicativo do Sujeito.
Parágrafo 4: Uma Conclusão um pouco alongada, o que evidencia uma inabilidade no uso da concisão, embora a Proposta de Intervenção apareça muito bem elaborada em “... mas o que deve ser feito, na verdade, é investir mais em educação, buscando, assim, erradicar a miséria e a existência do trabalho desumano.”
Com apenas dois argumentos – um bom e outro previsível –, um desvio gramatical grave e uma Conclusão muito alongada, à redação do candidato deveria ser creditada nota 7, no mínimo, e 8, no máximo.
Abraços,
Paulo Jorge
sábado, 26 de julho de 2014
Análise das Melhores Redações / ENEM 2009
O ENEM 2009 propôs ao candidato dissertar sobre o tema "O indivíduo frente à ética nacional", em, aproximadamente, trinta linhas, levando em consideração uma charge de Millôr Fernandes (Disponível em: http://www2.uol.com.br/millor. Acesso em 16 de setembro de 2013, às 13h10), um texto de Lya Luft, retirado da revista Veja, e outro de Contardo Calligares, publicado no site http://www1.folha.uol.com.br, ambos refletindo sobre indignação e corrupção.
Veja, a seguir, uma redação que obteve uma excelente pontuação, neste exame:
Lágrimas de crocodilo
O Brasil tem
enfrentado, com frequência, problemas sérios e até constrangedores,
como os elevados índices de violência, pobreza e corrupção – três
mazelas fundamentais que servem para ilustrar uma lista bem mais longa.
Porém, mesmo diante dessa triste realidade, boa parte dos brasileiros
parece não se constranger – e, talvez, nem se incomodar –, preferindo
fingir que nada está ocorrendo. Em um cenário marcado pela passividade, é
preciso que a sociedade se posicione frente à ética nacional, de forma a
honrar seus direitos e valores humanos e, assim, evitar o pior.
Muitos não percebem, mas esse panorama cria um paradoxo perverso: depois de tanto sangue derramado pelo direto de expressar opiniões e participar das decisões políticas, o indivíduo se cala diante da crise moral contemporânea. Nesse contexto, protestos se transformam em lamúrias, lamentações em voz baixa, que ninguém ouve – e talvez nem queira ouvir. Ou então em piadas, “ótimo” recurso cultural para sorrir e se alienar frente à falta de uma postura virtuosa. Assim, apesar de viver em um país democrático, o brasileiro guarda seus direitos – e os dos outros – no bolso da calça, pelo menos quando tem uma para vestir.
Para que o indivíduo não se dispa de sua cidadania, é preciso honrar o sistema democrático do país. Nesse contexto, o povo deve ir às ruas, de modo pacífico, para exigir uma mudança de postura do poder público. Além disso, a mobilização deve agir na direção de quem mais necessita, ajudando, educando e oferecendo oportunidades para excluídos, que vivem à margem da vida social, abaixo da linha da humanidade. Para tudo isso, entretanto, é preciso uma mudança prévia de mentalidade, uma retomada de valores humanos esquecidos, que só será possível com a ajuda da família, das escolas e até mesmo da mídia.
Por tudo isso, fica claro que o brasileiro deve parar de negar e de rir do evidente problema ético que enfrenta. Trata-se de questões sérias, cujas soluções são difíceis e demoradas, mas não impossíveis. Se a sociedade não se mobilizar imediatamente, chegará o dia em que as piadas alienadas e alienantes resultarão, para a maioria, em risadas de hiena. E, para a minoria privilegiada, imune – ou beneficiada? – à crise ética, restarão apenas olhos marejados.
Análise da Redação
Parágrafo 1:
Tópico frasal construído com muita competência. Observe que os três
períodos apresentam uma Introdução, um Desenvolvimento e uma Conclusão,
nos quais são apresentados o Tema da redação – "O indivíduo frente à ética nacional" – e a Tese
do autor sobre o tema “... é preciso que a sociedade se posicione
frente à ética nacional, de forma a honrar seus direitos e valores
humanos e, assim, evitar o pior.”
Parágrafo 2:
Começa o produtor textual a relacionar seus argumentos que irão embasar
sua Tese. E começando muito bem, pois busca em seu repertório cultural
uma informação histórica que enaltece o comportamento do brasileiro no
período ditatorial no País, emitindo uma comparação com os tempos
atuais.
Parágrafo 3:
Aqui, o candidato amplia sua reflexão sobre o comportamento do
brasileiro, apontando sua estranheza sobre a acomodação da sociedade
brasileira, numa época em que vivemos uma democracia plena.
Parágrafo 4: No
último parágrafo do Desenvolvimento, o produtor textual sugere qual
deve ser o comportamento político do brasileiro, além de já apresentar
sua visão humanista – fundamental na redação do ENEM! –, sobre o
problema, ao citar que “... a mobilização deve agir na direção de quem
mais necessita, ajudando, educando e oferecendo oportunidades para
excluídos, que vivem à margem da vida social, abaixo da linha da
humanidade.”
Parágrafo 5: Na Conclusão, outro exemplo de um perfeito Tópico Frasal apresentando sua Proposta de intervenção "Se a sociedade não se mobilizar imediatamente, chegará o dia em que as piadas alienadas e alienantes resultarão, para a maioria, em risadas de hiena." e um período finalizador construído com refinamento textual: “E, para a minoria privilegiada, imune – ou beneficiada? – à crise ética, restarão apenas olhos marejados.”
Acrescente-se o uso correto da variante padrão da Língua Portuguesa e, também, a precisão na construção da Coerência e da Coesão textuais.
Realmente, um texto merecedor de alta pontuação, haja vista que o ENEM exige dos candidatos competências relativas aos conteúdos disciplinares do Ensino Médio. É bom não esquecer!
Abraços,
Paulo Jorge
sábado, 19 de julho de 2014
Análise das Melhores Redações / ENEM 2008
O ENEM de 2008 pediu uma resposta para o seguinte enunciado: “Como preservar a floresta Amazônica”. Foram sugeridas três possibilidades:
1) suspender imediatamente o desmatamento;
2) dar incentivos financeiros a proprietários que deixarem de desmatar;
3) ou aumentar a fiscalização e aplicar multas a quem desmatar.
Inicialmente, vejamos uma redação sobre o tema que alcançou uma ótima pontuação:
(Sem título)
A floresta Amazônica vem sofrendo há muito
tempo com o desmatamento, problema que compromete a realização natural
do ciclo da água, prejudicando, assim, o funcionamento pleno deste
bioma. Desse modo, é necessário preservar tal ambiente; e uma das
maneiras de fazê-lo é a efetivação de pagamentos a proprietários de
terra a fim de que parem de desmatar a floresta. Contudo, não se deve
executar apenas esta ação.
O cumprimento de tal atitude pode, sim,
diminuir o índice de desmatamento da Amazônia, já que os proprietários
de terra podem utilizar este pagamento para suas necessidades ao invés
do lucro que eles ganhariam se estivessem explorando os recursos
naturais de forma exorbitante, o que significa que, pelo menos
teoricamente, o padrão de vida desses indivíduos não seria alterado.
Por outro lado, há uma enorme probabilidade
de que, mesmo recebendo dinheiro, alguns proprietários de terra
continuem devastando a floresta para enriquecerem mais rapidamente, o
que, com certeza, é uma evidência concreta da sociedade capitalista e
ambiciosa contemporânea. Afinal, isto mostra que certas pessoas se
preocupam apenas consigo mesmas, sem se importarem com o meio ambiente.
Além disso, devido à extensão territorial
do Brasil, a verba enviada aos latifundiários da Amazônia pode não
chegar a essa região, fazendo com que eles permaneçam desmatando-a.
Outro motivo relevante para a ocorrência de tal evento é o fato de,
infelizmente, existirem muitos corruptos neste país, os quais roubam
parte do dinheiro.
Diante da problemática em questão, é
indispensável que os ambientalistas promovam manifestações pacíficas que
tenham como objetivo a conscientização dos adultos e do governo para
que ambos compreendam que é necessária a preservação ambiental, pois só
assim as gerações futuras terão meios de extrair da natureza o que é
essencial para a sobrevivência.
Análise da Redação
Parágrafo 1: O produtor
textual atendeu plenamente à proposta de redação, pois escolheu a
segunda alternativa, ou seja, defendeu a ideia de “… dar incentivos
financeiros a proprietários que deixarem de desmatar;” e colocou no
parágrafo inicial do texto. Ao mesmo tempo em que defende sua tese em
relação a sua escolha: “Desse modo, é necessário preservar tal ambiente;
e uma das maneiras de fazê-lo é a efetivação de pagamentos a
proprietários de terra a fim de que parem de desmatar a floresta.”
Construção perfeita da Introdução.
Parágrafo 2: Para defender
sua tese, o candidato apresenta seu primeiro e bom argumento “… já que
os proprietários de terra podem utilizar este pagamento para suas
necessidades ao invés do lucro que eles ganhariam se estivessem
explorando os recursos naturais de forma exorbitante…” com um Tópico Frasal constituído de Introdução, Desenvolvimento e Conclusão – nessa ordem, o que demonstra competência na progressão frasal.
Parágrafo 3: Aqui, o
candidato faz uma contra-argumentação correta ao argumento citado: “Por
outro lado, há uma enorme probabilidade de que, mesmo recebendo
dinheiro, alguns proprietários de terra continuem devastando a floresta
para enriquecerem mais rapidamente…”
Parágrafo 4: Neste
parágrafo, o candidato falha, pois apresenta mais duas
contra-argumentações o que prejudica a defesa de sua tese. Defender um
ponto de vista apresentando apenas um argumento e três
contra-argumentações é demonstrar inconsistência argumentativa.
Parágrafo 5: Chama à
atenção negativamente, o fato de o candidato citar “manifestações
pacíficas” em sua proposta de intervenção, uma vez que não houve
referência a elas ao longo do texto.
Sem dúvida uma redação acima da média, com
correção no uso da variante padrão da língua e coesão perfeitas, embora
um pouco fragilizada pela engenharia argumentativa.
Abraços,
Paulo Jorge
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